Sem geriatra e sem remédio: relatório de conferência mostra abandono de idosos
Entre as maiores queixas estão a falta de remédios e de médicos geriatras
Medicamentos, contratação de médicos geriatras e a qualificação dos servidores para atendimento de idosos nos postos de saúde e no Crass (Centro de Referência de Assistência Social). Estas são as principais demandas resultantes da Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada em Campo Grande. As queixas fazem parte do eixo proteção à vida e à saúde da pessoa idosa e serão encaminhadas para a Conferência Estadual, prevista para setembro.
RESUMO
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Idosos de Campo Grande reivindicam melhorias na saúde pública. Medicamentos, contratação de médicos geriatras e qualificação no atendimento em postos de saúde e no CRAS são as principais demandas. A aposentada Irene Brites, de 69 anos, relatou dificuldades para obter medicamentos gratuitos no CEM desde dezembro de 2024. Ela também aguarda atendimento com fisioterapeuta desde fevereiro. As reivindicações foram apresentadas na Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa e serão encaminhadas para a Conferência Estadual em agosto. A coordenadora do Fórum Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Maria Neide Araújo Silva, destaca o crescimento da população idosa e a falta de preparo das cidades para atender essa demanda, como a ausência de geriatras no sistema público de saúde. A Prefeitura de Campo Grande afirma monitorar o estoque de medicamentos e se empenha em oferecer serviço de saúde de qualidade.
As violações do direito relacionadas à saúde são conhecidas de perto pela aposentada Irene Brites, de 69 anos. Dependente do SUS (Sistema Único de Saúde), atualmente, ela não tem conseguido seus medicamentos, que antes recebia gratuitamente no Centro de Especialidades Médicas (CEM).
Falta de remédios
Segundo Irene, estão em falta três de seus remédios: o Alendronato 70 mg, Diosmina + Hesperidina 450/50mg e a Vitamina D mais Cálcio 400/500 mg. Desde dezembro de 2024, ela está sem o Diosmina + Hesperidina 450/50mg que usa para circulação sanguínea; em maio, passou a faltar o composto de Vitamina D mais Cálcio 400/500 mg, indicado para fortalecimento dos ossos.
“O CEM não orienta. Ninguém sabe nada e não quer saber de nada. Só falam que não tem”, queixa-se a idosa, que conseguiu parte dos remédios na Farmácia Popular após ela própria buscar informações em outras vias.
Qualificação dos servidores
A falta de preparo dos servidores dos postos de saúde e do Crass (Centro de Referência de Assistência Social) para atender a pessoa idosa também é uma das reivindicações que fazem parte do documento resultante da Conferência e que está em fase de finalização.
Irene quebrou o pé e tem indicação médica para fazer fisioterapia desde fevereiro, no entanto, ainda não conseguiu passar pela avaliação com a fisioterapeuta, procedimento que está agendado para agosto. Enquanto isso, ela reclama que tem sentido dor e insegurança para pisar. Outro dia, ao subir no transporte coletivo sentiu fraqueza nos pés, chegou a ajoelhar-se na subida e quase caiu.
A aposentada não poupou elogios ao atendimento do SUS. Ao quebrar o pé, buscou atendimento no posto de saúde perto de sua casa, Jardim Tarumã, foi encaminhada para CEM, onde fez todos os exames necessário. “Neste caso, o atendimento foi rápido e muito bom. Me antederam muito bem”, elogia Irene.

Geriatra
Conforme a coordenadora do Fórum Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Maria Neide Araújo Silva, o relatório final, que será encaminhado para a Conferência Estadual, está em fase de finalização. Entretanto, ela ressalta que a população idosa tem crescido e o poder público não tem se preparado para atender essa demanda. Em Campo Grande, por exemplo, o sistema público de saúde não dispõe de um geriatra, que é o médico especializado para atender as pessoas idosas, o que tem se tornado uma reivindicação. Essa temática tem gerado muitas discussões, pois é considerada uma violação de direitos.
A pauta elaborada pela Conferência Municipal de Saúde está organizada em cinco eixos, conforme definição nacional: Financiamento das políticas públicas para ampliação e garantia dos direitos sociais, Fortalecimento de políticas para a proteção à vida, à saúde e para o acesso ao cuidado integral da pessoa idosa; Gestão (Programas, projetos, ações e serviços), Participação (Política de Controle Social) e Sistema Nacional de Direitos Humanos
Retorno
Em relação à falta de medicamentos, a Prefeitura de Campo Grande informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que tem monitorado de perto o estoque de medicamentos, repondo-os rapidamente para atender a população. A Prefeitura afirmou que, embora possa haver faltas pontuais de alguns itens devido à alta demanda, problemas com fornecedores ou falta de matéria-prima, disse estar empenhada em oferecer um serviço de saúde de qualidade. Em caso de dúvidas ou solicitações, a orientação é que o usuário entre em contato com a Ouvidoria da Saúde pelo telefone 0800 314 9955 ou 3314-9955.