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Comportamento

Caetano largou balcão para fazer 300 vasos de cimento por mês sozinho

Aos 65 anos, fábrica de vasos artesanal é motivo de orgulho para o ex-vendedor de calçados

Por Natália Olliver | 28/06/2025 12:12
Caetano largou balcão para fazer 300 vasos de cimento por mês sozinho
Floriano Caetano largou venda de calçados para fazer vasos de cimento (Foto: Osmar Veiga)

Quem passa pela Avenida Euler de Azevedo se depara com as palavras “Fábrica de vasos do Caetano”. Pintado à mão de um jeito improvisado, Floriano Caetano de Lima, de 65 anos, mostra a pequena produção e conta, orgulhoso, que faz tudo sozinho. No ofício há mais de 15 anos, o gosto pelo cimento foi tarefa difícil, mas ele insistiu até dar certo.

O começo da coisa toda foi um hobby. Cansado do trabalho de vendedor de calçados no centro de Campo Grande, Caetano, como gosta de ser chamado, partiu para o trabalho manual e nunca mais largou. Hoje, ele sozinho produz quase 300 vasos por mês.

“Meu irmão tem floricultura e tinha um rapaz que fabricava vaso. Eu gostei e falei que iria aprender. Quis mudar a vida, estava cansado, queria aprender algo diferente. Eu fiquei trabalhando com ele, olhando, aprendendo. Eu trabalho só com cimento porque é mais barato, mais resistente.”

Caetano largou balcão para fazer 300 vasos de cimento por mês sozinho
Caetano largou balcão para fazer 300 vasos de cimento por mês sozinho
Caetano trabalha só com cimento por ser mais barato e mais resiste (Foto: Osmar Veiga)

Os vasos saem a partir de R$ 4, mas os mais populares são os de R$ 15, R$ 25 e R$ 50. Ele conta que os pequenos rendem bem na hora da confecção. Três latas de areia e um saco de cimento de 50 kg podem virar até 25 peças. “Por isso é mais barato, dá para fazer mais com os materiais e o pessoal compra mais.”

Segundo Caetano, o campeão de vendas é o vaso de tamanho médio. Além de moldar os vasos, ele também pinta e faz de tudo: do clássico cinza ao que imita cerâmica. Só não se aventura nos envernizados.

“Tenho um ajudante que atua na hora da finalização: lixar, pintar e retocar alguns detalhes. Qualquer cor eu faço. Não ganha muita coisa, mas dá pra viver, pagar as contas.”

Há 7 meses, ele ocupa o lugar alugado na avenida e deixa os vasos expostos, sem medo de que alguém leve. “Ninguém tira. Aqui não é meu, mas o pessoal respeita.” Antes do endereço atual, ele ficou sete anos em outro ponto da cidade.

Caetano nasceu em Presidente Prudente, interior de São Paulo, cresceu no sítio em Dourados e, desde os 12 anos, vive em Campo Grande. “Sempre gostei de arte manual. É bom demais. Hoje vejo que sair das vendas e vir pros vasos foi bom. Quando você faz o que gosta, é bom demais. Se pudesse, trabalharia até domingo.”

Caetano largou balcão para fazer 300 vasos de cimento por mês sozinho
Caetano largou balcão para fazer 300 vasos de cimento por mês sozinho
Sozinho Caetano produz até 300 peças por mês, de diversos tamanhos (Foto: Osmar Veiga)

Ele explica que há diferença no modo de cuidar das plantas quando cultivadas em vasos de cimento. Uma delas é a quantidade de água.

“Ele dura bem mais. As pessoas que têm precisam colocar menos água na planta porque seca mais rápido. O cimento fica úmido e o plástico, não. O cimento, quanto mais velho, mais forte fica também. Então, para quebrar, só se for uma porrada muito forte”, explica.

Apesar da demanda, ele não pensa em ampliar e conta que já pediram para ele fazer até tanque e pia de cimento. A resposta foi negativa. Caetano quer focar apenas nos vasos.

“É um serviço artesanal mesmo, na mão, e eu gosto. Na verdade, já pensei em pegar gente pra ajudar, mas como aposentei, já não penso. Dá pra fazer o trabalho tranquilo. Já me pediram tanque e pia, mas iria precisar de mais gente, aumentar o custo. Eu faço quase tudo sozinho. Tem um processo que tem que fazer, colocar pra secar. Dependendo do tamanho, dá pra fazer mais ou menos no dia, mas faço sem pressa, vendo muito para floriculturas.”

Em cada peça, há um pouco do capricho dele e até o carinho da família. Ele conta que as filhas vão até a fábrica ajudar a vender aos sábados.

“Eu também vendo pisantes de jardim, vasos com bases diferentes, faço tudo na mão, alguns na forma. A gente não tem lucro grande, mas sempre está vendendo. Prefiro focar na quantidade e vender mais barato.”

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