Casal colocou mochila nas costas e saiu de MS para se aventurar na Ásia

Viajar sempre tem seu encanto, mas explorar o outros cantos do mudo com quem se ama torna a experiência ainda mais especial. Foi exatamente isso que Aline Takeuchi, de 53 anos, e o jornalista João Prestes, de 58, decidiram fazer. Acostumados ao ritmo tranquilo de Campo Grande, eles deixaram para trás o Estado do Pantanal e do tereré, para encarar uma jornada de um mês pelo Vietnã e Tailândia.

A ideia surgiu por um motivo especial: a irmã de Aline mora há sete anos em Da Nang, no centro do Vietnã, onde trabalha como professora de inglês. A vontade de visitá-la, somada ao desejo de desbravar um mundo completamente novo, fez com que o casal começasse a planejar a viagem.

 Mas sair do coração do Brasil para o Sudeste Asiático não é simples e eles sabiam disso. Todo o planejamento envolveu pesquisas na Internet, comparação de preços, roteiros e muitas dúvidas tiradas pela irmã de Aline. Foi preciso mais de um ano de programação até o grande o tão esperado 2 de março, dia do do embarque.

"Foram mais de 25 horas de voo, fora as conexões. Saímos de Campo Grande no dia 2 de março, às 10h, e só chegamos em Hanoi no dia 4, por volta das 16h", conta João. "Só o trecho entre São Paulo e Doha, no Catar, foram 13 horas dentro do avião. Assentos apertados da classe econômica, bem desconfortáveis. Mas o serviço de bordo compensou, com três refeições e até bebidas", detalha.

Choque cultural: do silêncio pantaneiro ao caos das motos - Se em Campo Grande o trânsito já causa  um pouco de dor de cabeça, nada poderia preparar o casal para o que encontrariam em Hanoi, a capital do Vietnã.

 "O trânsito é um caos. Milhões de motocicletas se misturam a carros, pedestres e ciclistas, e as buzinas não param. Atravessar na faixa é uma atitude ingênua porque ninguém para. O jeito é ir disputado  espaço que, com fé e boa sorte, dá para chegar vivo do outro lado", brinca o jornalista que garante ter visto apenas um acidente mesmo em meio a todo o tumulto.

Mas nem tudo é correria. O que mais impressionou o jornalista foi a hospitalidade vietnamita. "O povo aqui é alegre, cordial e generoso. Eles demonstram amor pelo que fazem e tratam a gente com respeito e afeto. É difícil ver alguém de cara fechada", pontua.

João explica que os preços são atrativos e o real está em alta. Segundo ele, duas noites de hospedagem em um hotel quatro estrelas sai em torno de R$ 500.  Já uma refeição pode ser encontrada por apenas R$ 6. Mas a região oferece opções para todos os bolsos.

Hanoi e os primeiros encantos do Vietnã - A primeira parada foi Hanoi, um verdadeiro mergulho na história e na cultura do país. O casal visitou pontos icônicos como o Mausoléu de Ho Chi Minh, a Rua do Trem, onde os trilhos passam no meio de casas e comércios, além do Templo da Literatura, a primeira universidade do Vietnã, dedicada a Confúcio.

Os arredores de Hanoi também  foram surpreendentes. Eles fizeram um passeio de barco pela Baía de Ha Long, famosa por suas águas verdes e ilhas rochosas, e também foram até Ninh Binh, uma cidade cercada por formações naturais incríveis.

Uma das experiências mais marcantes da viagem foi a ida ao norte do Vietnã, na região rural de Sapa, conhecida por suas plantações de arroz em terraços nas montanhas. Lá, eles conheceram Tom Tom, a guia que roubou seus corações.

"Ela é uma mulher incrível, de 34 anos, com apenas 1,50m de altura e cega de um olho, mas de uma energia contagiante. Aprendeu inglês sozinha, com os turistas. Nunca saiu de Sapa, não conhece Hanoi e nem fala vietnamita, só o idioma da tribo dela e o inglês", descreve João.

Tom Tom os recebeu com comida caseira. "Ela fez panquecas com ovos mexidos no café da manhã e jantares fartos com frango, porco, rolinho primavera e muita salada. O arroz, claro, nunca falta", lembra João.

E foi ali, entre risadas e boas conversas, que Tom Tom revelou um  sonho inesperado: Se algum dia eu puder viajar para outro país, gostaria conhecer o Brasil porque aqui tem arroz!

Depois de se despedirem de Sapa, o casal seguiu para Da Nang, onde Aline pôde finalmente rever a irmã. A cidade tem praias paradisíacas e uma vibe completamente diferente de Hanoi. Próxima dali, está Hoi An, uma cidade histórica que, além de seus templos e lanternas coloridas, se destaca por algo inusitado: a alta costura.

"É um paraíso para quem quer roupas sob medida. Você escolhe o tecido, leva um modelo e, em um dia, fazem um terno de linho impecável por R$ 500 ou R$ 600 reais", explica João.

Gastronomia: da desconfiança à paixão - Se a comida vietnamita causava certa apreensão antes da viagem, hoje João não esconde o encantamento. "Sabia das comidas exóticas, que aqui tinha cobra, rã, bicho-da-seda e todo tipo de frutos do mar, mas o que me encantei foi o incrível sabor dos molhos e caldos. Uma mistura de sabires e aromas que transformam o mais simples prato em uma refeição especial.  É uma abundância impressionante", diz.

A cultura das feiras livres também impressionou. "As bancas estão abarrotadas de produtos frescos: carnes expostas ao ar livre, frutas, verduras, peixes, mariscos... E a pechincha é obrigatória. Você nunca paga o valor pedido. O jogo de negociação faz parte da compra."

Outro destaque foram os cafés. "Os cafés estão espalhados por toda parte, não precisa andar muito para encontrar um lugar."

Agora, na reta final da viagem, João e Aline se preparam para explorar o sul do Vietnã. A próxima parada é Ho Chi Minh (antiga Saigon), onde pretendem mergulhar na história da Guerra do Vietnã e aproveitar um tour gastronômico noturno. Em seguida, partem para o Delta do Rio Mekong, onde ficarão hospedados na casa de uma família local.

Depois, embarcam para Bangkok, na Tailândia, onde vão explorar templos, palácios e mais da gastronomia asiática. "A ideia é provar de tudo, desde os pratos mais exóticos até os mais tradicionais", conta João.

Para quem pensa em se aventurar pelo Sudeste Asiático, João tem algumas dicas valiosas. "Pesquise muito, planeje cada detalhe, tenha um bom cartão de crédito habilitado para compras no exterior e traga dólares, porque nem tudo aceita cartão. Mas, acima de tudo, venha de coração aberto. O Vietnã é maravilhoso e tem muito a oferecer."

Depois de um mês longe de casa, o casal embarca de volta para o Brasil no dia 28 de março, chegando a Campo Grande no dia 29. Mas a bagagem volta cheia não só de souvenirs, mas de histórias, sabores e experiências que, com certeza, ficarão para sempre na memória. E quem sabe, um dia, Tom Tom realiza seu sonho de conhecer o Brasil e comer arroz – e quem sabe até um bom sobá no Mercadão de Campo Grande.

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