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Comportamento

Agulha é liberdade para 23 mulheres que tentam vencer dor e violência

Curso é realização de sonho e oportunidade de uma vida melhor para quem sofreu violência doméstica

Jéssica Fernandes | 30/03/2022 08:26
Elas concluíram o curso de corte e costura proporcionado pela Aciesp (Associação de Capacitação e Instrução de Economia Solidária do Povo). (Foto: Janete Maroli)
Elas concluíram o curso de corte e costura proporcionado pela Aciesp (Associação de Capacitação e Instrução de Economia Solidária do Povo). (Foto: Janete Maroli)

Emoção, superação dos obstáculos e orgulho em realizar um sonho resumem a noite de terça-feira (29) vivenciada por 23 mulheres. Na ocasião, elas concluíram o curso de corte e costura proporcionado pela Aciesp (Associação de Capacitação e Instrução de Economia Solidária do Povo) e celebraram a formatura na presença de amigos e familiares.

A instituição é voltada para atender vítimas de qualquer tipo de violência ou em condição de vulnerabilidade social. A ONG (Organização Não governamental) iniciou as atividades há 13 anos na Capital e, desde então, atendeu mais de cinco mil pessoas.

A responsável por criar a Aciesp é Ceurecy Santiago Ramos, de 48 anos, que durante anos, sofreu violência doméstica. “Meu casamento durou 19 anos e desse relacionamento, tive três filhos, mas chegou num ponto que quase foi ceifada a minha vida”, expõe.

Ceurecy fala sobre o começo da instituição e serviços prestados. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ceurecy fala sobre o começo da instituição e serviços prestados. (Foto: Arquivo Pessoal)

Após terminar a relação e superar toda a violência sofrida, Ceurecy decidiu criar a instituição para prestar assistência a pessoas que vivenciaram a mesma situação que a dela. “Como não tive apoio do poder público e da Justiça, decidi abrir uma ONG para ajudar mulheres que, assim como eu, sofreram violência e não têm apoio”, explica.

No espaço, as mulheres recebem assistência psicológica e jurídica, além de terem acesso há 17 cursos profissionalizantes em diferentes áreas. A fundadora relata que, apesar dos esforços prestados pela associação, é necessário ter um trabalho de base. “Não adianta a gente tentar amenizar uma coisa que deve começar lá na raiz, na família, escolas e unidades de saúde. É necessário fazer um trabalho que comece lá embaixo”, enfatiza.

A formatura - Realizado no Bosque Expo, a formatura contou com a presença das 23 mulheres que concluíram o curso de corte e costura. Entre as formandas, estava Nivia Cardoso Pierri Figueiredo, de 45 anos, que sempre sonhou em aprender a costurar.

Nivia comenta sobre o curso de corte e costura. (Foto: Arquivo Pessoal)
Nivia comenta sobre o curso de corte e costura. (Foto: Arquivo Pessoal)

Assim como muitas das pessoas que passaram pela Aciesp, Nivea também teve uma trajetória marcada pela violência e a dor. Em fevereiro de 2019, ela enterrou o filho e o marido que foram mortos a tiros no Portal Caiobá. O caso do duplo homicídio e o motivo do crime foram noticiados no Campo Grande News.

No mesmo ano, Nivia procurou a ONG onde já realizou diversos cursos, como crochê, bordado e EVA. Devido ao valor do curso de corte e costura, ela nunca conseguiu aprender o trabalho antes. “Foi um lugar onde tive a oportunidade, porque sempre foi o meu sonho, mas não tinha condições de pagar. Eu não sabia nem por uma linha na agulha e agora, já consigo mexer na máquina”, comenta.

Animada com o certificado e a possibilidade de ter uma renda com as peças produzidas, Nivia comemora a conclusão de mais uma etapa. “Essa é a primeira vez que me formo, porque nunca tive a oportunidade. É uma emoção, o coração está acelerado, é uma felicidade muito grande”, conclui. Em breve, ela planeja fazer mais um curso para aprender a confeccionar enxovais de bebê.

Em julho, as mulheres atendidas pela ONG e que possuem o certificado irão trabalhar no ateliê que está sendo montado no Shopping Bosque dos Ipês. No local, os trabalhos desenvolvidos estarão disponíveis para aquisição do público.

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