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Artes

Biógrafo lamenta que Manoel de Barros seja ignorado em MS

Por mais de cinco anos, o escritor Gustavo de Castro mergulhou na vida e na obra do poeta mais vendido do País

Por Clayton Neves | 19/09/2025 10:07
Biógrafo lamenta que Manoel de Barros seja ignorado em MS
Poeta, escritor, jornalista, antropólogo e professor na Universidade de Brasília, Gustavo falou com o público na Feira Literária de Bonito. (Foto: Luana Chadid)

Por mais de cinco anos, o escritor Gustavo de Castro mergulhou na vida e na obra de Manoel de Barros. Além de um material biográfico, ele tem uma visão crítica sobre o poeta sul-mato-grossense que reinventou a linguagem e, na visão do escritor, ele foi pouco celebrado no Estado onde viveu até morrer.

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Manoel de Barros, poeta sul-mato-grossense aclamado nacionalmente, teve sua vida e obra investigadas pelo escritor Gustavo de Castro. A biografia revela um paradoxo: apesar do reconhecimento em âmbito nacional, Barros foi pouco celebrado em seu estado natal. Castro destaca o desapego material de Barros, que mesmo milionário, cultivava uma vida simples, a ponto de usar roupas de pessoas falecidas. O biógrafo aponta barreiras políticas e culturais como responsáveis pela falta de reverência local. Enquanto a grande mídia nacional celebrava o poeta, importantes veículos de comunicação e instituições culturais de Mato Grosso do Sul o ignoravam. A pesquisa de Castro lamenta a perda da oportunidade do estado em homenagear um dos poetas mais vendidos do Brasil.

Poeta, escritor, jornalista, antropólogo e professor na Universidade de Brasília, Gustavo se debruçou sobre a poesia, mas também sobre a vida discreta de Manoel. Alguém que mesmo cercado de fortuna, escolheu viver com simplicidade.

“Eu acho que o Manoel era desprendido de riqueza mesmo sendo um milionário. Isso é curioso porque ele era dono de fazendas, dono de avião, de bois, e tinha uma postura diante da vida de desapego, desprendimento. De desimportância mesmo, no sentido de desimportância existencial”, diz Gustavo.

Esse traço, segundo ele, foi o que mais o encantou. “Apesar de poder ser vaidoso, ele era um sujeito que vestia a roupa de defuntos. Ele dificilmente comprava roupa, pegava roupa de pessoas mortas para usar. Então tinha um desprendimento dele que me sensibilizou bastante”, avalia.

Alguns críticos já apontaram para esse perfil quase franciscano de Manoel de Barros. Gustavo lembra que o poeta foi descrito como “um hiper são franciscano”, justamente por cultivar esse desapego, recusando status e glórias.

Mas se o poeta foi celebrado nacionalmente, na visão do escritor, em Mato Grosso do Sul o reconhecimento demorou. “O fato dele ter sido tão pouco valorizado em Campo Grande, aqui no Mato Grosso do Sul, me chamou a atenção. Folha de São Paulo falando dele, Estadão falando dele, Globo falando dele, e aqui no Estado não falavam dele. Eu pensei: ‘Mas o que que acontece?’”, questiona.

O escritor ainda diz que encontrou barreiras políticas e culturais que explicam a ausência de reverência local. “Era um empresário da comunicação, dono de um jornal poderoso, tinha uma relação com a Academia de Letras, com o Instituto Histórico, e não davam bola para ele. De certa forma esse grupo o excluiu”, analisa.

O contraste, para Gustavo, é marcante. “Foi interessante ver como um poeta que mais vendeu poesia no Brasil não repercutia em Mato Grosso do Sul. A gente perdeu a oportunidade de reverenciar um grande escritor”, finaliza.

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