"Você vai morrer": deputada estadual registra boletim após ameaças por WhatsApp

A deputada estadual Gleice Jane (PT) registrou boletim de ocorrência na noite deste sábado (6), na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados, após receber ameaça de morte por WhatsApp em seu número pessoal. A parlamentar divulgou um vídeo nas redes sociais afirmando que se trata de violência política de gênero e declarou que não pretende se calar.

Segundo Gleice Jane, o homem que enviou as mensagens xingou-a com diversas palavras de baixo calão, como "vadia" e "cadela", em um tom odioso que ela nunca havia recebido antes e encerrou o texto dizendo: "Você vai morrer".

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A deputada relata que também recebeu links relacionados a perfis de pessoas do PL (Partido Liberal), mensagens de ódio ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhados de questionamentos sobre seu posicionamento político e sua condição de mulher.

“Dentre as mensagens, também havia questionamentos sobre a minha posição política, pela minha condição de ser mulher e de ser política, o que caracteriza uma violência política de gênero. Esse movimento da extrema direita, de querer negar a nossa existência, de não querer dialogar, de querer impedir que a gente faça parte da política, é o movimento que também gera violência contra as mulheres e que também é responsável pelo alto índice de violência e de feminicídio aqui no nosso país”, afirmou.

Ao Campo Grande News, a deputada informou que a primeira mensagem enviada foi no dia 22 de novembro, em que o homem a xinga e a ameaça de morte. Na ocasião, Gleice Jane relata que não viu a mensagem, pois foi em um dia bastante movimentado. Esta semana, ele enviou novamente outras mensagens xingando a parlamentar, que enviou para sua assessoria jurídica, que a orientou a registrar o boletim de ocorrência.

Apesar de já ter recebido mensagens agressivas ao longo de sua carreira política, Gleice Jane afirma que foi a primeira vez que recebeu mensagens com esse tom ameaçador, o que a colocou em alerta. Agora, ela aguarda a investigação da Polícia Civil para saber a gravidade do ocorrido e se vai precisar pedir segurança ao Estado. No momento, ela afirma que está se cuidando.

A parlamentar ainda citou o ato pelo fim do feminicídio realizado neste domingo (7) em diversos estados e em Campo Grande, onde ao menos 150 pessoas se reuniram na Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho. No local, mulheres, crianças, apoiadores e alguns homens ocuparam a via com cartazes pedindo o fim da violência contra mulheres e a criação de uma lei contra a misoginia.

“Eu quero dizer a vocês que hoje eu fiz uma denúncia, assim como vocês. Se você é vítima de violência, se está sob qualquer situação de ameaça, vá a uma delegacia e registre boletim de ocorrência. Peça uma representação e nós vamos enfrentar essa violência juntas. Nenhuma de nós pode ser silenciada, morrer ou ser violentada pelo simples fato de sermos mulheres. Nós temos o direito de estar onde queremos”, disse.

Ela afirma que entende as mensagens como uma ameaça não apenas à sua pessoa, mas a todas as mulheres que participam da política. "Muita gente tem medo de participar da política, principalmente as mulheres", conclui.

A deputada recebeu apoio de colegas de partido, como a vereadora de Campo Grande, Luiza Ribeiro (PT), o vereador de Dourados, Franklin Schmalz (PT), além dos diretórios do Partido dos Trabalhadores de Dourados, de Rio Brilhante e de Rio Verde de MS e de dezenas de pessoas que manifestaram solidariedade.

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