O que há por dentro da casa onde morou a Bruxa da Sapolândia?
Historiador e produtor de conteúdo digital entrou e filmou parte interna do imóvel onde viveu Célia de Souza
Enquanto a maioria das pessoas foge de qualquer contato com o sobrenatural, o historiador e criador de conteúdo Alexandre Goicochea, e o amigo, Mateus Antônio, decidiram mergulhar de cabeça no mistério que há três décadas paira como sombra sobre o imaginário do sul-mato-grossense. Juntos, eles entraram e filmaram o interior do imóvel que pertenceu à “Bruxa da Sapolândia”, na Vila Taquarussu.
Por 30 anos, a casa de Célia de Souza, a temida “Bruxa da Sapolândia”, virou lenda urbana em Campo Grande, com direito a histórias de caixão no telhado, crucifixos invertidos e supostos rituais de magia negra. No entanto, poucos registros públicos mostram como é a parte interna do imóvel.
Para desvendar os mistérios e a curiosidade de muita gente, a dupla conseguiu entrar no local com câmera na mão e uma dose de coragem para mostrar o que restou desse capítulo sombrio da cidade.

A visita começou despretensiosa. “Fomos gravar ali na frente, como outras pessoas já fizeram. Só que para nossa surpresa, o proprietário apareceu. Ele estava estendendo roupa, super tranquilo, e decidi tentar puxar papo, o máximo que ele poderia dizer era não”, conta.
A investida deu certo. O morador não só disse "sim", como abriu o portão e ofereceu uma visita completa. “Eu confesso que nunca tinha estado em um lugar com uma energia daquele jeito. A casa tem um peso. E quando ele começou a contar as histórias... nossa”, comenta.
Segundo Alexandre, o morador relatou ter encontrado um túmulo improvisado no chão, crucifixo de cabeça para baixo banhado a ouro, e até fotos de vultos dentro da casa. “Ele mostrou as imagens, e a cada coisa que ele contava, a gente ia ficando mais branco”, brinca. “Era como se a lenda ganhasse corpo ali, diante da gente”, relata.
A casa é famosa desde 1991, quando Célia foi acusada de envolvimento na morte de duas crianças desaparecidas. Nada foi comprovado, mas a mulher foi estigmatizada como “bruxa”, e o medo se espalhou pela cidade. Décadas depois, o local virou ponto de curiosidade e assombro, mas quase ninguém conseguia ver o que havia por trás do portão.
Hoje, quem cuida da propriedade na Rua Dracena é Marcos de Oliveira, que ocupa o terreno e tenta, com recursos próprios, manter o que sobrou. “Ele nos contou que gostaria de transformar aquilo num ponto turístico, mas não tem apoio. É uma situação difícil porque é um patrimônio cultural, por mais sinistro que pareça”, afirma Alexandre.
A experiência, segundo o historiador, foi única. E deve virar série. Além do episódio da bruxa, ele já gravou sobre a “noiva do trem”, da Esplanada Ferroviária, e prepara vídeos sobre a loira do banheiro e ovnis no Morenão. “A ideia é explorar as lendas e causos de Mato Grosso do Sul com respeito, mas também com criatividade. É a nossa forma de preservar o que ninguém conta”, finaliza.
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