Óleo de cannabis pode livrar bichos de dores crônicas e ansiedade
Conhecimento combate o preconceito e veterinárias explicam os benefícios do uso em cães e gatos
Canabidiol para pets? A pergunta é sempre motivo de espanto para os donos de cães e gatos. Mas, assim que os veterinários explicam o motivo do uso e os benefícios do óleo extraído da folha da maconha, o medo dá lugar à esperança. Isso porque o tratamento ajuda a combater a ansiedade, estresse, atua como anti-inflamatório e é suporte para quimioterapia. Além de melhorar dores crônicas, ele abre o apetite dos bichinhos e até ajuda na imunidade.
Apesar dos inúmeros estudos sobre o assunto apontarem que o uso é benéfico, o tema polêmico ainda gera resistência por parte dos tutores. A veterinária e neurologista integrativa, Pamella Karina Gomes da Cunha, explica que o conhecimento combate o preconceito e é assim que ela tenta driblar os obstáculos quando apresenta o tratamento aos donos.
“Ainda há resistência principalmente de pessoas que confundem o uso medicinal da cannabis com uso recreativo. Ele é cercado de mitos, mas é importante deixar claro que é um tratamento sério. Tenho tutores considerados conservadores que aderiram ao tratamento”.
O uso é indicado tanto para cães quanto para gatos. Geralmente o recurso medicinal entra na vida dos pets quando os medicamentos tradicionais já não oferecem resultado ou estão prejudicando órgãos como fígado e rim.
“A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”
Anelize Sayuri Yoshikawa, também veterinária, completa que antes de iniciar o uso, é necessário, assim como qualquer intervenção feita com fármacos, saber do histórico respiratório e cardiológico do animal. Assim, será feita a dosagem correta do óleo, que não é ministrado pelo tamanho, mas pela doença e nível da patologia.
“A diferença entre o remédio e o veneno é a dose, já dizia o filósofo Paracelso. Existe um conceito errôneo sobre o uso e que precisa ser explicado aos tutores. Isso também aconteceu com a ozonioterapia, que antes era um tabu, com propagandas negativas e hoje já é muito bem recebida e aceita, pois os animais melhoram de todas as formas, ajudando a dar qualidade de vida aos pets em geral. Creio que com o tempo aconteça da mesma forma com o canabidiol”.
Pamella vai mais fundo e explica o porquê as moléculas presentes no óleo de cannabis são aceitas de maneira eficaz pelo organismo do pet.
“Descobriu-se que a gente tem um sistema que se chama endocanabinoides, sistema endógeno e que nosso próprio corpo produz essas substâncias semelhantes a da planta e por isso a gente consegue reconhecer. Ele é encontrado tanto nos humanos quanto nos animais. É um sistema de controle do equilíbrio do corpo que conta com diversas funções vitais como do apetite, sono, humor e resposta imunológica".
Assim como existe o sistema cardiológico, existe o endógeno, que é microscópico composto por receptores e moléculas. Ela relata que as mais famosas são os CBD, conhecidas como canabidiol e THC, tetrahidrocanabinol.
Fora os benefícios já citados, o óleo tem ganhado destaque no tratamento de diversas condições nos animais por ser mais natural, principalmente em animais com convulsões, doenças neurológicas, alterações comportamentais e artroses.
“Ele atua em várias frentes ao mesmo tempo, não é um medicamento isolado".
Todos cães e gatos podem usar?
O óleo de canabidiol pode ser usado em animais de diversas idades, tamanhos e raças, desde que seja feito com acompanhamento adequado.
“A dosagem é fundamental, por isso precisa ser periódica e contínua. Existem contraindicações - embora CBD seja considerado seguro - para aqueles que têm doenças hepáticas graves, problemas renais avançados, gravidez e interações entre medicamentos. Já os efeitos adversos podem ser em animais com algum tipo de alergia e que tenham maior sensibilidade”.
Reafirmando que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose, a médica veterinária pontua que, em excesso ou na quantidade errada, o óleo pode ser tóxico, como qualquer medicamento. Entre os efeitos do uso inadequado está a desorientação, alteração de frequência cardíaca, letargia e vômitos.
“A gente só precisa encarar a cannabis como um medicamento que requer respeito em relação às doses e acompanhamento para entender a particularidade de cada animal”.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.