Atravessar a rua e conversar viram 'jogo' para crianças com autismo
Escolas públicas em duas cidades de MS estão usando a realidade virtual para incluir os alunos atípicos
Quando um aluno com deficiência vai para a escola, o costume é adaptar as atividades. Em Mato Grosso do Sul, dois municípios estão fazendo o processo contrário: oferecendo uma plataforma de realidade virtual pensada desde o início para esses alunos, principalmente aos que estão no espectro autista. Nela, as crianças aprendem desde atravessar a rua até desenvolver a habilidade de conversar como se fosse um jogo.
Explicando sobre a iniciativa, um dos fundadores da plataforma, Antônio Almeida descreve que um óculos de realidade virtual e sensores são usados para que o aluno entre no ambiente imersivo. Ali, vai conseguir desenvolver habilidades de autonomia e sociabilidade a partir de ações cotidianas. Conforme avança, ele ganha pontos e tudo se transforma em uma brincadeira.
“A atividade da rua é para pensarmos a autonomia das crianças. Nela, é preciso encontrar a faixa de pedestres, treinar ficar parado para aguardar e olhar para os dois lados. Nós temos vários relatos de crianças com autismo que sofrem acidentes por não terem o controle de esperar, por exemplo”, introduz o fundador da empresa Therafy, Antônio Almeida, sobre as atividades que são oferecidas aos alunos.
Ele explica que já trabalhava na área de tecnologia e realidade virtual. No projeto, se uniu à psicóloga Francyelle de Lima e os dois desenvolveram a ideia voltada para crianças com deficiência e que estão no espectro autista.
“Vimos que existem vários estudos e pesquisas indicando que a realidade virtual traz um ganho no aprendizado. A partir daí, começamos o desenvolvimento. Participamos do programa Centelha, do governo do Estado, e com esse recurso conseguimos começar a desenvolver as plataformas”, relata.
O grupo passou por um período de testes e o passo seguinte foi oferecer os contratos aos municípios. Antônio destaca que Aparecida do Taboado foi o primeiro município brasileiro a inserir essa tecnologia na rede pública de ensino. Hoje, Ribas do Rio Pardo também integra a lista.
Na prática, ele relata que o foco é trabalhar estímulos de fala, reconhecimento de emoções, melhora na dicção e autonomia no cotidiano.
“A Anna é a assistente virtual que acompanha o aluno durante todo o tempo. Ela vai fazendo perguntas sobre o que ele está sentindo, o motivo de estar se sentindo assim, qual é a emoção. Dessa forma, ele vai conseguir entender o contexto”.
Além disso, outro serviço que será oferecido é o de pintura virtual. Segundo Antônio, a intenção é estimular a coordenação motora e o lado emocional dos alunos. “Nós sabemos que trabalhar a arte pode ajudar na ansiedade e na regulação emocional de uma forma melhor”, pontua.
A partir de todas as ações desenvolvidas, a plataforma gera um relatório para que os professores consigam acompanhar o caminho traçado pelos alunos.
Para conhecer mais sobre as ações, o perfil do projeto é @therafycare.
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