Jantar da Fiems com deputados e Riedel é palco para agenda política da indústria
No inicio deste ano, o setor industrial falava em cerca de 25 mil vagas abertas sem candidatos a emprego

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul recebe nesta terça-feira (24), às 19h, um jantar oferecido pela Fiems (Federação das Indústrias de MS) que promete ir além da diplomacia institucional.
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A Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) promove jantar com o governador Eduardo Riedel e deputados estaduais para discutir a escassez de mão de obra qualificada no estado, que registra cerca de 25 mil vagas em aberto no setor industrial. O encontro também abordará acordos firmados com o Ministério do Trabalho para facilitar a contratação de trabalhadores paraguaios e o programa Inclusão Produtiva Ascende Brasil, que visa qualificar beneficiários do Bolsa Família. Além disso, serão apresentadas ações de sustentabilidade empresarial e o panorama econômico do estado.
Com presença confirmada do governador Eduardo Riedel (PSDB), do presidente da Casa, Gerson Claro (PP), e dos 23 deputados estaduais, o encontro foi articulado como uma ofensiva estratégica do setor industrial para pautar o Legislativo sobre demandas urgentes, especialmente a qualificação de mão de obra e a sustentabilidade empresarial.
Apesar de os parlamentares reforçarem que apenas cederam o espaço para o evento e que o convite partiu da Fiems, a expectativa nos bastidores é de que a reunião sirva como um termômetro político para novas políticas públicas voltadas à capacitação profissional e à inclusão produtiva. "É uma chance de ouvir diretamente o setor produtivo e alinhar esforços com o Executivo", admite um deputado da base governista, sob reserva.
No centro das preocupações da Fiems está o déficit de mão de obra qualificada. Segundo dados apresentados no início do ano pela entidade, cerca de 25 mil vagas industriais seguem abertas por falta de profissionais aptos — um obstáculo que ameaça o ritmo de expansão de setores estratégicos como celulose, metalmecânica e alimentos.
A federação, presidida por Sérgio Longen, vem buscando respostas práticas. Um dos destaques do jantar será a apresentação de parcerias já firmadas com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e com a Câmara de Comércio Paraguai-Brasil, que visam legalizar e capacitar trabalhadores paraguaios. A proposta inclui emissão de documentos (como CPF e carteira de trabalho), cursos de português e formação técnica aplicada pelo Senai.
"Não se trata apenas de importar mão de obra, mas de regularizar e aproveitar quem já está aqui e quer trabalhar", afirma Longen. Ele defende que a iniciativa, além de suprir a demanda industrial, pode prevenir situações de informalidade e exploração.
Outro ponto politicamente sensível que deve ganhar holofotes no jantar é o programa Inclusão Produtiva Ascende Brasil, recentemente aprovado pelo Ministério do Desenvolvimento Social. A iniciativa permitirá que beneficiários do Bolsa Família sejam capacitados para vagas industriais sem perder o benefício durante o período de experiência — um modelo de transição que pode servir de referência nacional, segundo articuladores do programa.
O discurso da Fiems também deve passar pela sustentabilidade, com a apresentação de resultados iniciais de consultorias sobre uso de energia renovável e redução de carbono em empresas locais. Trata-se de um esforço para mostrar que a indústria sul-mato-grossense está atenta às exigências ESG (ambientais, sociais e de governança), cada vez mais valorizadas em mercados nacionais e internacionais.
Cenário político: quem ganha e quem se posiciona
O encontro tem forte simbolismo político. A presença do governador Eduardo Riedel demonstra prestígio e alinhamento entre o Executivo e o setor produtivo, um dos pilares do seu plano de desenvolvimento econômico.
Para os deputados, especialmente os que vislumbram voos maiores em 2026, o jantar é uma vitrine para mostrar proximidade com a indústria — e sensibilidade às pautas do emprego, geração de renda e inclusão social.
Embora sem pauta formal divulgada, o evento já é tratado nos bastidores como o início de uma nova costura institucional entre Fiems, Assembleia Legislativa e Governo do Estado — uma aliança que pode render frutos concretos, inclusive em ano pré-eleitoral.