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Diversão

Dá para conhecer 3 países gastando pouco? Júnior e Nilce dão as dicas

Casal reuniu itens pessoais, uma barraca, utensílios e partiu até o Oceano Pacífico de moto

Por Aletheya Alves | 16/01/2025 18:55
Dá para conhecer 3 países gastando pouco? Júnior e Nilce dão as dicas
Um dos momentos emocionantes foi na "Mão do Deserto", em solo chileno.

Na hora de viajar, o orçamento pode ser um problema, mas uma das dicas de Junior de Oliveira e Nilce Maciel é que com vontade, muita coisa pode ser resolvida. Exemplo é que, longe de empenhar muita grana, os dois economizaram e conseguiram passar pelo Paraguai, Argentina e chegar ao Chile sob duas rodas.

Em abril de 2024, o casal de artistas circenses comprou uma Honda XRE 2014/2015 e, na brincadeira, disseram que ela os levaria até o Deserto do Atacama. Júnior usa o próprio veículo como exemplo de que, se programando minimamente, dá para realizar sonhos. Isso porque, segundo ele, muita gente acredita que o modelo não daria conta da viagem.

É claro que para gastar pouco é necessário abrir mão de escolhas mais confortáveis, então Junior e Nilce reuniram panelas portáteis, um pequeno fogão de mão, colocou a barraca no conjunto e pegaram a estrada.

Como isso foi na prática e quais as dicas que os dois aprenderam pelo caminho? Isso você confere nas palavras dos dois, no Voz da Experiência de hoje.

Dá para conhecer 3 países gastando pouco? Júnior e Nilce dão as dicas
Casal em Salinas Grandes, na Argentina. (Foto: Arquivo pessoal)

Roteiro: do Brasil ao Chile

Junior: Saímos de Dourados, entramos pelo Paraguai por Pedro Juan Caballero, atravessamos o Paraguai, entramos na Argentina pela cidade de Clorinda, na província de Formosa, seguimos rumo ao norte da Argentina, atravessamos a Cordilheira dos Andes e entramos no Chile através do Paso de Jama.

Passamos por San Pedro de Atacama (a cidade mais turística do famoso Deserto de Atacama) e fomos até a cidade de Antofagasta no litoral chileno ver o Oceano Pacífico, mas antes demos uma passadinha no gigante e esplêndido monumento “Mão do Deserto”, do artista chileno Mario Irarrázabal. 

A volta foi basicamente a mesma, com a diferença que na Argentina voltamos por outro caminho até chegar na cidade de Corrientes e entramos no Paraguai pela cidade de Pilar atravessando o Rio Paraguai de balsa, visitamos a cidade de Caacupé e retornamos até Dourados entrando no Brasil por Ponta Porã.

Viajando de moto até o Pacífico 

Júnior:  Foi uma experiência única, pois nunca tínhamos passado tanto tempo em cima de uma moto, inclusive já foi uma experiência nova no momento de organizar a bagagem, pois éramos dois em uma moto. Além das coisas pessoais, levamos nossos equipamentos de camping (barraca, isolante térmico, sacos de dormir), um fogareiro portátil, panelas portáteis e algumas coisas para cozinhar

Dos 15 dias fora do Brasil, passamos mais noites na barraca que em hotéis/hospedagens. Depois que a viagem se iniciou, tivemos que aprender a lidar com alguns perrengues, logo nos primeiros 1.000 km da viagem tivemos que trocar a relação da moto na cidade de Las Lomitas, na Argentina (que não foi uma missão fácil). 

Também tivemos que nos acostumar com algumas dores que foram surgindo. Passamos por extremos de temperatura, na Argentina enfrentamos calor de mais de 40 graus, enquanto na Cordilheira, no Chile, quase congelamos com temperaturas abaixo de 0 graus. 

Mas no geral foi uma experiência incrível que com certeza faremos mais vezes e indicamos para todos aqueles que querem fazer algo parecido irem. Afinal, fizemos tudo isso em uma moto de baixa cilindrada que muita gente acha que não dá pra fazer, ainda mais em duas pessoas e com carga, mas a verdade é que com disposição e vontade é possível sim.

Nilce: Acho que o fato de estarmos em uma moto mais comum nos aproxima mais das pessoas, sejam nativos ou outros brasileiros pelo caminho. Nos campings sempre vinham perguntar como estava sendo a viagem.

Em especial, conhecemos o casal Laura e Júlio, de Poços de Caldas (MG), quando estávamos no marco dos 4.170m de altitude, porque eles também têm uma XRE 2014/2015 e desde então fomos nos encontrando por boa parte do caminho, assim como em cidades que conhecemos e fizemos rolês mais baratos. 

Ficamos muito próximos, pois apesar de estarem de carro também têm um estilo de viagem muito parecido com o nosso (baixo custo), e é curioso pensar que no dia a dia talvez esses encontros não acontecessem tão espontaneamente.

Dá para conhecer 3 países gastando pouco? Júnior e Nilce dão as dicas
Momento em Cuesta de Lipan, na região norte da Argentina.

Hora das dicas

Junior: A dica é que, acima de tudo, a vontade e a paixão em fazer isso estejam em primeiro lugar na lista, afinal isso já vai fazer com que a experiência seja mais leve, porque afinal, os perrengues existem. 

A partir disso, acho que é importante pensar em um roteiro, buscar informações sobre as estradas do roteiro, porque nós mesmos tivemos uma mudança de roteiro de última hora para não pegar uma estrada de mais de 200 km sem asfalto.

Importante também estar seguro com o veículo que será utilizado, e não importa qual seja, pode ser carro, moto, bicicleta, o importante é realizar os sonhos. Outra coisa que é inevitável é que mesmo que seja uma viagem de baixo custo assim como a nossa, é que se tenha uma reserva de dinheiro ou um cartão de crédito que possa nos salvar com problemas inesperados, enfim, cada um no seu tempo, mas o importante é colocar em prática os planos e conhecer esse mundão!

Nilce:  Acredito também que é importante saber qual é o seu estilo de viagem e estar aberta para viver tudo que as nossas próprias escolhas podem proporcionar. Por exemplo, ficar em um camping ou acampar num posto de combustível pode ser que te deixe mais próximo de alguns animais do que você gostaria (risos).

Para nós, isso não é um grande problema, mas para algumas pessoas pode ser que seja, então é preferível ficar em hotel ou hostel.

Amizades pelos caminhos e vida pulsando

Júnior: Desde sempre sou muito apaixonado pela América Latina, especialmente pela América do Sul, um continente que espero viajar muitas e muitas vezes. Então sou suspeito pra falar porque tudo me encanta, conhecer pessoas que tentam nos ajudar nos perrengues, ouvir as histórias, conhecer mais sobre as culturas locais, ver paisagens incríveis e poder experimentar comidas diferentes são coisas que me chamam muita atenção. 

Para mim,  um momento que me chamou atenção foi em San Salvador de Jujuy, quando nos hospedamos na “MotoPosada Camperas Negras” e fomos recebidos pelo Erico. Foi uma noite de muita conversa em que ele pode nos explicar mais do “Carnaval Humahuaqueño”, uma celebração que espero muito participar um dia, fora isso, acho que uma coisa que nunca sairá da memória são as paisagens e a grandiosidade da Cordilheira do Andes.

Nilce: Além de compartilhar das mesmas paixões que o Júnior destacou, estar na estrada e sentindo tão na pele tudo que está acontecendo é quase indescritível. A gente se sente tão minúsculo e ao mesmo tempo tão acolhido, seja pelas montanhas, pelas salinas (sim, havia muitas salinas no nosso caminho, uma mais encantadora que a outra, com destaque especial para Salinas Grandes, na Argentina) ou pelo carinho das pessoas, fosse num prato de comida, num sorriso sempre nos cuidavam um pouquinho. 

Outro aspecto que, desde nossa última viagem de Kombi em 2023, me marca muito é a fé do povo no santo pagão Gauchito Gil, é muito comum vermos pelas estradas do norte da Argentina e, até algumas do Paraguai, altares com muitos adornos e bandeiras vermelhas em reverência a seus grandes milagres para com o povo mais humilde. 

Desde então, dia 8 de janeiro (e esse foi mais especial ainda) sempre acendo uma velinha para ele e não peço nada, mas agradeço por também cuidar dos nossos caminhos. 

Dá para conhecer 3 países gastando pouco? Júnior e Nilce dão as dicas
Cenários incríveis não faltaram durante a viagem. (Foto: Arquivo pessoal)

Sentindo a cultura latina

Junior: Nosso país vizinho, o Paraguai, tem muitas belezas naturais e um povo que gosta muito de seu país e de suas raízes, ouvir as pessoas falando em Guarani, ouvir as músicas, experimentar as comidas sempre muito gostosas e acompanhadas da tradicional mandioca são coisas que não tem preço. 

A argentina também tem um diversidade cultural incrível, como disse anteriormente, o Carnaval Humahuaqueño, as tradições dos povos andinos, a potência do carnaval e do chamamé Correntino, acho que tudo isso me encantou muito, e posso dizer que pra mim o momento mais marcante envolvendo a arte e a cultura foi quando paramos em Corrientes e estava acontecendo uma “peña” em homenagem ao Gauchito Gil (uma festa em homenagem a um santo popular) e haviam vários músicos de chamamé e vários casais dançando, a combinação da música, da dança e dos gritos de sapucay foi algo que me encantou e me emocionou muito.

Nilce: A vontade que dava era de ficar mais tempo em cada lugar, pois a gente acaba se identificando muito e querendo conhecer mais e mais. É muito louco pensar na magnitude do Atacama e das Cordilheiras com todos os mistérios e histórias e é mais fascinante ainda pensar em como o ser humano, apesar de suas limitações, consegue superar tantas intempéries e viver em lugares tão remotos.

E, vindo de quem já fez a rota

Júnior: Depois que a gente faz é mais fácil falar que faríamos alguma coisa diferente (risos), mas como deu tudo certo, fomos e voltamos inteiros, acho que não mudaria nada não.

Mas já deixo a dica pra quem for fazer um roteiro parecido: a travessia da cordilheira para quem está de moto é muito cruel, faz muito muito frio, então se você não for com uma super moto cheia de aquecedores, leve roupas, meias e luvas para baixas temperaturas, porque é muito frioo!!

Confira a galeria de imagens:

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