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Política

Antes de vir para MS, autor de ataque a Bolsonaro relatou agressões em Minas

Adélio Bispo de Oliveira informou, durante audiência de custódia, ter sido atacado por servidores de unidade prisional; ele confirmou motivação política e religiosa para o atentado

Humberto Marques | 11/09/2018 15:38
Adélio Bispo de Oliveira, durante audiência de custódia, confirmou motivações políticas e religiosas para efetuar ataque. (Foto: Reprodução)
Adélio Bispo de Oliveira, durante audiência de custódia, confirmou motivações políticas e religiosas para efetuar ataque. (Foto: Reprodução)

Na audiência de custódia realizada para definir sua transferência para o Presídio Federal de Campo Grande, Adélio Bispo de Oliveira, preso por esfaquear o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) durante ato político em Juiz de Fora (MG), afirmou se sentir ameaçado por funcionários da unidade penal à qual foi recolhido na cidade mineira. A audiência foi realizada no fim de semana e a transferência para a Capital se deu no domingo (9).

Adélio, durante a audiência, mostrou-se calmo e respondeu às perguntas feitas pela juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho. Representante do MPF (Ministério Público Federal) que participou da audiência apresentou o pedido de transferência do acusado para o sistema federal, que foi reiterado pelos advogados do preso.

O autor foi levado para o Ceresp (Centro de Remanejamento do Sistema Prisional) de Juiz de Fora onde, em audiência, disse dividir uma cela com mais seis detentos. “Na cela tem seis, sete comigo, em uma cela projetada para dois”, afirmou.

Sobre os demais detentos, disse os ver como “pessoal muito humano”. “Todo mundo no mesmo barco, todo mundo cometeu um delito, um erro, todo mundo se respeita”. Por outro lado, referiu-se a outra pessoa na unidade prisional que, segundo ele, cometeu “muito desacato” e fez ameaças, além de lhe pisar os pés por ter “tentado matar os sonhos dele, o presidente dele”.

Motivação – Na audiência, a qual teria apenas o objetivo de avaliar que medidas seriam tomadas em relação à sua prisão, Adélio foi questionado pelos próprios advogados sobre a motivação do crime, confirmando que o “incidente” ou “imprevisto” que terminou “de forma problemática” foi motivado por discordâncias em relação ao que apregoa Bolsonaro.

Agressor de Bolsonaro está no presídio federal de Campo Grande. (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)
Agressor de Bolsonaro está no presídio federal de Campo Grande. (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)

“Não saberia nem expressar, mas o fato ocorreu, entendeu? Houve um ferimento, correto? Embora pretendíamos pelo menos dar uma resposta, um susto, alguma coisa dessa natureza, entendeu?”, declarou, reforçando se sentir “literalmente ameaçado” por Bolsonaro. O ataque, confirmou Adélio, foi baseado em questões políticas e religiosas.

“As duas coisas, eu diria, entendeu? Porque eu, como milhões de pessoas, pelo discurso da pessoa referida, eu me sinto ameaçado, como tantos milhões de pessoas como eu exatamente, de que cedo ou tarde vai cumprir o que promete pelo país todo, contra pessoas como eu”, afirmou, sem dar mais detalhes.

Transferência – A juíza questionou Adélio se tinha receio de permanecer no Ceresp. Em resposta, o autor do ataque disse que, “se fosse depender dos internos, não, mas da maior parte dos agentes aquela intimidação continua, provocação. Ainda falam algumas coisas, batem boca, se posicionam politicamente do lado da outra pessoa, entendeu?”.

Ele ainda foi questionado sobre uso de remédios controlados, informando não fazer uso de nenhum no momento, mas que já havia tomado medicamentos do tipo anteriormente. Na sequência, o MPF apresentou o pedido de transferência para o sistema federal, enquanto seus advogados solicitaram que Adélio passe por perícia para constatação de insanidade mental.

Bolsonaro recebeu os primeiros atendimentos após o esfaqueamento na Santa Casa de Juiz de Fora onde, após estabilizado, foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele sofreu ferimentos nos intestinos grosso e delgado, perdendo muito sangue, e recebeu uma bolsa de colostomia. Ele deve passar por novo procedimento cirúrgico.

Diante do ataque, sua estratégia de campanha foi alterada, com o candidato do PSL se concentrando no contato com o eleitorado pelas redes sociais. Seu candidato a vice, o general Alberto Mourão (PRTB), bem como outros apoiadores, devem assumir as mobilizações de rua.

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