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Meio Ambiente

Agências relatam instabilidade e dúvidas sobre a taxa ambiental em Bonito

Alta temporada amplia impacto de sistema novo e o setor alega dificuldade de adaptação

Por Inara Silva | 21/12/2025 16:50
Agências relatam instabilidade e dúvidas sobre a taxa ambiental em Bonito
Balneário municipal de Bonito é um dos atrativos taxados. (Foto: Divulgação)

A TCA (Taxa de Conservação Ambiental) de Bonito entrou em vigor neste sábado (20) em meio à expectativa, questionamentos e críticas do setor turístico. Logo no primeiro dia, agências apontaram instabilidades no sistema, demora no atendimento e insegurança entre os visitantes, agravadas pelo início da cobrança em período de alta temporada, ou seja, época de maior movimento.

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A cobrança da taxa ambiental em Bonito, Mato Grosso do Sul, iniciou com instabilidades no sistema e questionamentos do setor turístico. Agências relatam problemas com pagamentos internacionais e aumento no tempo de atendimento, especialmente crítico durante a alta temporada.O setor hoteleiro registra impacto nas reservas, com ocupação em 70% quando normalmente estaria próxima de 100%. Agentes de turismo criticam a falta de suporte adequado, problemas no sistema de pagamento e questionam o momento escolhido para implementação da taxa, além da ausência de transparência sobre o destino dos recursos arrecadados.

Proprietária das agências Bonito e Pantanal e Acqua, Luciana Garcia Santos e Silva afirma que a equipe recebeu a nova taxa com certo receio, mas foram feitos treinamentos e planejamento, o que facilitou bastante o primeiro dia de trabalho.

“O período escolhido traz risco maior, porque é alta temporada, as pessoas se programaram para a viagem e há uma expectativa envolvida. Mesmo assim, estamos comprometidos em cumprir a lei e somos receptivos a qualquer ação que priorize o meio ambiente em Bonito”, disse.

Segundo ela, as principais dúvidas dos turistas foram práticas: quem paga, como pagar, se é possível parcelar e a idade mínima para cobrança. Ainda assim, Luciana relata que não houve cancelamentos motivados exclusivamente pela taxa.

“Atendemos 180 pessoas no primeiro dia, 166 pagaram a taxa e tudo transcorreu com tranquilidade”, afirmou. Outros 14 visitantes não pagaram porque fizeram passeios em municípios vizinhos.

O principal problema, segundo a empresária, foi a instabilidade no pagamento com cartões internacionais, que dificultou o atendimento a estrangeiros, menos de 10% do público atendido. A Prefeitura, segundo ela, informou que o problema deve ser normalizado até a próxima semana.

“Oscilações eram esperadas em um sistema novo. Fizemos treinamento e nos preparamos para tornar a experiência menos estressante para o cliente”, completou ao lembrar que os problemas ocorridos estavam dentro do padrão esperado.

Na hotelaria, a avaliação é mais crítica. Gerente do Marruá Hotel, Maria Aparecida Sanches afirma que a taxa já pode ter impactado a ocupação. “Nesta época, é comum estarmos com praticamente 100% de lotação e hoje estamos com cerca de 70%. Ainda há vagas para Natal e Réveillon”, disse.

Para ela, o problema não é a taxa em si, mas a forma como foi implantada. “Sou contra a maneira como foi imposta, sem transparência clara e em plena alta temporada. As agências estão sofrendo com um sistema operacional ruim e sem suporte”, avaliou.

Maria Aparecida diz que muitos turistas atribuem a dificuldade às agências, quando o entrave está no sistema. Agente de turismo, Luis Gustavo Ortega de Almeida relata desgaste intenso desde o início da cobrança.

“O sistema colocou mais trabalho para quem é agente e não tem suporte adequado. O cliente paga e o sistema não dá baixa, o valor é estornado ou o cartão internacional não funciona”, enumerou.

Segundo ele, o suporte responde apenas com mensagens automáticas, o que aumenta a frustração dos turistas. “Alguns acham que é golpe”, disse. Luis Gustavo afirma que “prometeram que facilitaria o trabalho das agências, mas hoje somos obrigados a cobrar e acompanhar o pagamento, algo que não deveria ser nossa responsabilidade”, criticou.

Para o agente, o momento escolhido foi o pior possível. “Na alta temporada, o atendimento aumenta muito e estamos trabalhando até 21h ou 22h por conta de uma deficiência do sistema. Isso afasta turistas, que dizem que não compensa vir para Bonito”, afirmou.

Instituída pela Lei Municipal nº 162/2021, com adequações pela Lei Municipal nº 169/2022, a TCA prevê o pagamento de R$ 15,00 por turista a cada passeio visitado. Segundo a Prefeitura, a verba recolhida será destinada ao financiamento das ações ambientais voltadas para a conservação do patrimônio natural do município.

A Prefeitura de Bonito foi procurada para se manifestar a respeito, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto.

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