ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JUNHO, SÁBADO  14    CAMPO GRANDE 19º

Meio Ambiente

"Retrocesso", diz promotor sobre texto que enfraquece licenciamento ambiental

Luciano Loubet, fez duras críticas ao Projeto de Lei 2.159/2021 que foi aprovado pelo Senado

Por Gabriela Couto | 13/06/2025 09:46
"Retrocesso", diz promotor sobre texto que enfraquece licenciamento ambiental
Presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (ABRAMPA), Promotor de Justiça Luciano Furtado Loubet(Foto: Assecom/MPMS)

Durante o seminário “A Justiça e os Desafios Socioambientais Contemporâneos”, realizado nesta quinta-feira (12) no Bioparque Pantanal, o presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), promotor de Justiça Luciano Furtado Loubet, fez duras críticas ao Projeto de Lei 2.159/2021, conhecido por ambientalistas como "PL da Devastação".

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Promotor critica projeto de lei que flexibiliza licenciamento ambiental. Luciano Furtado Loubet, presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), classificou o PL 2.159/2021 como um "grave retrocesso". O projeto, aprovado no Senado, altera o marco legal do licenciamento, isentando atividades de saneamento, infraestrutura e agropecuária do processo. Loubet alerta para a eliminação de mecanismos de controle social e da participação popular em decisões que impactam seus territórios. Ele critica a isenção de licenciamento para obras de saneamento, argumentando que isso compromete o princípio da precaução. O promotor teme a judicialização em massa e a perda de financiamento internacional devido à insegurança jurídica gerada pela flexibilização das regras. Órgãos ambientais e o Ministério Público compartilham das preocupações, questionando a capacidade técnica do Ibama e a constitucionalidade do projeto.

O texto, aprovado recentemente no Senado, estabelece um novo marco legal para o licenciamento ambiental no Brasil. A proposta flexibiliza regras e isenta uma série de atividades do processo de licenciamento, incluindo empreendimentos de saneamento, infraestrutura e agropecuária. Para Loubet, o projeto representa “um grave retrocesso” para o país.

“Você vê que, amanhã, pode se instalar uma boate ao lado da sua casa, emitindo ruídos, e você sequer terá direito a uma audiência pública. É isso que está em jogo com esse projeto: a eliminação de mecanismos de controle social e de participação da população nas decisões que afetam diretamente o seu território”, alertou o promotor.

Loubet também criticou a possibilidade de isenção de licenciamento para obras de saneamento, como a instalação de estações de tratamento de esgoto. Segundo ele, isso compromete o princípio da precaução, fundamental no Direito Ambiental.

“Amanhã pode surgir uma estação de tratamento de esgoto ao lado da sua casa, licenciada automaticamente, sem avaliação técnica adequada, sem o poder público ter verificado se é o melhor local. Precisamos agilizar o licenciamento, sim, mas não podemos abrir mão do controle técnico e social”, afirmou.

Para o presidente da Abrampa, ao eliminar ou fragilizar o licenciamento ambiental, o país corre o risco de judicializações em massa e até de perder financiamento internacional.

“Os bancos internacionais exigem salvaguardas ambientais. Sem regras claras, o Brasil se torna um território de insegurança jurídica e pode perder acesso a recursos fundamentais. Além disso, o mercado global já cobra rastreabilidade e sustentabilidade. Quem desmata, legal ou ilegalmente, está fora das grandes cadeias de consumo, como já avisou a União Europeia”, completou.

A fala de Loubet ecoa preocupações já manifestadas por órgãos ambientais, especialistas e representantes do Ministério Público. Em representação ao Tribunal de Contas da União (TCU), o subprocurador-geral Lucas Furtado pediu que o tribunal analise os impactos da proposta, incluindo a capacidade técnica do Ibama, responsável por mais de 4 mil processos de licenciamento, com apenas 290 servidores.

Segundo o documento, a flexibilização pode comprometer não só a proteção ambiental, mas a própria sustentabilidade dos empreendimentos. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também já declarou que o projeto é inconstitucional e enfraquece órgãos técnicos como o ICMBio, ao relegá-los a um papel apenas opinativo.

O PL 2.159/2021 tramitou por mais de 20 anos no Congresso antes de sua aprovação com 54 votos favoráveis e 13 contrários no Senado. Entre os pontos mais criticados estão as isenções de licenciamento para atividades agropecuárias e projetos justificados por "calamidade pública" ou "soberania nacional".

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias