Brigadista chora com cartinha: “vocês são a vida do Pantanal”
Patrocínio integra a base de Corumbá; após sair da Marinha, decidiu que iria enfrentar o fogo
“[...] Não desista. Que Deus abençoe vocês. Vocês são a vida do Pantanal”. Aos 50 anos, o brigadista Ruberval Dimas Patrocínio não conseguiu conter a emoção lendo uma mensagem de apoio especial que chegou à base do Prevfogo em Corumbá. Desta vez, uma das crianças que integram a rede municipal de ensino da cidade é que encheu os olhos do militar da reserva da Marinha que decidiu, há sete anos, combater o fogo.
RESUMO
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O brigadista Ruberval Dimas Patrocínio, de 50 anos, se emociona ao receber uma carta de uma criança que faz parte de um projeto educacional sobre os incêndios no Pantanal. A carta demonstra a conscientização das crianças sobre a importância de proteger o bioma e o trabalho dos brigadistas. Patrocínio, que dedicou sua vida à proteção da natureza, acredita que a conscientização das futuras gerações é crucial para a preservação do meio ambiente e se sente motivado pelo apoio das crianças. Ele ressalta a importância de combater a indiferença, o comodismo e a ignorância em relação aos incêndios e outros problemas ambientais.
A cartinha recebida integra um projeto educacional que começou em 2018, por isso, vira e mexe, mensagens das crianças são enviadas aos profissionais dedicados a enfrentar os incêndios no Pantanal. Para contextualizar todo esse trabalho: até o dia 13 de outubro, 2.414.075 hectares do bioma como um todo já haviam sido queimados.
Graças aos projetos que envolvem a parte educacional, as crianças e adolescentes estão a par do assunto. Foi assim que a cartinha chegou.
“Eu agradeço o Ibama e o Prevfogo por apagarem o fogo do Pantanal. Muito obrigada por estarem apagando o fogo que está acabando, quase, com nosso Pantanal. Muitos animais estão morrendo queimados. As aves estão morrendo por causa da seca no bioma pantaneiro. Então, não desista. Que Deus abençoe vocês. Vocês são a vida do Pantanal”, diz a carta na íntegra.
Parte dos 429 profissionais do Ibama que estão atuando na região, Patrocínio é líder de brigada e começou sua história de dedicação à natureza quando ainda era pequeno e de uma forma muito simples. Mineiro, ele conta que a família morava perto de um rio.
Na época, o solo era bastante pobre e o medo era de que, por não haver estabilidade, a enchente levasse sua casa embora. “Então, começamos a nos proteger plantando árvores. Ainda não existia o conceito de agrofloresta, mas era o que fazíamos lá. Pegávamos sementes pela calçada e levávamos até o aterro”.
A estratégia deu tão certo que, além de enriquecer o solo, a família começou a ver macacos passando pelas árvores 20 anos depois. Sem nunca ter esquecido essa bagagem, Patrocínio entrou na Marinha e, vez ou outra, apoiava o Prevfogo em algumas ações.
Foi assim que decidiu integrar o Ibama quando fosse enviado para a reserva militar. No início, o foco em sua mente era combater o fogo, mas o tempo e experiência mostraram que a luta é bem mais profunda.
A visão foi se ampliando porque comecei a entender que os incêndios eram só a ponta do iceberg. A indiferença, o comodismo, a ignorância e as ações dolosas são os verdadeiros monstros a serem combatidos”.
E é aqui que entra o ponto: para além de combater o fogo, é necessário plantar um universo de conscientização. Talvez, por isso, receber as cartinhas das crianças também seja algo tão emocionante para quem dedica a vida na causa.
Patrocínio explica que, de uma forma ou outra, se identifica com as crianças. Hoje, aos 50 anos, sua preocupação tem sido entender como o tempo passa rápido e quando há uma interação positiva com as novas gerações, o sentimento é de vitória.
"É difícil controlar a emoção e penso eu que cuidar do ambiente é algo que fazemos em respeito à geração futura. Elas (as crianças) são o mais importante. Daqui a pouco eu e meus brigadistas vamos estar bem velhinhos ou já ter partido para a eternidade enquanto elas vão seguir com nosso trabalho”.
Pensar nisso, se liga a outra reflexão do brigadista: “machuca muito estarmos deixando um meio ambiente pior do que recebemos”. De toda forma, não há desistência de Patrocínio e de outros tantos profissionais
Na verdade, as cartinhas surgem como motivação para imaginar que, como ele diz, daqui a algumas gerações, a humanidade vai entender que é parte do meio ambiente.
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