ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
SETEMBRO, SEGUNDA  22    CAMPO GRANDE 19º

Lado Rural

Multidão faz Assembleia fechar portas em dia de debate sobre a reforma agrária

Seminário reuniu representantes de todos os movimentos de trabalhadores rurais do Estado

Por Ângela Kempfer e Mylena Fraiha | 22/09/2025 09:36


RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul ficou lotada durante o Seminário "Reforma Agrária como Dinamizador do Desenvolvimento Sustentável", realizado nesta segunda-feira (22). O evento, que contou com a presença da ministra Simone Tebet e autoridades do setor, atraiu caravanas de trabalhadores rurais sem terra e assentados. Durante o encontro, foram entregues títulos de domínio e contratos de concessão de uso para famílias de diferentes municípios. O MST cobra ações mais efetivas do governo federal, já que nenhuma família foi assentada em MS desde o início do atual mandato. O Incra planeja assentar até 7 mil famílias até 2026 no estado.

A mobilização foi tanta que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul precisou fechar o acesso principal na manhã desta segunda-feira (22) para o Seminário "Reforma Agrária como Dinamizador do Desenvolvimento Sustentável". O evento reuniu representantes de todos os movimentos de trabalhadores rurais. Com a superlotação, os seguranças primeiro suspenderam a entrada no prédio e depois foram liberando gradativamente porque começou a chover.

Para acomodar o máximo possível, a Casa distribuiu cadeiras pelo saguão e instalou um telão para os interessados acompanharem. Caravanas trouxeram representantes de trabalhadores rurais sem-terra e assentados.

Do lado de fora da ALEMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), mesmo sob chuva, militantes do MST e do MPL (Movimento Popular de Luta) ficaram firmes em frente à Assembleia. Íris Apaniza da Silva Oliveira, 55 anos, veio do assentamento Egídio Bruneto e disse que a luta vale a pena. “A gente quer trabalhar. Pode ter sol, pode ter chuva, a gente está aqui pela terra”.

Multidão faz Assembleia fechar portas em dia de debate sobre a reforma agrária
Íris reclamou da demora no assentamento de famílias em MS (Foto: Marcos Maluf)

Do MPL (Movimento Popular de Luta), Patrícia Luz, 38 anos, reforçou a cobrança: “Todos os acampamentos do Estado estão aqui hoje. Viemos atrás de recursos para destravar a reforma agrária. Como a Simone é a ministra responsável, a gente quer saber: que recursos virão para Mato Grosso do Sul? A reforma agrária está parada há 16 anos no nosso Estado, sem nenhum assentamento novo. A gente precisa destravar isso”.

O encontro, convocado pelo deputado estadual Zeca do PT e organizado em parceria com entidades do campo, faz parte da agenda de mobilização da Semana Camponesa. A programação reúne representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), de sindicatos rurais, além de deputados estaduais, lideranças políticas e técnicos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

Multidão faz Assembleia fechar portas em dia de debate sobre a reforma agrária
Do MPL, Patrícia Luz, 38 anos, falou da participação de todos os movimentos do Estado (Foto: Marcos Maluf)

Na pauta, os movimentos apresentaram a situação dos acampamentos e cobraram a aceleração da política de reforma agrária no governo federal. Também estão previstos debates sobre crédito, assistência técnica, educação no campo e criação de novos assentamentos em Mato Grosso do Sul.

Participam do seminário a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, a secretária-executiva do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Fernanda Machiaveli, representando o ministro Paulo Teixeira, bem como o presidente do Incra, César Aldrighi.

O evento começou com a entrega de documentos que representam diferentes etapas da reforma agrária em Mato Grosso do Sul. Famílias de Sidrolândia, Nioaque e Campo Grande receberam Títulos de Domínio, que garantem a posse definitiva da terra e permitem registrar a propriedade em cartório.

Já às famílias de Dois Irmãos do Buriti foram entregues contratos de concessão de uso, que asseguram o direito de morar e produzir nos lotes, mas ainda não implicam a transferência definitiva da propriedade, funcionando como uma etapa intermediária até o título final.

Também foram assinados contratos do Programa Nacional de Crédito Fundiário para famílias da Fazenda Três Meninas, no valor de R$ 3,8 milhões, recurso que possibilita a compra de terras e investimentos produtivos.



Reforma parada - Em julho, o MST divulgou uma carta aberta criticando a paralisação da reforma agrária no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o início do governo, apenas 3.353 famílias foram assentadas no país, nenhuma delas em Mato Grosso do Sul. A promessa de campanha era beneficiar 65 mil famílias acampadas.

Segundo o MST, o movimento mantém dez acampamentos no Estado, com 3.044 famílias, enquanto o total de famílias à espera chega a 15 mil. No Brasil, são 122 mil famílias em 1.250 acampamentos.

O Incra em MS confirmou que ainda não houve assentamentos no Estado no atual governo, mas informou que quatro novos projetos de assentamento estão em fase de finalização: dois em Anaurilândia, um em Cassilândia e outro em Mundo Novo, com capacidade para 500 famílias. O plano é assentar entre 5 mil e 7 mil famílias até 2026.