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Política

Julgamento deveria ser nas urnas, argumentou prefeito cassado

Álvaro Urt admitiu inexperiência e alegou excesso de burocracia imposta a gestores para convencer vereadores a mantê-lo no mandato

Anahi Zurutuza | 29/09/2020 14:20
Prefeito durante argumentação na Câmara de Bandeirantes (Foto: Reprodução)
Prefeito durante argumentação na Câmara de Bandeirantes (Foto: Reprodução)

Antes da Câmara de Bandeirantes decidir cassar o mandato da Álvaro Urt (DEM) nesta manhã, o prefeito se defendeu argumentando ser inexperiente na gestão público e apelando para que vereadores permitisse que ele fosse julgado nas urnas. “Deem a oportunidade para que o eleitor faça esse julgamento, no dia 15”, finalizou a defesa durante a sessão do Legislativo.

A decisão dos vereadores a 47 dias das eleições complica a candidatura de Urt à reeleição. Se por algum outro motivo a cassação não for derrubada, o mandatário fica inelegível.

O chefe do Executivo de Bandeirantes perdeu o cargo acusado de peculato, fraude em licitação, falsidade ideológica e corrupção passiva. Em junho deste ano, a prefeitura foi alvo da Operação Sucata Preciosa, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que investigou a celebração de contratos com empresas privadas para manutenção de veículos da frota municipal, onde foi apurada a emissão de notas “frias”, já que serviços não teriam sido prestados, com parte da frota sucateada nos pátios das Secretarias de Obras e Saúde.

Durante a defesa, Álvaro Urt não fez comentários específicos sobre as acusações. Apenas lembrou que assumiu a prefeitura “em péssimas condições”, além de reclamar do excesso de burocracia enfrentada pelos gestores.

O até então prefeito afirmou que nunca foi político, disse que foi surpreendido há quatro anos com o convite para ser candidato e depois, com a vitória nas eleições. Por fim, admitiu a inexperiência na gestão pública. “O parque de máquinas da prefeitura é carente, caminhões velhos, veículos velhos. E nós temos de ser eficientes. O princípio maior da Constituição é o princípio da eficiência. Mas, você, de outro lado, tem o excesso de burocracia e o excesso de formalismo das leis”.

Sem se referir diretamente às contratações supostamente irregulares, Urt reclamou das dificuldades para “por a máquina para funcionar”. “Quero ressaltar aqui a burocracia da Lei de Licitações, ela peca por um rigor que muitas vezes não atende ao interesse público. Para nós o que importa? A forma ou o conteúdo?”.

De novo sem citar os contratos alvo da operação, o agora prefeito cassado apelou para Deus. “Não posso deixar de fazer um comentário. As leis, as leis humanas, não são absolutas, elas são relativas. Absoluta é só a lei de Deus, a lei do Universo é absoluta”.

A sessão foi transmitida ao vivo no Facebook da Câmara de Bandeirantes.

O Campo Grande News tentou conversar com o prefeito para saber se ele manterá a campanha eleitoral, se vai recorrer da decisão da Câmara e de que forma, mas ele não atender as ligações. Se nada mudar, o vice-prefeito Luiz de Sousa Meira (Patriota) assume o cargo de chefe do Executivo até o fim deste ano.

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