Aos 59 anos, Ivone só escuta K-pop e já viu mais de 300 doramas
Ivone foi apresentada ao universo asiático por uma neta e hoje só ouve K-pop e já assistiu mais de 300 doramas
Na casa da Ivone Alves, de 59 anos, o que embala os dias não são novelas brasileiras, nem músicas antigas que tocam no rádio. Por lá, o que rola é K-pop no último volume e maratonas de doramas que atravessam madrugadas. Prestes a completar 60 anos, ela é dorameira e kpopper assumida, e prova com orgulho que não existe idade para ser fã.
“Eu sou uma sessentona que me sinto com 30. Eu não me vejo com a idade que tenho, até porque eu gosto de tudo que é de jovem. Eu gosto de correr de carro, eu gosto de K-pop, eu gosto dessas coisas que as pessoas da minha idade geralmente não fazem”, explica.
Tudo começou com a neta Ana Clara, hoje com 21 anos, que apresentava para a avó suas bandas favoritas, como BTS. Mas a faísca virou fogo mesmo quando Ivone ouviu, por acaso, uma música do grupo The Rose. “Nossa, eu amei aquela música. Cheguei em casa e fui pesquisar. Dali pra frente foi só ladeira abaixo, ou melhor, ladeira acima, porque aí vieram os doramas”, brinca.
A paixão pelos dramas asiáticos cresceu tanto que ela já perdeu as contas de quantos assistiu. “Eu tinha uma lista. Até onde marquei foram 312 doramas. Mas o aparelho quebrou e perdi tudo”, lamenta. Ainda assim, ela guarda na memória os favoritos. “Pousando no Amor foi o que mais me emocionou. Fala de um amor entre uma norte-coreana e um sul-coreano. Chorei do nono ao 16º episódio. Cheguei a ficar 18 horas na frente da TV”, lembra.
Entre os queridinhos também estão Herdeiros, A Vingança do Casamento Perfeito, A Esposa do Meu Marido e Quando o Telefone Toca. O critério de Ivone é claro: “Se não tiver romance, não me prende”, revela.
Ivone acompanha as estreias em todas as plataformas, inclusive, assina uma dedicada exclusivamente a conteúdos asiáticos. “Minha casa tem 50 metros quadrados, e eu tenho uma TV de 50 polegadas no quarto e outra na sala. É dorama o tempo todo”, conta. “Assisto três, quatro ao mesmo tempo. Quando um episódio novo sai, já corro atrás do próximo”, relata.
Mas não é só com os enredos românticos que Ivone se conecta. A trilha sonora dos doramas virou trilha da vida real. O som da casa é exclusivamente o K-pop. “Hoje eu não ouço outro tipo de música. Comprei uma Alexa, troquei o som do carro, tudo para ouvir K-pop. Só ouço isso”, diz.
Entre os grupos favoritos estão BTS, Stray Kids, EXO e BlackPink. Embora a neta tenha apresentado o universo coreano, é Ivone quem mantém a chama acesa. “Ela estuda, trabalha, faz academia. Não tem mais tempo. Eu tenho. Então hoje sou mais eu”, conta.
Apesar da alegria ao ouvir as músicas e assistir as produções asiáticas, Ivone conta que nem todo mundo entende essa paixão. “As pessoas me acham doida. Existe preconceito, sim, principalmente por causa da minha idade. Mas eu não me importo com a opinião alheia”, garante.
Para Ivone, a cultura asiática veio em um momento delicado da vida e transformou tudo. “Quando conheci o The Rose eu estava numa depressão terrível, me sentindo triste. Quando comecei a ouvir as músicas e assistir doramas isso mudou. O mundo pode estar acabando lá fora, mas quando ligo a TV, eu tô no céu, tô no paraíso”, confessa.
Hoje, a kpopper conta que descobriu que na vida o que realmente importa é estar viva de verdade. “Eu falo para quem tá naquela depressão, pra quem tá sozinho, viúvo, com os filhos fora de casa: começa a assistir doramas. A vida é outra”, finaliza.
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