Da limpeza ao rosto em moeda, Jorge já carregou até tocha olímpica
Atleta saiu do RJ para trazer história às novas gerações da Capital que tem o mesmo nome do município carioca
Jorge Benjamin dos Santos pode dizer que tem uma moeda para chamar de sua. Ele é um dos três rostos que estampam a moeda feita especialmente para comemorar os 100 anos do fim da escravidão no País. Para trazer a história às novas gerações ele saiu de Campo Grande e acabou parando na "mesma" cidade, só que em outro Estado. Calma que isso não é uma piada.
São 1.381,2 km que separam o município do Rio de Janeiro e a capital de Mato Grosso do Sul. Inclusive, ter o nome igual confunde constantemente leitores que conhecem o jornal apenas pelas redes sociais. Jorge participou da 1ª edição nacional do Encontro Cultural de Multicolecionismo, que acontece neste sábado (11) por aqui. Saiba mais no final da matéria.
Ao Lado B Jorge conta que estar na moeda é motivo de orgulho e que simboliza, além do material, fazer parte da história de um país e do povo negro. Mas como ele foi parar em uma moeda? Nascido e criado na zona oeste do Rio de Janeiro, no bairro Guaratiba, Jorge desde cedo esteve envolvido com o esporte. Aos 13 anos ele começou a correr na escola e nunca mais parou.

Um pouco mais velhos amigos o convidaram para conhecer a Casa da Moeda, até então ele sequer sabia que o local existia. O ano era 1987. A proposta era participar de um concurso misterioso que ele só soube o objetivo final um ano depois. Se tratava da seletiva para escolher quem estamparia as moedas comemorativas feitas pelo Banco do Brasil a pedidos do Banco Central.
“Eu não sabia que seria para estampar a moeda, mas estou nela até hoje. Porém não tem o nome das pessoas. Ninguém sabe que elas estão vivas. Essas moedas ficaram ‘ocultas’ por anos. Viajo todos os estados divulgando o que não é contado no Brasil. Estamos nessa resistência para levar conhecimento”.
Jorge chegou a Casa da Moeda para participar da equipe esportiva que o Banco do Brasil patrocinava. Além do grupo, ele começou a trabalhar no banco na parte de limpeza, depois de um tempo foi promovida para a área administrativa.
No currículo esportivo Jorge esbanja conquistas. Ele foi carregador da tocha olímpica, no Rio 2016, participou de duas São Silvestres - em 1983 e 1987 e de clubes de corrida.
"Fui atleta do clube regatas do flamengo e regatas fluminense. Apesar de ser atleta eu não conhecia a casa da moeda. meus amigos me falaram pra ir lá. fui lá fazer parte da equipe de corredores que tinha lá. Guardo o crachá até hoje. Trabalhei por 35 anos lá".
O atleta participa do projeto Moeda Viva, mostrando que há história nas peças e no colecionismo delas. Este ano ele completa 37 anos na moeda que ele chama de “sua”. Jorge explica que a lei brasileira (nº 5.700/1971) não permite que pessoas vivas sejam estampadas em moedas, mas que deve ter acontecido alguma exceção neste caso.
Falando em colecionismo, o carioca comenta que após ganhar uma medalha, também comemorativa da abolição no Ceará, começou a gostar de colecionar coisas. Antes eram medalhas, depois o foco mudou e agora são moedas.
“Ganhei uma medalha, achei bonita e guardei e depois sai na moeda comemorativa também, nunca imaginei. É gratificante demais”.
Evento - A primeira edição nacional do Encontro Cultural de Multcolecionismo conta com 29 expositores de 12 cidades brasileiras e apresenta coleções de numismática - ciência que estuda moedas, medalhas e cédulas -. No local há opções para vários tipo de colecionadores como selos, cartões telefônicos e miniaturas de carros. A programação é realizada no Hotel Jandaia, em Campo Grande, das 9h às 18h. A entrada é gratuita.
A ideia do evento surgiu a partir da observação do organizador e tesoureiro da Anumis-MS (Associação Numismática Sul-Mato-Grossense, Paulo Rezende. Ele reparou que existe muita diferença na organização do colecionismo entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.
“Com o tempo, melhoramos muito essa organização para termos os mesmos tipos de itens e materiais à nossa disposição aqui também”, explica.
Com 10 anos, Joaquim Antônio, já se considera um colecionador mirim. O amor pelas moedas já rende até quadro que futuramente ser pendurado na parede do quarto.
"Gosto muito de ver as moedas, é legal tocar, ver qual o valor. Tem moeda da idade da nossa avó. Eu gosto porque a maioria é rara. Eu vi elas no shopping e conheci o Paulo ele me chamou e vim. Tenho coleção completa das olimpíadas com umas 20 moedas. Tenho um quadro com várias boas. Quero colocar elas no meu quarto pra poder ver as moedas".
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