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Comportamento

Nada de "Que tiro foi esse", hino do Carnaval fala de sexo que mulheres adoram

Música do Mc 2K desbancou Anitta, Pabblo Vittar e Jojo Toddynho neste ano, pelo menos em Campo Grande

Thaís Pimenta | 14/02/2018 06:15
Um dos pontos do fervo do último dia de Carnaval estava concentrado em frente a Estação Ferroviária. (foto: Paulo Francis)
Um dos pontos do fervo do último dia de Carnaval estava concentrado em frente a Estação Ferroviária. (foto: Paulo Francis)

A cada dez minutos era possível ouvir pelas rodinhas do Carnaval na Esplanada de Campo Grande a galera cantando, em hino, o funk do Mc 2K, “Chupa Xoxota”. Era quase que uma atração a parte que fazia gente que nunca se viu antes cantar junto.

Homens e mulheres, héteros e gays caíam na farra declamando a poesia da putaria popular e, por incrível que pareça, não teve nem pra Jojo Toddynho e nem pra Anitta com seus “hits” chicletes Que Tiro Foi Esse e Vai Malandra.

Por mais que muita gente considere a letra fútil demais, ela acaba trazendo um tema que já foi tabu entre os dois gêneros pra discussão e escancara, querendo ou não, o quanto as mulheres gostam de receber sexo oral.

Para o publicitário e marketeiro Pedro Paulo, que também trabalha com música nas horas vagas, a letra tem uma questão no pano de fundo sobre empoderamento feminino. “Por mais que seja uma poesia de baixo nível não deixa de exaltar o feminino. Antes a gente só ouvia letras com conteúdo oposto. É uma expressão muito autêntica da periferia, de falar o que o povo quer ouvir, não existe um padrão do que é música boa, a música trabalha com conexão, sobre despertar coisas em pessoas e esse funk tem muito isso”, disse ele.

Pedro Paulo acha que funk empodera as mulheres. (Foto: Paulo Francis)
Pedro Paulo acha que funk empodera as mulheres. (Foto: Paulo Francis)

No meio da folia,em frente a Estação Ferroviária, Peterson Paganoti, 26 e Marcelo Junior, 26, estavam no comando de um aparelho de som potente e, em volta deles, pelo menos 200 pessoas cantavam e rebolavam o bumbum com a composição do Mc 2K.

“A gente trouxe esse movimento do Rio de Janeiro, do baile do Jaca e Borel, que são rivais lá e é um rolê que curtimos. Esse funk eu acho que é uma música chiclete que traz a possibilidade de ser cantada da visão delas também, escuto muitas héteros substituindo os termos”, brincam os amigos.

A galera quando canta, em coro, canta com emoção, o que levanta a dúvida: será que o povo gosta mesmo de fazer sexo oral?

Para os dois, sim. “É muito bom. A maioria das pessoas que canta curte sim, mas acho que no geral nem todo cara gosta de fazer mesmo, fica no meio a meio. Eu fecho com quem gosta de chupar as minas, acho essencial. Mas quem é gay, por exemplo, não gosta e nossa sociedade não tem mais porque ver isso de modo unilateral”, completa Peterson.

Os amigos Bruno Santos e Priscila. (Foto: Paulo Francis)
Os amigos Bruno Santos e Priscila. (Foto: Paulo Francis)

Para a manicure Priscila Santos, 36, a galera canta a música pra incentivar o clima promíscuo, maneira que muita gente escolhe viver o Carnaval. “Mas eu acho sim que os caras, e as minas homossexuais, gostam de fazer! A galera canta com muita emoção né?”, brinca.

O público, que já cantava mais timidamente a mesma música no ano passado, se superou dessa vez. Para o professor Bruno Santos, de 25 anos, a letra é preferida pela molecada. “Os mais jovens curtem o pesadão, aquele funk que não dá pra ouvir no churrasco de família né? Diferente de outros que a gente já ouviu também muito no Carnaval, como o da MC Loma”, elenca.

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