Aliança com Murilo em Dourados deflagra guerra no PT
A inusitada aliança com o DEM, definida ontem em Dourados, deflagrou uma guerra na direção do Partido dos Trabalhadores. Água e óleo em âmbito nacional, os partidos se misturaram para a eleição extemporânea, marcada para 6 de fevereiro.
A petista Dinaci Razi será candidata a vice no “chapão” de 15 partidos liderados pelo democrata Murilo Zauith, que ficou em segundo lugar na eleição municipal de 2008.
Se por um lado o presidente do diretório regional do PT, Marcus Garcia, afiança a aliança. Do outro, o vice-presidente Rubens Alves afirma que a direção nacional do Partido dos Trabalhadores, que já havia se manifestado contra a parceria, deve anular a coligação.
Garcia defende que a aliança tem o aval de uma resolução da instância máxima do PT. Segundo ele, o Congresso Nacional do PT definiu em 2008 que o partido, em cidades com menos de 200 mil eleitores, pode fazer alianças com siglas fora da base aliada mediante decisão da direção municipal e a homologação do diretório regional. “Tem aliança do PT com o DEM em Laguna Carapã, onde o prefeito é do DEM e o vice do PT”, afirma.
Para ele, o comando nacional do PT não vetou a parceria, mas apenas recomendou que ela não se concretizasse. Garcia ressalta que o processo eleitoral em Dourados é atípico. “O PT participa da coalizão em favor da cidade. E o Murilo é a pessoa que representa esse sentimento da cidade”, avalia.
Em seguida, frisa que a aliança com o DEM não desvirtuará o partido. “Participar da aliança com o Murilo, com o DEM, não significa mudar nossas bandeiras e princípios do partido, que governou Dourados por 8 anos”.
Erro – Já Rubens Alves afirma que houve um “erro de interpretação” por parte da cúpula petista no Estado. “A resolução nacional, do dia 20 de dezembro, proíbe a aliança, não é apenas uma recomendação”, pondera.
Ele relata que já fez uma nova consulta ao partido, e a proibição foi mantida. Representante da ala dos descontentes quanto à aliança com o DEM, ele recorreu para que a direção nacional interfira na questão. “Neste caso, é preciso apenas fazer cumprir”, enfatiza. Neste cenário, a aliança seria anulada e o PT lançaria candidatura própria. “Por que não fazer coalizão em torno de um candidato do PT?”, questiona.
Segunda maior cidade do Estado, Dourados viu o poder Executivo ruir em setembro do ano passado. Quando a operação Uragano, realizada pela PF (Polícia Federal), revelou esquema de pagamento de propina entre prefeitura, Câmara e empresas. Após ficar mais de 90 dias na prisão, o então prefeito Ari Artuzi (expulso do PDT) e o vice Carlinhos Cantor renunciaram.