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Comportamento

Há 6 anos, bacurau norte-americano volta a MS e se aquece no centro do poder

Casal de aves voa 6,8 mil km no início do inverno ao continente sul-americano, retornando apenas na primavera

Gabriela Couto | 25/11/2022 13:13
Bacurau norte-americano voa até a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul todos os anos. ( Foto: Priscila de Souza Afonso)
Bacurau norte-americano voa até a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul todos os anos. ( Foto: Priscila de Souza Afonso)

Eles saíram de algum lugar da América do Norte e escolheram as árvores que ficam no estacionamento da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, no Parque dos Poderes, em Campo Grande. Uma viagem de cerca de 6,8 mil quilômetros feita por um casal de aves de bacurau norte-americano nesta época do ano se tornou um momento esperado pelos servidores que trabalham no local.

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O bacurau norte-americano realiza uma migração anual de cerca de 6,8 mil quilômetros até a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, onde se torna um evento aguardado pelos servidores locais. O sargento Luiz Carlos Santos Messias, amante da natureza, convida colegas a observarem a ave, que é uma das últimas espécies migratórias a retornar à América do Norte na primavera. A servidora Priscila de Souza Afonso, que começou a fotografar pássaros durante a pandemia, registrou o bacurau como sua 500ª espécie, destacando a importância dessa experiência para sua vida e a conexão com a natureza, que se intensificou durante o isolamento social.

O sargento Luiz Carlos Santos Messias, que trabalha na Casa de Leis, fica de olho nas árvores e avisa a todos para ver o momento tão esperado. Conhecido pelo amor que tem pela natureza, ele transforma a visita da ave em um evento. “Vem aqui ver esse passarinho”, disse ele para a reportagem.

Sargento Messias, um amante da natureza que convoca todos para contemplar os animais. (Foto: Kísie Ainoã)
Sargento Messias, um amante da natureza que convoca todos para contemplar os animais. (Foto: Kísie Ainoã)

Quem já estava lá passarinhando com uma máquina na mão era a servidora pública do Tribunal de Contas do Estado, Priscila de Souza Afonso, que também foi avisada por Messias. “Essa é a terceira vez que vejo essa ave nos últimos dias. O curioso é que tem colegas que são observadores de aves que vem pelo sexto ano consecutivo na Assembleia só para ver esse passarinho”, conta.

Com brilho nos olhos de felicidade por registrar o pássaro que marcou o número 500 de espécies fotografadas por ela nos últimos dois anos, ela explicou a importância do momento. “É muito especial para mim. É uma ave migratória. Não é um pássaro que você vai ver sempre. Eles voltam para mesma arvorezinha, no mesmo ponto, aqui em Campo Grande. Isso tem muita beleza”, justifica.

Servidora pública Priscila de Souza começou a passarinhar durante a pandemia e registrou o bacurou como sua ave de número 500 de espécies fotografadas nos últimos dois anos. (Foto: Kísie Ainoã)
Servidora pública Priscila de Souza começou a passarinhar durante a pandemia e registrou o bacurou como sua ave de número 500 de espécies fotografadas nos últimos dois anos. (Foto: Kísie Ainoã)

Os passarinhos, como a Priscila chama, ganharam uma importância na vida dela durante a pandemia. “Eu ficava na janela do apartamento observando os pássaros. Comecei a ver passarinhos que não enxergava antes. Isso remete à liberdade. E quando você começa a estudar sobre os pássaros, invariavelmente vai estudar sobre árvores, plantas, água, sobre o meio ambiente. É uma necessidade da nossa sociedade voltar os olhos para isso. Passou a ser um hobby. Foi uma salvação na época da pandemia e agora é uma grande alegria. Não canso de ver nenhum passarinho”.

O bacurau norte-americano, assim como todas as aves, possuem senso de orientação geográfica natural e perfeito. Por isso, eles voltam ao mesmo ponto, todos os anos. O bacurau-norte-americano reproduz-se na América do Norte e no início do inverno migra para o continente sul-americano, retornando apenas na primavera, sendo uma das últimas espécies migratórias a retornar para seu ambiente de reprodução em solo americano. “Recomendo a todo mundo, é uma observação para qualquer pessoa mesmo que não tenha equipamento fotográfico. A olho nu, binóculo. É bom demais”.

No início do inverno a espécie migra para o continente sul-americano, retornando apenas na primavera para o hemisfério norte. (Foto: Priscila de Souza Afonso)
No início do inverno a espécie migra para o continente sul-americano, retornando apenas na primavera para o hemisfério norte. (Foto: Priscila de Souza Afonso)

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