Vereadores criticam Bernal e dizem que são "60 dias abandonados"
Ao completar os primeiros 60 dias da volta ao Paço Municipal, Alcides Bernal (PP) foi bastante criticado pelos vereadores na sessão de hoje, que consideram que a administração não evoluiu neste período. O parlamentar Chiquinho Teles (PSD) chegou a dizer na Tribuna que foram “60 dias abandonados”, em razão dos problemas enfrentados pela população, como vias com buracos, lixo nas ruas e falta de iluminação pública em diversas partes da cidade.
A vereadora Carla Stephanini (PMDB), que foi oposição ao Bernal na primeira parte do mandato e declarou-se independente na gestão do prefeito afastado Gilmar Olarte, disse que esperava um retorno mais amistoso em relação a Câmara. “Não foram 60 dias apaixonados e pacificados como Campo Grande precisa”, declarou, acrescentando que esperava uma relação de entendimento e harmonia. “Desse jeito vamos terminar os quatro anos estagnados”, afirmou, considerando que é necessária uma nova postura institucional do Executivo com o Legislativo.
Eduardo Romero (Rede) comentou que a população não se preocupa com fato da relação entre os dois poderes, mas se os serviços públicos estão sendo eficazes. “O povo quer saber se a política pública está sendo eficiente. Se o lixo está sendo coletado, se o buraco está sendo tapado, se tem merenda nas escolas”, lembrou.
Romero lembrou que hoje, no final da tarde acontecerá uma agenda positiva do Executivo com o Legislativo, quando sera assinada a liberação de emendas parlamentares, por meio de recursos do Fundo Municipal de Incentivo Social. São quase R$ 3,5 milhões para beneficiar instituições sociais e da saúde, sendo R$ 120 mil por vereador, sendo que a metade deve ser direcionados para área da saúde.
Paulo Siufi (PMDB) chegou a dizer que não vai estar presente no evento, que acontecerá a partir das 18 horas, na própria Câmara, em razão do clima ruim que se estabeleceu na Casa por conta do prefeito. “Não vou estar presente, porque não tenho nada a comemorar”, garantiu ele, que revelou que Bernal não tem base nenhuma em função do descaso com que ele trata os vereadores.
Marcos Alex (PT) também falou, seguindo a linha de Siufi, revelando que Bernal menosprezou o Partido dos Trabalhadores, que sempre esteve ao seu lado desde o segundo turno das eleições passadas. Questionado se ele estaria dificultando a aliança com o prefeito, Alex foi incisivo em dizer que foi ao contrário. “Desde o início disse ao Bernal que o PT queria um projeto a longo prazo, para compor o palanque e ser seu vice, mas ele menosprezou nosso partido”, lembrou ele.
Sobre a avaliação dos dois primeiros meses, Alex do PT declarou que a gestão foi “infinitamente superior a de Olarte”, pois não teve distribuição de favores e a prática fisiológica na distribuição dos cargos públicos, mas “infinitamente inferior as minhas expectativas”, concluiu.
Chiquinho Teles, que ocupou a Tribuna para falar sobre a nova gestão de Bernal, destacou que neste período não foi resolvido o problema do pagamento dos professores e dos médicos, além dos buracos nas ruas e o lixo sem coleta, que ainda não estaria resolvido. “São 60 dias abandonados. Não sei se não houve tempo suficiente, mas é preciso mudar essa situação”, ressaltou.
O parlamentar ainda criticou o fato de Bernal colocar pessoas despreparadas para gerir pastas importantes, como o titular da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Amilton Cândido de Oliveira. Em uma audiência pública realizada na semana passada na Câmara para tratar das obras paralisadas, o secretário teria dito que não conhecia todas as obras do município, o que irritou os participantes do evento.
O governista Derly dos Reis de Oliveira, Cazuza (PP), ainda tentou fazer a defesa do prefeito, lembrando das condições financeiras que Bernal reassumiu o cargo e que estava tentando recuperar o caixa da prefeitura para que Campo Grande saia do caos que estava. O vereador disse que, ainda não era oficial, mas o prefeito deve anular o decreto da moratória e começar a pagar os fornecedores.
60 dias – Ao Campo Grande News, o prefeito disse que encontrou muitos problemas nesse retorno, especialmente financeiros, com dívidas, caixa zerado e colapso na saúde. Na educação, além da questão dos professores, havia a merenda vencida e falta de alimentos para as escolas e Ceinf's (Centro de Educação Infantil). Na infraestrutura, Bernal lembrou das obras paradas e contratos com problemas.
No entanto, “também encontramos muita gente disposta a trabalhar e limpar a nossa cidade dessa lama toda que espalharam por ela. E posso assegurar que estamos conseguindo, com trabalho, união de esforços, estamos retomando o desenvolvimento”, declarou.
Para Bernal, as dificuldades estão colocadas por aqueles que atuaram por interesses próprios, “mas não temos medo do trabalho e não temos compromisso com coisa errada. Estamos vencendo, Campo Grande voltará a ser a capital dos nossos sonhos”, afirmou.