Ex-presidente da Agraer, empresários e fazendeira estão entre os alvos da PF
André Nogueira Borges trabalha em Rio Brilhante, onde aconteceu uma das diligências da PF

Pelo menos oito pessoas foram identificadas como alvos da Operação Terra Nullius, que mira esquema de grilagem de terras da União no Pantanal sul-mato-grossense. Entre elas estão quatro servidores públicos, dois empresários, um funcionário de empresa privada e uma produtora rural. A investigação também resultou no bloqueio de bens e valores que podem ultrapassar R$ 3 milhões.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Operação da Polícia Federal investiga grilagem de terras da União no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Oito pessoas são alvos da operação, incluindo ex-presidente da Agraer, empresários e produtora rural. A PF cumpre mandados em Campo Grande e Rio Brilhante. O esquema envolvia falsificação de documentos e inserção de dados falsos em processos de titulação de terras. Os investigados omitiam que as áreas pertenciam à União para obter registros irregulares via Agraer. Mais de R$ 3 milhões em bens e valores foram bloqueados. A polícia investiga a participação de servidores públicos e empresários do ramo de topografia.
Os mandados de busca e apreensão são cumpridos em 10 endereços de Campo Grande e um em Rio Brilhante, onde trabalha o ex-diretor-presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e agrimensor André Nogueira Borges (PSDB).
O gerente de Regularização Fundiária e Cartografia Jadir Bocato, o procurador de entidades públicas Evandro Efigênio e o agrimensor Josué Ferreira Caetano também são alvos de diligências.
A lista inclui também os empresários Mario Maurício Vasques Beltrão e Bruna Feitosa Brandão, donos da Toposat Engenharia — empresa especializada em topografia e projetos ambientais — além do funcionário Nelson Luís Moía, que também atua na empresa. Outra pessoa investigada é Elizabeth Peron Coelho, produtora rural com propriedades na região pantaneira.
Desde as 5 horas, agentes da PF estão na sede da Toposat, no Jardim Autonomista, em Campo Grande. A informação é que apenas os donos da empresa e policiais estão no interior do prédio, enquanto os demais permanecem do lado de fora.
Esquema de fraude com terras da União - De acordo com a PF, a investigação aponta que os envolvidos atuavam na falsificação de documentos e inserção de dados fraudulentos em processos administrativos de titulação fundiária. O objetivo era obter terras da União localizadas dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, na faixa de fronteira.
A estratégia passava pela emissão irregular de CRAs (Cotas de Reserva Ambiental) ou TCRAE (Título de Cota de Reserva Ambiental Estadual). Para viabilizar os registros, os investigados teriam omitido, de forma deliberada, que as áreas pertenciam à União — o que tornaria a Agraer incompetente para decidir sobre a destinação das terras.
Mesmo com essa irregularidade, os processos avançavam dentro da autarquia estadual. Em alguns casos, quando a fraude era descoberta, os trâmites eram interrompidos sob alegação de erro de avaliação da titularidade.
Além da sede da empresa, policiais federais também estiveram na sede da Agraer e em condomínios de luxo, como o Terraville, no Parque dos Poderes. Os demais locais alvos de buscas ainda estão sendo identificados.
A reportagem tentou contato com representantes da Toposat, mas não obteve retorno até a publicação. Também não conseguiu contato com os servidores.
O Governo de Mato Grosso do Sul se limitou a informar que "acompanha a operação". Segundo a nota, “tão logo tenhamos novas informações acerca das investigações, as medidas cabíveis serão tomadas”. Não há qualquer menção a apoio ou atuação conjunta na apuração.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.