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Política

Justiça tenta há 10 dias notificar Ruiter, suspeito de comprar votos

Ricardo Campos Jr. | 04/11/2016 17:29
Ruiter Cunha, prefeito eleito de Corumbá (Foto: divulgação)
Ruiter Cunha, prefeito eleito de Corumbá (Foto: divulgação)

A Justiça Eleitoral tenta notificar, há cerca de dez dias, o prefeito eleito de Corumbá para que ele se defenda em ação por abuso de poder econômico, uso indevido de meio de comunicação e compra de votos. Ruiter Cunha (PSDB) tem residência fixa e até agendou entrevista em rádio no município localizado a 419 quilômetros da Capital, mas ainda não foi encontrado para ser avisado oficialmente do processo.

Segundo informações do cartório da 7ª Zona Eleitoral, o mandado com a notificação ainda não retornou para ser anexado ao processo.

Conforme o sistema de processos do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), a notificação dos investigados para encaminharem defesa foi expedida no dia 25 de outubro.

Nesta sexta (4), Ruiter tinha entrevista na Rádio Difusora de Corumbá, mas desmarcou o compromisso alegando agenda na Capital. A participação foi remarcada para a próxima terça-feira (8).

O Campo Grande News tentou falar com o prefeito eleito, mas ele não atendeu as ligações e não deu retorno sobre o assunto até a publicação desta reportagem.

Suspeitas - A ação contra Ruiter e o vice, Irailton Oliveira Santana (PSDB), foi protocolada pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) no dia 24 de outubro. Ela pede a cassação do registro ou diploma (caso a sentença saia após a posse) e a declaração de inegibilidade, o que forçaria a realização de um novo pleito.

Em nota, o Ministério Público aponta a existência de indícios do oferecimento de vantagens pessoais aos eleitores e transporte no dia da votação, o que é vedado pela legislação.

O comunicado não traz detalhes a respeito da existência de provas e do conteúdo das denúncias, assinadas pelos promotores Ana Rachel Borges de Figueiredo Nina e Manoel Veridiano Fukuara Rebello Pinho. O texto diz apenas que “o abuso de poder, em qualquer de suas formas, influencia o resultado das eleições e macula a vontade popular, comprometendo a legitimidade do mandato político obtido”.

No dia das eleições, segundo informações apuradas pelo Campo Grande News, policiais federais fizeram buscas na casa de Baianinho, segundo parlamentar mais votado. Na ocasião, ele jogou o celular na casa do vizinho, que entregou o aparelho aos agentes. Além disso, teriam sido encontradas imagens de eleitores nas urnas comprovando o voto.

Eleito com 23.566 votos, Ruiter já foi prefeito de Corumbá. Entre 2012 e 2013, a gestão foi alvo de duas operações da Polícia Federal: Decoada e Cornucópia.

A primeira investigou fraudes em licitação. A segunda foi desencadeada a partir de denúncias de fraude na folha de pagamento dos servidores da prefeitura para a contratação de empréstimos consignados. Na época, em 2013, o prejuízo aos cofres públicos chegou a R$ 15 milhões.

Em maio do ano passado, a juíza Luiza Vieira Sá de Figueiredo, da Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos, suspendeu os direitos políticos de Ruiter Cunha em denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) por improbidade administrativa. Contudo, ele recorreu ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e por isso disputou a eleição, mas o processo segue em tramitação e pode resultar em condenação.

Ruiter declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 532.479,40. A campanha teve arrecadação de R$ 207.274,00, com despesa contratada de R$ 204.201,00.

Já Irailton Santana foi presidente do Sindicato dos Taxistas e declarou bens de R$ 300 mil à Justiça Eleitoral. Do total, R$ 50 mil era de dinheiro em espécie e R$ 250 mil de um imóvel.

A campanha do candidato teve receita de R$ 31.627 e despesa contratada de R$ 12.400. A reportagem não conseguiu contato com o vereador eleito.

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