Ser você mesmo é diferente de ser sem noção
Justificar atitudes grosseiras e falta de educação dizendo “esse é meu jeito” resulta em isolamento
A cultura do seja você mesmo está criando pessoas insuportáveis. É claro que ter personalidade, ser autêntico e não mudar quem você é para agradar às outras pessoas é importante. Cada pessoa é única e essa é a maravilha do ser humano. Mas muita gente tem achado que “ser você mesmo” significa ignorar os sentimentos do outro e agir da maneira que bem entende independente da situação, sem filtros sociais e sem noção. Está cada vez mais comum pessoas que tem a “sua verdade” e que se dane o resto.
Alguns exemplos: você é convidado para um jantar mas formal de trabalho, mas sua personalidade é bem descolada. Aí, para ser você mesmo, resolve se vestir de jeans e tênis e, de quebra, chega atrasado porque é seu jeito, faz parte da sua personalidade sempre dar uma atrasadinha. Isso é ser sem noção. Chegar atrasado, principalmente em eventos de trabalho, é falta de educação com o tempo do outro, e se vestir de jeans e tênis em um evento formal demonstra desrespeito pelo anfitrião.
Outro exemplo é a pessoa que vive zombando dos outros, ou faz piada de tudo sob a justificativa de ter a personalidade brincalhona e divertida. Mas na maioria das vezes, pessoas assim são vistas como inconvenientes e insensíveis, porque dizem coisas que causam desconforto ou constrangimento travestidas de brincadeiras ou humor ácido.
E completando os exemplos, a pessoa super sincera não poderia faltar. Todo mundo conhece alguém que adora falar tudo o que pensa sob a justificativa de ser autêntico. E ainda acha que isso é um ponto positivo da sua personalidade. Essa pessoa adora tecer comentários sobre todos os temas e frequentemente acha que está sempre certa.
Se você costuma dizer “esse é meu jeito”, ou “eu sou assim mesmo” ou adora parafrasear a música da Gal Costa “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vivi assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabriela”, está na hora de rever seu comportamento e as suas atitudes. Pessoas assim costumam afastar todos que estão ao seu redor e são vistas como insuportáveis.
Ser você mesmo não significa que não deve se importar com o impacto das suas ações, com as consequências do que você fala ou que o que você quer ou gosta deve prevalecer em qualquer situação. Vivemos em sociedade, e é preciso filtro e adequação. Educação e gentileza são necessárias em qualquer relacionamento. Você pode ser autêntico e ter personalidade sem desrespeitar as outras pessoas. Ser você mesmo é maravilhoso, mas é preciso ser alguém que os outros aguentam conviver, para o seu próprio bem.
(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.
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