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Meio Ambiente

Fogo que engole Pantanal atinge hotel de luxo, "casa" de onças-pintadas e araras

Brigadas privadas foram contratadas para ajudar a apagar fogo que avança feroz junto à ventania

Por Cassia Modena | 02/08/2024 10:55
Vista aérea do Refúgio Caiman, hotel para ecoturismo que fica no Pantanal de Miranda (Foto: Divulgação/Site institucional) 
Vista aérea do Refúgio Caiman, hotel para ecoturismo que fica no Pantanal de Miranda (Foto: Divulgação/Site institucional)

O Refúgio Ecológico Caiman, hotel de luxo localizado em meio ao Pantanal de Mato Grosso do Sul, está em chamas desde ontem (1º). A admissão de turistas no local está suspensa temporariamente devido a isso. Brigadas privadas foram contratadas para apagar o fogo.

As informações foram confirmadas hoje (2) pelo proprietário, o empresário Roberto Klabin. "Houve uma virada inacreditável na noite passada. Os ventos ficaram tão fortes que o fogo chegou aqui e na vizinhança", contou.

Aeronaves próprias do hotel atuam em conjunto às operadas por militares. Corpo de Bombeiros e Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) participam do combate lançando água. Os brigadistas federais também atuam em solo.

Segundo relatório dos bombeiros, as chamas que avançaram para dentro do Caiman começaram a alguns quilômetros dali, em 23 de julho, depois que um caminhão atolado explodiu na região da Nhecolândia. Elas tomaram proporções enormes e foram se alastrando ferozmente, apesar de força-tarefa com combatentes e aeronaves tentarem extingui-las diariamente.

Os ventos que Klabin fala atingiram mais de 50 km/h no Pantanal, segundo monitoramento do Corpo de Bombeiros. Somados à maior temperatura registrada no País – de 38ºC ontem, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) – e cerca de três meses sem chuva significativa, eles formam o cenário ideal para o fogo se espalhar descontroladamente.

Cenas de filme - Em região próxima ao Refúgio Caiman, labaredas e ventos produziram imagens impressionantes ontem (1º). Redemoinhos, poeirão e fumaça que tomavam conta do céu foram filmados por funcionários de fazendas e brigadistas e compartilhadas em grupos de WhatsApp e redes sociais.

Essa região fica na área conhecida como Pantanal do Rio Negro, no Parque Estadual do Rio Negro, formado por RPPNs (Reservadas Particular do Patrimônio Natural) e localizada entre os municípios de Aquidauana e Corumbá.

Segundo apurou o jornal Aquidauana News, foram afetadas a Fazenda Santa Sofia e áreas como Baía Bonita, Bonfim e Carandazal.

Cerca de 300 mil hectares já foram consumidos pelo fogo este ano na região da Nhecolândia, conforme acompanha o proprietário do Refúgio Caiman.

Em todo o Pantanal sul-mato-grossense, o número ultrapassa os 700 mil hectares este ano, mostra o Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro). A perda já é maior que a registrada em 2022 e 2023 inteiros.

Em 2019 - O Caiman já enfrentou o fogo em 2019, quando mais de 35 mil hectares da fazenda foram assolados.

Onças-pintadas clicadas dentro do Refúgio Caiman (Foto: Giovanna Leite/Reprodução/Instagram)
Onças-pintadas clicadas dentro do Refúgio Caiman (Foto: Giovanna Leite/Reprodução/Instagram)
Araras-azuis que moram e se reproduzem na Caiman, sob supervisão de instituto (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)
Araras-azuis que moram e se reproduzem na Caiman, sob supervisão de instituto (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)

A propriedade, além de receber turistas para safári famoso para contemplar a biodiversidade do Pantanal, é sede de dois projetos de conservação natural de destaque.

Um deles é o Onçafari, que protege as onças-pintadas e monitora antas.

O outro é o mantido pelo Instituto Arara Azul para contribuir à ampliação da população da espécie ameaçada de extinção.

Matéria atualizada às 17h14 para acréscimo de informações.

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