ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, DOMINGO  10    CAMPO GRANDE 23º

Artes

Exposição mostra horrores do fogo que devastou Pantanal em 2020

Obras estão disponíveis no Memorial do Homem Pantaneiro durante o Festival América do Sul Pantanal

Liana Feitosa | 27/05/2022 15:27
Jacaré morreu em agonia pelo fogo no Pantanal. (Foto: José Medeiros)
Jacaré morreu em agonia pelo fogo no Pantanal. (Foto: José Medeiros)

Como parte do Festival América do Sul Pantanal, o Memorial do Homem Pantaneiro promove exposição fotográfica, lançamento de livro e exibição de filmes até domingo (29). No espaço, o público pode conferir o projeto Pantanal+10, com a exposição “Céu e Inferno em Terras Alagadas”, que retrata o bioma e sua destruição nos últimos anos, especialmente a devastação causada pelo incêndio que atingiu o Pantanal em 2020. Os registros são do fotógrafo José Medeiros, que também lança um livro de mesmo nome. A entrada é gratuita.

Fotógrafo José Medeiros retrata Pantanal há anos e, em 2020, registrou devastação causada por incêndios. (Foto: Arquivo pessoal)
Fotógrafo José Medeiros retrata Pantanal há anos e, em 2020, registrou devastação causada por incêndios. (Foto: Arquivo pessoal)

Tragédia - Medeiros documenta o Pantanal há 30 anos e se surpreendeu com os estragos causados pelo fogo, pela ação do homem e pela seca na planície alagada em 2020 e 2021.

"Retratar o Pantanal dessa forma foi uma das coisas mais tristes que eu já fiz, e olha que já fotografei muito por aí. Mas documentar esse grande incêndio, esse fogo descontrolado, foi muito impactante. Eu também estava combatendo o fogo, não apenas registrando, fui para o front, bem no olho do furacão, e era uma coisa insana. Não tinha controle desse fogo, costumo falar que parecia que ele brincava com a gente", relata o fotógrafo ao Campo Grande News.

“Nunca me deparei com uma seca tão grande na região nesses últimos anos. A luta pela sobrevivência é constante, muitos não conseguem”, afirmou em suas redes sociais ao exibir fotos dessa realidade. As fotos dele rodaram o Brasil e o mundo em 2020 expondo a gravidade dos incêndios que assolaram o bioma.

Registro de expositor mostra carcaça de jacaré que morreu queimado no Pantanal. (Foto: José Medeiros)
Registro de expositor mostra carcaça de jacaré que morreu queimado no Pantanal. (Foto: José Medeiros)

De acordo com o fotógrafo, o livro "Céu e inferno em Terras Alagadas” é a primeira publicação do projeto Pantanal+10, um projeto de longo prazo cuja primeira etapa está apresentada na exposição, com foco na retratação da destruição do Pantanal ocorrida em 2020 causada por incêndios e o período de seca em 2021.

Missão - "Estando lá (no incêndio), percebi que precisava fazer com que essa realidade ecoasse, daí veio essa ideia de trabalhar esse projeto Pantanal +10 para documentar o Pantanal durante 10 anos, registrar o que foi essa grande seca e mostrar o que está acontecendo com o Pantanal, o que temos feito com ele, como a gente está caminhando", detalha Medeiros.

Hoje (27), amanhã (28) e domingo (20) também será exibido o documentário “Fogo e Fé”, um curta-metragem produzido por ele com depoimentos dos pantaneiros sobre esses acontecimentos que foram classificados como a maior tragédia ambiental no Pantanal. As exibições serão sempre às 18h30.

Ao olhar rapidamente, parece a imagem de um belo pôr do sol no Pantanal, mas é o fogo queimando o Cerrado. (Foto: José Medeiros)
Ao olhar rapidamente, parece a imagem de um belo pôr do sol no Pantanal, mas é o fogo queimando o Cerrado. (Foto: José Medeiros)

Livro - Além do documentário, o fotógrafo também promove seu livro “Céu e Inferno em Terras Alagadas”. O lançamento da obra acontece hoje, às 19h30, e dá a oportunidade para que os visitantes levem para casa alguns dos retratos da exposição.

Emoção - Para o fotógrafo, ver de perto o que aconteceu com o Pantanal em 2020 foi assustador. "Imagina você andar nesse silêncio. Depois do fogo, vem um silêncio, um silêncio enorme. Aí você começa a andar por essas cinzas e começa a encontrar animais. De repente você se depara com um jabuti queimado, que até parece o capacete de um soldado no chão porque parece cenário de guerra. É um cenário de guerra", narra.

"Você anda mais um pouco e vê um jacaré que morreu de boca aberta, morreu como se estivesse soltando um grito de socorro. Uma árvore morreu queimada e chegou a envergar, como se quisesse dizer: deu pra mim, consegui chegar até aqui, não consegui ir além disso pela ignorância humana", compartilha Medeiros.

Para ele, a exposição e o livro são iniciativas para que mais pessoas conheçam a realidade da planície alagada. "Esse trabalho é para que mais pessoas se envolvam com o Pantanal, mais pessoas sejam pantaneiras. O Pantanal não é só para quem nasce lá, é quem escolhe ele, é para quem escolhe defender esse lugar. Que a gente possa contagiar mais pessoas com isso", finaliza.

Onde - O Memorial do Homem Pantaneiro, uma iniciativa do IHP (Instituto do Homem Pantaneiro), fica no prédio Vasquez & Filhos, na Ladeira José Bonifácio, 171, no Porto Geral, em Corumbá. Até domingo, o público pode visitar o espaço das 16h às 21h.

Confira a galeria de imagens:

  • Foto: IHP/Divulgação.
  • Foto: IHP/Divulgação.
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
  • Foto: José Medeiros
Nos siga no Google Notícias