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Meio Ambiente

Primeira onça morre e outro animal resgatado tem 72 horas para reagir

Principal problema de onças trazidas para a Capital não são as patas queimadas, mas a quantidade de fumaça inalada pelos animais

Lucia Morel | 03/11/2020 17:19
Onça ainda na Base Aérea, antes de ser levada ao CRAS. (Foto: Silas Lima)
Onça ainda na Base Aérea, antes de ser levada ao CRAS. (Foto: Silas Lima)

Morreu uma das duas onças macho que foram resgatadas no Pantanal nesta manhã e chegaram em Campo Grande para tratamento no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). O óbito foi registrado cerca de duas horas após o animal dar entrada no local. A outra tem 72 horas para reagir e sobreviver.

O veterinário do Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Lucas Cazati, responsável técnico do Cras, explica que a causa da morte só será confirmada após a realização da necropsia, amanhã. Ele já havia informado que o período de 72 horas é crítico, porque é o tempo em que o organismo dos animais vai mostrar sua “capacidade de sobrevivência.”

Isso porque os animais foram sedados para que pudessem ser resgatados e medicados com anti-inflamatório, antibiótico e analgésico, além de receber hidratação intravenosa. “Os animais estão sedados e não devem acordar nas próximas horas. Os exames clínicos mostram que as qualidades vitais estão boas: respiração, frequência cardíaca e temperatura. Porém estão muito desidratados”, disse Cazati antes da morte de um dos animais.

Onças são medicadas no Cras. (Foto: Divulgação Imasul)
Onças são medicadas no Cras. (Foto: Divulgação Imasul)

Diante disso, o veterinário lembra que o maior problema dos incêndios não são as queimaduras em si, mas a quantidade de fumaça que os animais inalam ao fugir do incêndio. “Essa tem sido a principal causa de morte entre os animais resgatados no Pantanal”, disse.

Foi identificado, já no Cras esta tarde, que as duas onças tiveram queimaduras de segundo e terceiro graus nas patas. Os ferimentos devem ter ocorrido em menos de uma semana e desde então, não devem ter se alimentado nem bebido água devido à dor intensa, o que contribui para a condição de alta desidratação em que foram encontradas.

A coordenadora do Centro de Reabilitação, Aline Duarte, disse que a intenção é prosseguir o tratamento dos ferimentos com pele de tilápia, terapia já aplicada em outros animais vítimas de queimaduras e que apresentou bom resultado.

As duas onças eram machos ainda jovens, com menos de dois anos de idade, conforme avaliação preliminar. Devem pesar cerca de 70 quilos; na fase adulta um macho pode passar de 100 quilos.

Animais estão sedados e recebendo hidratação intravenosa. (Foto: Divulgação Cras)
Animais estão sedados e recebendo hidratação intravenosa. (Foto: Divulgação Cras)

Resgate - Segundo o Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal de Mato Grosso do Sul), através da médica veterinária Paula Helena Santa Rita, um dos animais resgatados foi visualizado pela primeira vez no domingo, por brigadistas em MS que se deslocavam para a Serra do Amolar, para onde o fogo que voltou no Parque Nacional do Pantanal do Mato Grosso ameaça avançar.

Lá, a equipe filmou uma das onças tentando subir algumas pedras, mas com dificuldade. A segunda onça foi vista no dia seguinte. A partir desse momento, iniciou-se monitoramento, com aviso à região do Acurizal, reserva dentro da Serra do Amolar, e ao Gretap, que formalizaram a busca nesta manhã.

No momento do resgate, a ideia era encontrar apenas a primeira onça avistada, já que a segunda teria sido “perdida” do monitoramento. Assim, equipe se deslocou à região do Acurizal, onde uma das onças foi encontrada numa casa abandonada e para surpresa, a outra também estava lá. “Era pra vir uma onça só, mas no momento do resgate, a outra estava lá também”, disse.

Mais animais –  Total de 18 bichos já foram resgatados e tratados pelo Gretap, maioria estava bastante queimado, debilitado, magro e desidratado, segundo Paula Helena. Além das duas onças macho trazidas hoje ao Cras, uma cutia e uma anta também vieram semanas atrás.

Os demais atendidos, ou foram devolvidos à natureza ou ficaram aos cuidados da Fundação de Meio Ambiente de Corumbá.

 O Gretap é da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e mantém um veterinário, um técnico de campo e três acadêmicos de Medicina Veterinária em plantão, por semanaa, para atender os animais resgatados no Pantanal em Mato Grosso do Sul.

PMA (Polícia Militar Ambiental), IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Cras e CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) fizeram parte do resgate de hoje.

Matéria alterada às 17h30 para acréscimo de informação sobre a morte de uma das onças.

Chegada dos animais na tarde de hoje, em Campo Grande. (Foto: Silas Lima)
Chegada dos animais na tarde de hoje, em Campo Grande. (Foto: Silas Lima)


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