ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 22º

Política

Justiça manda Assembleia decidir se Jamilson Name usará tornozeleira

Magistrado rejeitou pedido de prisão do Gaeco, mas entendeu que parlamentar, réu em processo, deve ser monitorado

Marta Ferreira | 18/01/2021 18:29
Foto de deputado no escritório político foi anexada ao processo. (Foto: Reprodução redes sociais)
Foto de deputado no escritório político foi anexada ao processo. (Foto: Reprodução redes sociais)

No meio do recesso, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul terá decisão complexa para tomar. Em despacho desta segunda-feira (18), o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, rejeitou pedido de prisão para o deputado estadual Jamilson Name (sem partido), mas entendeu que devem ser aplicadas medidas cautelares, entre elas o monitoramento por tornozeleira eletrônica e o recolhimento domiciliar à noite, além do impedimento de deixar a cidade.

Só que, de acordo com a decisão, quem vai dar a palavra final são os colegas do parlamentar, réu em ação derivada da operação Omertà.

Jamilson é apontado na denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) como chefe de organização dedicada à exploração do jogo do bicho em Campo Grande e outros municípios.

De acordo com a investigação jornalística do Campo Grande News, foi aplicada pelo juiz avaliação semelhante a casos como o do deputado federal Aécio Neves (PSDB). Na época em que ele era Senador, o Legislativo foi consultado sobre decisões judiciais contra o político.

Há entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) nesse sentido, quando a decisão judicial interfere na atividade parlamentar.

Policial civil chega à casa de Jamilson Name com contador de dinheiro durante a fase "Arca de Noé" da operação Omertà, em dezembro. (Foto: Marcos Maluf)
Policial civil chega à casa de Jamilson Name com contador de dinheiro durante a fase "Arca de Noé" da operação Omertà, em dezembro. (Foto: Marcos Maluf)

Quanto ao processo penal contra Jamilson correr em primeiro grau, o mesmo Supremo já decidiu não caber a aplicação do foro privilegiado quando os crimes investigados não têm relação com a função pública.

À parte - O pedido de prisão está em peça apartada da denúncia, na qual o Gaeco diz que Jamilson assumiu o comando da organização após a prisão do pai, Jamil Name, e do irmão, Jamil Name Filho. Ambos estão no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) desde então.

Segundo a peça acusatória, recebida pelo juiz na sexta-feira passada, a empresa de títulos de capitalização Pantanal Cap, da qual o deputado é sócio, é usada para lavar dinheiro do jogo ilegal. Ele também foi acusado de lavagem de capitais.

O que o Gaeco pede – No documento, os promotores usam as informações apuradas por força-tarefa da Polícia Civil para mostrar a conexão entre o jogo do bicho e a empresa, e com isso apontar Jamilson Name como líder, função assumida depois da prisão do pai e do irmão.

Ao fim, pedem a condenação pelos crimes já citados, a perda da função pública e ainda que sejam sequestrados R$ 89 milhões em bens dos Name, identificados durante as ações da 6ª fase da Omertà, batizada de “Arca de Noé”. A ação ocorreu em 2 de dezembro de 2020.

São 15 pessoas denunciadas neste processo, das quais 12 estão presas. Um 16º acusado, Claudio Moraes, o “Cláudio BX”, morreu depois de pegar covid-19 no presídio.

Sobre a ação penal, os advogados vão ser notificados agora para apresentar a defesa prévia. Em relação às medidas cautelares contra Jamilson, a Assembleia Legislativa vai ser informada nesta semana de que precisa decidir sobre o assunto.

Os parlamentares terão de fazer votação, como se fosse um projeto, e a aprovação deve ser por maioria. Eles podem chamar sessão extraordinária, ou esperar o retorno dos trabalhos, em fevereiro.

Jamilson Name foi procurado pelo Campo Grande News. Disse que vai se manifestar após tomar conhecimento oficial do despacho judicial.

Nos siga no Google Notícias