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Meio Ambiente

“É como ganhar na Mega”, diz biólogo ao flagrar maior águia do mundo com presa

Imagem foi feita nesta segunda-feira, no Maciço do Urucum, em Corumbá, onde casal de aves é monitorado

Por Gabriela Couto | 22/10/2024 14:09
Harpia macho voando no céu de Corumbá, agarrado com a presa, um macaco bugio fêmea (Foto: Gabriel Oliveira/Icterus Ecoturismo)
Harpia macho voando no céu de Corumbá, agarrado com a presa, um macaco bugio fêmea (Foto: Gabriel Oliveira/Icterus Ecoturismo)

Um dia que promete ser inesquecível para a comunidade de biólogos e amantes da natureza, Gabriel Oliveira de Freitas, sócio-proprietário da Icterus Ecoturismo e Expedições, registrou o que ele chama de "foto da vida". A imagem de uma harpia segurando um macaco bugio foi feita na segunda-feira (21), no Maciço do Urucum, em Corumbá.

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Gabriel Oliveira de Freitas, sócio-proprietário da Icterus Ecoturismo e Expedições, capturou uma imagem rara de uma harpia caçando um macaco bugio no Maciço do Urucum, um evento significativo para a biologia e conservação, já que a harpia é uma espécie ameaçada de extinção. Este registro, considerado por Gabriel como "foto da vida", contribui para o entendimento dos hábitos alimentares dessa ave de rapina, que ocupa o topo da cadeia alimentar nas florestas. A importância do ecossistema local, ameaçado pela exploração mineral, foi destacada por Gabriel, que defende a necessidade de ações conjuntas entre os setores público e privado para preservar a fauna e flora únicas da região.

Ele estava no lugar certo e na hora certa. Após 11 anos fotografando aves, ele capturou o momento exato que a maior ave do mundo abate sua presa. Algo muito difícil de se ver e pouco relatada na ciência. Além da dose de sorte, Gabriel poderá contribuir com os estudos da espécie ao mostrar o hábito alimentar e as estratégias de sobrevivência do animal ameaçado de extinção.

Biólogo e mestre em conservação e desenvolvimento sustentável, Gabriel sabia que um casal de harpias tinha sido avistado no local, desde junho deste ano. “O primeiro avistamento de 2024 foi feito pela bióloga Yasmin Pereira, que estava no projeto de monitoramento Primatas do Urucum. Desde então, temos visitado regularmente a área em busca dessas majestosas águias e de um possível ninho”, explicou.

Nesta semana, a equipe de Gabriel recebeu a visita de William Menq, renomado biólogo ornitólogo e apresentador do canal Planeta Aves. “Ontem, eu e o William estávamos na área onde o casal de harpias já havia sido avistado duas vezes. Enquanto conversávamos sobre a possibilidade de gravar um vídeo sobre as águias de penacho da região, William pegou sua câmera e gravou uma introdução. Ao abaixar a câmera, ele levantou o binóculo, me perguntou o que eu achava importante abordar no vídeo e, enquanto eu começava a responder, ele olhou para as árvores e gritou: “Caramba, a harpia!””, relembra.

Esta foi a sexta vez que Gabriel encontrou uma harpia, mas a primeira vez que presenciou ela com uma presa. “Não é todo dia que se vê uma harpia selvagem em seu ambiente natural. Agora, ver uma harpia selvagem em voo, carregando uma presa. É como ganhar na Mega-Sena”, resumiu.

O registro foi publicado na página dele, no Wikiaves, um site colaborativo brasileiro dedicado à observação, registro e estudo das aves do Brasil. Em poucas horas eram mais de 254 cliques na foto da harpia.

Topo de cadeia - A harpia (Harpia harpyja) é uma ave de rapina imponente e ameaçada de extinção, que ocupa o topo da cadeia alimentar nas florestas.

Essas aves têm uma dieta variada, composta principalmente por mamíferos como macacos, preguiças e quatis, além de aves e outros vertebrados.

Local - O Maciço do Urucum, onde o registro foi feito, é uma área de Matas Secas Chiquitanas, uma das formações geológicas mais antigas do planeta, com mais de 70 milhões de anos. Este ecossistema abriga uma fauna e flora únicas que dependem da conservação da vegetação nativa. No entanto, a exploração mineral, especialmente a mineração de ferro, tem ameaçado esse habitat.

Gabriel enfatiza a necessidade de um diálogo entre os setores público e privado para garantir a preservação dessas espécies e de seu ambiente. "É fundamental que todos os envolvidos elaborem ações conjuntas para proteger esse ecossistema tão valioso", afirmou.

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