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Meio Ambiente

Ibama alerta que eventos climáticos extremos como no Pantanal serão frequentes

Segundo presidente do órgão, seca prolongada e os incêndios são reflexos de uma tendência global

Por Jhefferson Gamarra e Fernanda Palheta, de Corumbá | 31/07/2024 17:40
Avião utilizado no combate a incêndios sobrevoando o Pantanal (Foto: Ricardo Stuckert)
Avião utilizado no combate a incêndios sobrevoando o Pantanal (Foto: Ricardo Stuckert)

Nesta quarta-feira (31), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoou as áreas devastadas por incêndios em Corumbá, a 430 quilômetros de Campo Grande, marcando sua primeira visita ao Pantanal desde o início da atual seca, considerada a mais severa em 70 anos. Acompanhado pelo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, Lula presenciou de perto os danos causados pelos incêndios que têm afetado a região.

Durante a visita, o presidente do órgão ambiental fez um alerta sobre a intensificação de eventos climáticos extremos. Segundo Agostinho, a seca prolongada e os incêndios que afetam o Pantanal são um reflexo de uma tendência global que se tornará cada vez mais comum.

Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, que acompanhou a comitiva presidencial no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)
Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, que acompanhou a comitiva presidencial no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)

"Daqui para frente, os eventos extremos acontecerão em larga escala em todo o mundo e as mudanças climáticas vieram para ficar. O que precisamos é nos antecipar e melhorar nossa capacidade de resposta", afirmou Agostinho, reforçando que a seca prolongada e os incêndios no Pantanal foram previstos pelos órgãos responsáveis, mas a data de início não pôde ser determinada.

Os dados mais recentes indicam que Corumbá é responsável por uma parte significativa dos incêndios no Pantanal. O município, com 4.553 focos de calor registrados, responde por 67,3% do total de focos no bioma neste ano, conforme boletim divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente nesta terça-feira (30). A temporada atual contabiliza 82 incêndios, dos quais 45 foram extintos e 37 permanecem ativos. Desses, 20 incêndios estão controlados, com linhas de controle estabelecidas para conter a propagação.

Comparando os dados de janeiro até o final de julho, houve um aumento alarmante de 1.530% nos focos de calor no Pantanal em relação ao mesmo período do ano anterior. Enquanto em 2023 foram registrados 288 focos, em 2024 já são 4.696. Esse aumento significativo é corroborado pelo Programa BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Agostinho destacou que o Ibama conta atualmente com 2.100 brigadistas em todo o Brasil, sendo 350 em Mato Grosso do Sul. “As mudanças climáticas vieram para ficar e teremos que aprender a conviver e lidar com elas”, afirmou.

Presidente Lula e membros do governo visitando as instalações do Prevfogo em Corumbá (Foto: Henrique Kawaminami)
Presidente Lula e membros do governo visitando as instalações do Prevfogo em Corumbá (Foto: Henrique Kawaminami)

Além de sobrevoar a área afetada pelos incêndios no Pantanal, o presidente Lula sancionou a lei que estabelece a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Este texto é considerado essencial por especialistas da área, pois redefine a abordagem ao combate ao fogo ao criar uma estrutura legal que, embora não elimine os métodos de combate a incêndios, passa a priorizar a prevenção e o manejo cuidadoso do fogo.

“Com a sanção da lei do Manejo do Fogo, deixamos de atuar de forma emergencial em incêndios florestais para adotar uma política pública robusta, com governança própria. Agora, teremos garantidos recursos, estratégias de prevenção e a responsabilização de quem ateia fogo”, destacou o presidente do Ibama.

Entre as novas ferramentas previstas, destaca-se o uso criterioso de queimas prescritas para eliminar matéria orgânica acumulada e evitar a propagação dos incêndios. “A política inclui a cultura do fogo como uma abordagem para combater os incêndios. É um projeto de lei moderno, resultado de um debate de 10 anos com ampla participação da sociedade. Não tenho dúvidas de que a lei representa um marco para o manejo do fogo, mesmo fora da época de incêndios”, concluiu.

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