Após câncer e ansiedade, cozinheiro trocou panelas por discos de vinil
Abrir uma loja de discos não estava nos sonhos de Roney Hudson Valentim, de 53 anos. Depois de 20 anos no comando de uma lanchonete com a família, um câncer no intestino e crises de ansiedade, a vida empurrou o cozinheiro para longe das panelas e para mais perto dos toca-discos que ele tanto curtia.
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O salto de profissão pode até parecer aleatório, mas ele quis voltar para um lugar de conforto onde pudesse recomeçar a vida de um jeito mais tranquilo. “Eu e minha família trabalhamos por 20 anos lá no centro e, na covid, tive câncer, precisei passar por uma cirurgia. Quando me recuperei, fui fazer um curso de cozinha. Aí vi que não estava mais conseguindo, era muito puxado, exigia muito. Na lanchonete eu mais ajudava na cozinha.”
Roney até tentou seguir no negócio da família, abriu uma lanchonete só dele, mas não deu certo. As coisas estavam “sem graça”. Foi aí que o curso de culinária entrou na vida dele. O empreendedor chegou a exercer por um tempo os trabalhos em uma cozinha de hotel. De novo, não era o que ele buscava na vida.
“Exerci por um tempo, aí fiquei um tempo parado, tive crises de ansiedade. Pensei que precisava fazer algo, passar o tempo e ganhar dinheiro. Eu já via os discos nas feiras e há um ano vinha pensando em abrir uma loja deles. O nome Resistência vem do disco ‘Resistir ao Tempo’.”
Morando próximo da Avenida Euler de Azevedo, onde a pequena loja fica, ele se divide entre o negócio e os cuidados com a mãe.
“Eu sempre gostei de discos. Na cozinha ficava muito tempo em pé. Queria algo que pudesse descansar e melhorar meu horário, que fosse algo que gostava. Vi na internet um cara que mostrava os discos, comentava sobre eles. Aí veio o ‘boom’ na minha cabeça. Nos anos 80 eu fui colecionador e tem coisa que já conhecia. Parece que voltou com tudo o vinil. Vi que aqui tinha pouca loja e resolvi investir.”

A loja abriu há três meses, ainda no embalo tímido. Os preços vão de R$ 20 a R$ 450, dependendo da raridade e do estado da peça. “Tenho Pink Floyd, Milton Nascimento, Elis e Tom Jobim, Rita Lee. Se a capa está boa e o disco sem risco, pode chegar a R$ 400, R$ 450. Se estiver perfeito, vale até mais. E aqui a gente testa na hora”, garante.
Entre relíquias de rock e blues dos anos 60 e 70, aparece também a surpresa: “Esses dias entrou uma menina de 15 anos perguntando se eu tinha Chico Buarque. Fiquei chocado.”
Esperançoso de que o empreendimento prospere, Roney não quer muito, apenas viver com calma. “Agora é tudo mais digital, antes era o CD. O analógico muita gente não quer pegar e escutar. É um trabalho colocar, virar o disco. Uma pena para quem não conhece ou gosta, porque eu adoro.”
A loja fica na Avenida Euler de Azevedo, 37.
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