Cinema ao ar livre leva histórias para comunidade quilombola de Bonito
Uma tela de cinema sob o céu aberto, cadeiras dispostas na terra batida e moradores reunidos para assistir a histórias que falam sobre identidade, resistência e ancestralidade. Esse é o cenário que o projeto Olubayo – Cinema nas Comunidades Quilombolas levará a diferentes quilombos do Mato Grosso do Sul, começando neste sábado (1º) pela Comunidade Negra Rural Quilombola Águas do Miranda, em Bonito.
A iniciativa, criada pelo grupo TEZ (Trabalho Estudos Zumbi), propõe mais do que exibições de filmes: busca aproximar as comunidades do audiovisual produzido por cineastas negros, promovendo reflexões e debates sobre questões históricas e sociais. “Quando o cinema chega até os quilombos, ele não só diverte, mas reafirma uma história de luta e ancestralidade. A comunidade se vê, se reconhece e se fortalece por meio dessas narrativas”, explica Bartolina Ramalho Catanante, a professora Bartô, uma das idealizadoras do projeto.
A programação conta com cinco curtas-metragens dirigidos por cineastas negros, incluindo produções nacionais e sul-mato-grossenses. Entre eles, Águas, de Raylson Chaves, que aborda a trajetória de uma mulher negra desafiando o peso da exaustão histórica imposta às suas antepassadas. “Possibilitar que as pessoas vejam a Dona Janice romper com a ideia de que mulheres negras precisam se dedicar ao trabalho incansavelmente é potente e transgressor”, comenta Chaves.
Além de Águas, serão exibidos Fábula da Vó Ita, de Joyce Prado, Bonita, de Mariana França, Luzes Debaixo, de Tero Queiroz, e Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha, de Daphyne Schiffer. As sessões serão seguidas de debates com os moradores, criando um espaço para compartilhar vivências e resgatar memórias coletivas.
A ação marca também os 40 anos do grupo TEZ, organização pioneira do movimento negro no Mato Grosso do Sul, fundada em 1985.
A exibição será no dia 1º de fevereiro, na Comunidade Quilombola Águas do Miranda, em Bonito, às 19h, e a entrada é gratuita.
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