Ex-vereador preso na Uragano recorre à justiça para anular cassação
Defesa alega impedimento de vereadores e conchavo de suplentes
Cassado após ser preso na operação Uragano, o ex-vereador de Dourados, Humberto Teixeira Júnior, pede na justiça a anulação do processo que resultou na perda do mandato.
A defesa do ex-parlamentar alega que os vereadores Gino Ferreira (DEM) e Dirceu Longhi (PT) também foram denunciados na operação da PF (Polícia Federal) e, portanto, estavam impedidos de participar do julgamento de perda do mandato de Humberto Teixeira Júnior.
- Leia Também
- Ex-vereador e assessor presos na Operação Câmara Secreta são soltos
- Segundo MPE, ex-vereador pagou propina de R$ 5 mil para fugir de denúncia
Realizada em setembro de 2010, a Uragano denunciou pagamento de mensalão na Câmara Municipal. Dos 12 vereadores, de Dourados, só três não foram presos: Gino, Longhi e Délia Razuk. Contudo, apenas a vereadora não estava envolvida no esquema de corrupção.
No pedido de anulação, apresentado à 6ª Vara Cível de Dourados, a defesa aponta que os dois vereadores foram impedidos pela justiça de participar do julgamento contra o Paulo Henrique Bambu (DEM), que acabou sendo cassado pela Câmara.
Para a defesa, os suplentes também não poderiam participar do processo de cassação de Humberto Teixeira Júnior. Apesar do suplente direto não ter participado do processo, o ex-vereador alega que houve interesse político “cruzado” e conchavo. Para que todos os suplentes se tornassem titulares. O mandato dele foi cassado no dia 16 de março por quebra de decoro parlamentar.
O ex-vereador chegou a tentar, sem sucesso, que a comissão processante fosse suspensa na justiça. Já no dia da votação, alardeou que denunciaria políticos. Na ocasião, ele chegou à Câmara munido de documentos e prometendo provar a existência de um esquema entre os suplentes para cassar todos os parlamentares sob investigação. Contudo, não fez denúncia e acabou cassado.
Atrás das grades - Filho do ex-prefeito de Dourados, Humberto Teixeira, ele já foi preso em outras duas ações policiais. A última foi em abril deste ano na operação “Câmara Secreta” , quando o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) investigou fraudes em empréstimos consignados no legislativo municipal. Ele já foi posto em liberdade.
De acordo com o MPE (Ministério Público Estadual), Humberto Teixeira Júnior pagou propina de R$ 5 mil para o esquema não ser denunciado. Em 2010, a prisão foi na operação Uragano, que derrubou o primeiro escalão da prefeitura.
Foram presos o prefeito Ari Artuzi, o vice Carlinhos Cantor, secretários, vereadores e empresários. Ao todo, 60 pessoas foram indiciadas por formação de quadrilha, fraude de licitações e desvio de recursos públicos.
Em 2009, o ex-vereador foi alvo da operação Owari, também da PF (Polícia Federal). Foram investigados vereadores, servidores públicos e empresários com negócios de Dourados, Ponta Porã e Naviraí, suspeitos de fraudar licitações para assumir o monopólio de serviços públicos de transporte, saúde, limpeza pública e funerária. O ex-vereador não foi localizado pela reportagem.