STF quebra sigilo bancário de deputados federais citados na Uragano
De acordo com o MPF, Marçal Filho e Geraldo Resende, ambos do PMDB, teriam cometido crimes contra a administração municipal
O STF (Supremo Tribunal Federal) mandou quebrar o sigilo bancário dos deputados federais Marçal Filho e Geraldo Resende, ambos do PMDB, a pedido do MPF (Ministério Público Federal).
O sigilo foi quebrado porque durante investigações sobre possível esquema de corrupção que seria chefiado por Ari Artuzi, quando era prefeito de Dourados, apareceram indícios de envolvimento dos dois deputados.
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“Durante as investigações, surgiram indícios do envolvimento dos deputados federais Geraldo Resende e Marçal Filho na prática de crimes contra a Administração Pública, razão pela qual os autos foram remetidos ao Supremo”, consta no despacho do ministro Marco Aurélio Mendes.
Conforme decisão do ministro, está em investigação a movimentação bancária dos parlamentares - incluindo cartões de crédito, aplicações financeiras e Declarações de Imposto de Renda - compreendida entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2010.
O ministro também mandou que fosse encaminhado, a pedido do MPF, “ofício à Câmara dos Deputados para que informe as emendas parlamentares propostas por Marçal Filho e Geraldo Resende no período de 2008 a 2010”.
Também foi determinado pelo STF que a PF elabore relatório detalhado “sobre todos os elementos obtidos em relação a parlamentares federais no curso da denominada “Operação Uragano”.
Os deputados federais serão chamados para prestar depoimento, assim como Eliandro Passaia, que na época era secretário municipal e colaborou nas investigações.
Fatos- Conforme o MPF, “são de extrema gravidade” os fatos que teriam sido cometidos pelos parlamentares.
Em relação a Marçal Filho, diálogos gravados
apontam que “servidores públicos teriam sido colocados à disposição do parlamentar para trabalhar na campanha eleitoral; a Rádio 94 FM, de propriedade do parlamentar, haveria recebido pagamentos para apoiar a gestão de Ari Artuzi e show promovido pela rádio teria sido pago com recursos municipais destinados à saúde”, consta.
Sobre Geraldo Resende, consta que ele “recebia comissão de 10% sobre as emendas por ele apresentadas, fato confirmado por “Geraldinho da Planacom” em conversa com o então secretário municipal”.
Outro lado - O deputado Marçal Filho não foi localizado pela reportagem do Campo Grande News por telefone.
Geraldo Resende afirma que “ está tranquilo”. “Estou confiante que no fim de tudo sairei com dois atestados: de idoniedade e de pobreza”.
O parlamentar explica que o atestado de pobreza é porque depois que entrou na política seu patrimônio diminuiu. “É muito aquém de quando eu era apenas o profissional da área de saúde”, fala Geraldo, que é médico.
Ele fala ainda que estranha o fato de dois parlamentares do PMDB estarem envolvidos em uma situação supostamente chefiada por um adversário político. “Durante toda a administração do Artuzi fui oposição. Acionei o Ministério Público Estadual e o Federal 18 vezes”.
Geraldo Resende finaliza. “Estou tranquilo. A população, especialmente a de Dourados, me conhece. Eu tranqüilizo meus eleitores”.