ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
MAIO, QUINTA  08    CAMPO GRANDE 28º

Política

PF vasculhou Gerência de Regularização Fundiária e Cartografia da Agraer

Por Ângela Kempfer | 08/05/2025 12:55
PF vasculhou Gerência de Regularização Fundiária e Cartografia da Agraer
Polícia Federal amanheceu na porta da Agraer, no Parque dos Poderes. (Foto: Marcos Maluf)

Operação contra grilagem de terras da União vasculhou a Gerência de Regularização Fundiária e Cartografia da Agraer. Segundo diretores do órgão, foi o único local com documentação apreendida. Um dos oito alvos da ação nesta quinta-feira é, justamente,  gerente do setor, Jadir Bocato.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Polícia Federal investiga grilagem de terras no Pantanal Sul-Mato-Grossense. A operação, deflagrada nesta quinta-feira, cumpriu mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Rio Brilhante, mirando servidores públicos, empresários e uma produtora rural. O esquema envolvia a falsificação de documentos para a apropriação ilegal de terras da União em área de proteção ambiental. Entre os alvos, estão o ex-diretor-presidente da Agraer, André Nogueira Borges, e o atual gerente de Regularização Fundiária e Cartografia do órgão, Jadir Bocato. A Justiça determinou o bloqueio de bens e valores que podem ultrapassar R$ 3 milhões. A Agraer, alvo das buscas, afirma que acompanha a operação e tomará as medidas cabíveis.

O atual diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman de Souza, e o diretor-executivo, Marcos Roberto Carvalho de Melo, conhecido como Betão, acompanharam todo o trabalho da Polícia Federal. Ambos assumiram em 2023,  depois das irregularidades que levaram à operação de hoje, na avaliação do diretor-executivo. "Washington e eu nem sequer somos citados, por isso a avaliação de que é algo antigo", justificou Betão.

Pelo menos oito pessoas foram identificadas como alvos da Polícia Federal para desarticular um esquema de grilagem de terras da União no Pantanal sul-mato-grossense. Além de quatro servidores públicos, a ação investiga dois empresários, um funcionário de empresa privada e uma produtora rural. A Justiça também determinou o bloqueio de bens e valores que podem ultrapassar R$ 3 milhões.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em 11 endereços, sendo 10 em Campo Grande e um em Rio Brilhante. Entre os alvos, está o ex-diretor-presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) o agrimensor André Nogueira Borges (PSDB), que atualmente atua em Rio Brilhante.

Além de André e  Jadir Bocato, ambos servidores da Agraer, são alvo o agrimensor Josué Ferreira Caetano, servidor da mesma autarquia e o procurador de entidades públicas Evandro Efigênio. Todos têm cargos ligados direta ou indiretamente à regularização de terras.

No setor privado, os empresários Mario Maurício Vasques Beltrão e Bruna Feitosa Beltrão, pai e filha, sócios da Toposat Engenharia, especializada em topografia e projetos ambientais, também estão na mira da investigação, assim como o funcionário da empresa Nelson Luís Moía. A produtora rural Elizabeth Peron Coelho completa a lista de investigados.

A sede da Toposat, localizada no bairro Jardim Autonomista, em Campo Grande, foi um dos primeiros locais alvos da operação, iniciada por volta das 5h. Agentes da PF permaneceram por horas no interior do prédio, enquanto os demais funcionários ficaram do lado de fora. Também houve buscas em imóveis de alto padrão, como no condomínio Terraville, no Parque dos Poderes.

Esquema de fraudes - De acordo com a Polícia Federal, o grupo é suspeito de fraudar processos de regularização fundiária para se apropriar ilegalmente de terras da União, situadas dentro da área de proteção do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, localizado na faixa de fronteira.

A fraude consistia na falsificação de documentos e na inserção de informações inverídicas nos processos administrativos. Segundo a investigação, os envolvidos ocultavam deliberadamente que as terras pertenciam à União, condição que retiraria a competência da Agraer para regularizar as áreas.

Com isso, os processos eram autorizados dentro da autarquia estadual, e em alguns casos seguiam até etapas avançadas. Quando a fraude era descoberta, os trâmites eram suspensos sob a justificativa de erro de avaliação.

A atuação irregular também incluía a emissão indevida de CRAs (Cotas de Reserva Ambiental) e TCRAE (Títulos de Cota de Reserva Ambiental Estadual), documentos que facilitariam a apropriação das áreas.

A reportagem tentou contato com os investigados e com os representantes da empresa Toposat, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O Governo do Estado divulgou nota curta, na qual afirma que “acompanha a operação” e que “medidas cabíveis serão tomadas conforme o andamento das investigações”.

Nos siga no Google Notícias