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Meio Ambiente

‘Receita do Diabo’: o que furacões de categoria máxima tem a ver com o Pantanal?

Oceano Atlântico quente promete causar efeitos colaterais que secam o bioma em Mato Grosso do Sul

Por Gabriela Couto | 18/07/2024 13:13
Imagem do espaço mostra a dimensão e o tamanho do furacão Beryl, de categoria 5, que atingiu o Caribe no começo deste mês (Foto: Nasa)
Imagem do espaço mostra a dimensão e o tamanho do furacão Beryl, de categoria 5, que atingiu o Caribe no começo deste mês (Foto: Nasa)

Vai piorar. Esta é a previsão dos cientistas que estudam o clima e não conseguem mensurar os impactos do aquecimento do Oceano Atlântico aliado a La Niña que deve começar nas próximas semanas. O fenômeno de resfriamento do Oceano Pacífico é o principal ingrediente para intensificar a formação de furacões no Atlântico Norte.

Por conta da desordem na temperatura da água entre os continentes, que sistemas atmosféricos estão resultando em furacões, como o Beryl, e a seca extrema no Brasil.

Os ventos que sopram com mais força na parte inferior do Planeta, bloqueiam a umidade que costuma se formar e deveria chegar ao hemisfério Sul. Consequentemente, o Pantanal que já passa pela maior seca dos últimos 70 anos, poderá não receber água na estação da chuva.

“Esse mar mais quente favorece a formação de furacões mais intenso. Tivemos o Beryl fora do período”, explica o coordenador-geral de Operações do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres), Marcelo Seluchi.

Com o oceano mais quente, há mais evaporação e mais chuva no extremo norte da América do Sul, no oceano Atlântico Tropical. “Países como Venezuela, Panamá, Guiana's vão ter a concentração dessas chuvas. E por compensação, essa umidade vai faltar sobre a maior parte do Brasil. Ocorre uma relação indireta entre os fenômenos”.

Para a professora de Oceanografia e clima da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Regina Rodrigues, a chegada da La Niña em um Atlântico que registrou aquecimento sem precedentes, deve ocasionar em uma temporada de furacões acima da média. “É a receita do Diabo para o desenvolvimento de furacões de categoria máxima”, pontuou em entrevista ao jornal O Globo.

Extensão da seca - Os especialistas ressaltam que não tem como ter a dimensão dos efeitos colaterais desse mar quente, com o La Niña. “É um cenário de muita incerteza. Eu não me atreveria a fazer uma previsão da estação chuvosa que deve ser impactada”, assegurou Seluchi.

Ele disse, que apesar do prognóstico negativo, a única boa notícia em meio aos resultados do aquecimento global é que a La Niña não será tão intensa como se havia anunciado. “A La Niña ser fraca passa ser uma boa notícia em meio a tudo isso”.

Porém, o Cemaden não descarta uma situação mais grave para o Pantanal nos próximos meses. A probabilidade é que ocorra a extensão da estação seca no bioma.

“Mato Grosso do Sul está em uma situação mais grave, porque choveu menos do que necessário. O Rio Paraguai está em uma situação crítica e níveis muito baixos. Com isso há uma alta probabilidade de extensão de estação seca.  Muitos incêndios e rios baixos, além da demora para o início chuvoso é muito ruim. Estação chuvosa estava prevista para novembro, mas esse ano, particularmente, pode demorar mais”, lamentou.

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