Ministra tenta separar governo e eleição, mas movimentação em MS mostra o oposto
Em meio a viagens e entregas no Estado, Simone Tebet não admite planos, mas mantém foco no eleitorado regional

Nos últimos dias, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), transformou Mato Grosso do Sul em seu principal local de trabalho. Em meio a uma agenda de compromissos públicos, visitas a obras, assinaturas de convênios e encontros com lideranças políticas, a ministra tem passado mais tempo no Estado do que em Brasília, o que, nos bastidores, é visto como um movimento de pré-campanha velada para as eleições de 2026, quando ela é apontada como provável candidata ao Senado.
RESUMO
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A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, tem intensificado sua presença em Mato Grosso do Sul, participando de eventos, visitas a obras e encontros com lideranças políticas. Embora negue articulações antecipadas, sua movimentação é interpretada como preparação para possível candidatura ao Senado em 2026. Em meio a sondagens de outros partidos, especialmente do PSB, Tebet mantém agenda intensa no estado, incluindo participações em cerimônias, assinaturas de convênios e visitas técnicas. A ministra reafirma sua ligação com o MDB e com Mato Grosso do Sul, onde construiu sua carreira política, mas não descarta completamente mudanças futuras em seu trajeto político.
Apesar da sequência de compromissos com forte conotação política, Tebet tem procurado negar qualquer articulação antecipada. Nesta quarta-feira (8), durante evento na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, a ministra afirmou que ainda não há decisão sobre candidatura e que as conversas eleitorais serão feitas apenas no fim do ano.
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“Veja, eu não posso tratar daquilo que não fui provocada ainda. Então, o que eu tenho hoje? Eu sou sul-mato-grossense, meu domicílio eleitoral é em Mato Grosso do Sul. E se eu for candidata, porque o presidente Lula entende que acha que é importante eu ir por um processo eleitoral. Mas se eu for candidata, quando eu tiver essa conversa com o presidente, que provavelmente vai ser no final do ano ainda, lá para dezembro, o que meu coração pede é ser candidata por Mato Grosso do Sul”, afirmou.
A fala tenta conter especulações sobre seu futuro político e, ao mesmo tempo, reforça a ligação com o Estado onde construiu sua trajetória política, foi deputada estadual, prefeita de Três Lagoas, senadora e candidata à Presidência da República em 2022. Ainda assim, a movimentação recente tem despertado atenção pelo caráter simbólico das agendas, que incluem entregas de obras, visitas técnicas e encontros com prefeitos, deputados e lideranças locais.
Nos últimos meses, Tebet tem sido alvo de sondagens de outros partidos, especialmente do PSB, legenda que abriga outros ministros próximos ao presidente Lula e que tem buscado nomes competitivos para 2026. Questionada sobre essa possibilidade, a ministra deixou espaço para interpretações.
“É natural que outros partidos nos procurem, não procurem só a mim, procurem outros ministros também. Alguns partidos já me sondaram? Sim, já me sondaram. Você quer mudar de partido? A resposta que eu dei: olha, eu sou do MDB desde criancinha, eu nasci dentro do partido, eu sou fiel até nisso, né? Um único namorado, um único marido e um único partido”, respondeu brincando.
Ainda que tenha reforçado a fidelidade partidária, a ministra não descartou completamente a chance de mudança. “Mudar de partido para mim, ou mudar de domicílio eleitoral, seria uma cultura muito difícil para minha vida. Então, o que eu tenho hoje, se eu for candidata, serei candidata por Mato Grosso do Sul. Ah, muita coisa pode acontecer? Pode acontecer, mas essas conversas não chegaram até mim. Então, eu não vou falar em cima daquilo que é possível, quem sabe, talvez, de acontecer”, disse.
As agendas oficiais reforçam a percepção de que Tebet tem usado o cargo ministerial para estreitar laços locais e manter visibilidade política. Desde o início de setembro, ela participou da Abertura da Rodada de Negócios da Rota Bioceânica, em Campo Grande, que reuniu empresários e autoridades; se reuniu com o deputado estadual Paulo Duarte (PSD) e o prefeito de Corumbá, Gabriel Alves de Oliveira (PSD); discursou na 49ª Reunião Anual da Rede Federal de Educação Profissional, em Bonito; e esteve na Assembleia Legislativa, onde participou de cerimônia de entrega de títulos e reuniões com gestores estaduais.
Em seguida, passou por Ponta Porã, onde acompanhou visitas a obras da Escola Estadual Adir Teixeira, do Parque Tecnológico e de Inovação e da creche CEIMPP, e assinou um acordo com o Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul). No dia 24, esteve em Campo Grande em evento sobre a Parceria Público-Privada do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul e, no dia seguinte, assinou novo acordo do Focem com o município de Corumbá.
Na semana passada, retornou ao Estado para visitar a ponte da Rota Bioceânica, obra central na integração entre Brasil, Paraguai, Chile e Argentina, e participou de uma recepção ao presidente paraguaio Santiago Peña, ao lado de lideranças regionais e federais.
Nesta quarta-feira (8), voltou novamente a Campo Grande, acompanhada da primeira-dama Rosangela Lula da Silva, a Jana, e da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, em compromissos ambientais e sociais, incluindo visita ao Instituto Tamanduá e a oficina “Vozes dos Biomas – Pantanal”.
Nos bastidores, o ritmo de visitas da ministra em Mato Grosso do Sul não é visto apenas como algo institucional. Tebet tenta preservar seu espaço político no Estado após ter ganhado projeção nacional no governo Lula, mas sem se afastar da base regional que a elegeu. A estratégia é visível: mostrar presença, fortalecer alianças e associar seu nome a entregas concretas do governo federal, especialmente em infraestrutura e planejamento.
Apesar disso, Simone Tebet insiste no tom cauteloso, repetindo que “2026 será tratado apenas em 2026”. Mas a movimentação no calendário e a intensidade de suas viagens mostram que, mesmo sem admitir, a ministra já começou a preparar o terreno político para uma disputa que, oficialmente, ainda não começou.