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Artes

O Natal pantaneiro de Manoel de Barros e as homenagens aos seus 109 anos

Escolas e universidades celebram legado de Manoel de Barros em seu 109º aniversário

Por Thailla Torres | 19/12/2025 08:04
O Natal pantaneiro de Manoel de Barros e as homenagens aos seus 109 anos
Bosco destacou aos alunos que Manoel se manifestava mais pelo afeto do que por gestos grandiosos

Poesia, arte, palestras e rodas de conversa marcaram, ao longo do mês de dezembro, as homenagens aos 109 anos de nascimento de Manoel de Barros. A programação passou por escolas, universidades, espaços culturais e ambientes virtuais, encerrando-se no Museu Casa Quintal Manoel de Barros, em Campo Grande, em sintonia com o espírito leve e afetivo que marcou a obra do poeta.

RESUMO

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As celebrações dos 109 anos de nascimento de Manoel de Barros foram marcadas por eventos culturais em Campo Grande e outras cidades. A programação incluiu palestras, exposições e rodas de conversa em escolas, universidades e espaços culturais, culminando no Museu Casa Quintal Manoel de Barros.O jornalista Bosco Martins, que conviveu com o poeta por décadas, compartilhou memórias e reflexões sobre a obra do escritor. Em suas palestras, destacou o espírito generoso e afetivo de Manoel, sua relação com a ética e a linguagem, além da importante participação de sua esposa Stella, que foi leitora crítica de seus trabalhos por quase 60 anos.

Para o jornalista e escritor Bosco Martins, que conviveu com Manoel por décadas, o poeta carregava algo permanente do Natal. “Conheci em Manoel de Barros um espírito permanentemente natalino, que brincava dizendo ser um espírito manoelino. Nele reinavam a generosidade e uma alegria mansa que iluminava o entorno”, afirmou. Segundo Bosco, Manoel transmitia amor, paz, união e esperança não como discurso, mas como modo de viver.

Bosco destacou que Manoel se manifestava mais pelo afeto do que por gestos grandiosos. “Seu maior atributo era o amor ao próximo. O Nequinho que conheci era um ser imenso em empatia e generosidade, dono de um sorriso largo e do dom raro de ser excelente companhia”, contou.

O depoimento faz parte de uma palestra ministrada por Bosco Martins no Colégio Oswaldo Tognini (Funlec), para cerca de 300 alunos do 5º ano. As crianças celebraram o poeta com desenhos e produções poéticas inspiradas em sua obra. Bosco é autor do livro Diálogos do Ócio e acompanha há anos o contato de crianças e adolescentes com a literatura de Manoel de Barros.

Outras escolas públicas também participaram das homenagens. Na Escola Municipal Oliva Enciso, por exemplo, foi montada uma exposição com versos, desenhos, objetos e móveis ligados ao cotidiano do poeta, recriando ambientes como o sofá da sala e a escrivaninha do chamado “escritório de ser inútil”.

Durante os encontros, Bosco compartilhou aprendizados pessoais. “Com ele aprendi que é preciso servir para depois se tornar rei; respeitar a natureza, entendendo que tudo é vida; e perceber que a raiva empobrece”, disse, arrancando risos dos estudantes ao lembrar uma frase famosa do poeta: “Pau seco e gente besta dá em tudo quanto é canto”.

Ao longo de novembro e dezembro, Bosco também participou de palestras, debates, rodas de conversa e entrevistas em rádios, escolas e encontros virtuais promovidos por instituições como a UNIRIO e a UFRJ.

Na quarta-feira (17), uma roda de conversa virtual promovida pelo Observatório do Livro de Ribeirão Preto reuniu integrantes de clubes de leitura de várias regiões do país. No encontro, Bosco falou sobre temas centrais da obra de Manoel de Barros, como ética, linguagem, infância e convivência.

Ele relembrou o episódio em que Manoel abandonou a advocacia por se recusar a “inventar uma mentira” para defender um cliente. “Existe a invenção que aprisiona e a invenção poética, que liberta. Para Manoel, poesia e ética vinham da mesma fonte”, afirmou.

Bosco também citou a ideia dos “dois Manoéis”: o homem que morreu em 2014 e o “Manoel das palavras”, que permanece vivo na obra. “A saudade do homem se ameniza quando voltamos aos versos”, disse.

Outro ponto destacado foi o papel de Stella, companheira do poeta por quase 60 anos. Leitora rigorosa, ela só autorizava a publicação dos livros quando sentia que o texto estava pronto. “Às vezes ela dizia: ‘Ainda não é você’. E Manoel voltava a escrever”, relembrou.

Para Bosco, Manoel fazia uma distinção clara entre velhice e “velhez”. “Infância, para ele, era um estado de linguagem, não de idade. Velhez é o que sufoca. A arte e a educação são forças que nos mantêm respirando”, explicou.

Mesmo diante das transformações do mundo digital, Bosco avalia que a poesia de Manoel de Barros segue conquistando leitores, especialmente entre os jovens. “Os versos continuam fortes, mesmo quando migram do papel para as telas”, afirmou.

Programação cultural

As homenagens também incluíram o evento “Na ponta do meu lápis tem apenas nascimento”, realizado em novembro na UNIRIO, no Rio de Janeiro, reunindo pesquisadores e estudiosos da obra do poeta. Encontros semelhantes têm ocorrido em feiras, exposições, projetos de leitura, na Bienal Pantanal e em espetáculos culturais como o projeto Crianceiras, que transforma poemas em música.

As celebrações se encerram nesta sexta-feira (19), data de nascimento de Manoel de Barros, no Museu Casa Quintal Manoel de Barros. O evento acontece das 19h às 22h, com programação que inclui música, poesia e artes visuais.

Colaborou o jornalista Bosco Martins

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