Onde falta o pão todos gritam e ninguém tem razão
Tenho ouvido e visto nas últimas semanas um disse me disse: é o Pix que vai ser taxado (e não era isso), como também o preço dos alimentos.
Em primeiro lugar, é necessário que a população saiba que o preço dos alimentos acima da inflação não depende do Governo Federal. Cabe isso sim, aos empresários do ramo de alimentos (supermercados) quer varejista, quer atacadista.
Qual a razão para um julgamento tão equivocado?
Por que a população "compra" esse discurso de que a responsabilidade é exclusivamente do Governo?
Vamos lá... Qual a razão para hoje as pessoas terem um julgamento tão equivocado? As forças políticas que engrossam as fileiras da desinformação apostam nisso. Mas, não há uma predisposição da mídia em elucidar tal questão.
Infelizmente, sempre há um certo "ciúme" dos feitos de um governo, sejam eles quais forem, sempre de olho nas próximas eleições.
A desinformação sempre abate os bens intencionados. O mercado faz apostas para ficarem isentos das criticas (que ninguém gosta).
Há muito o que fazer para a redução dos preços dos alimentos e produtos de higiente pessoal e de casa.
Primeiramente: um pacto federativo de compromisso em não elevar os preços além da inflação.
Segundo: a concorrência livre entre aqueles que fabricam e vendem os produtos.
Alguns dirão o mercado não é um convento de freiras, mas deveriam saber que onde falta o pão, todos gritam e ninguém tem razão!
Terceiro, os jornais poderiam fazer uma tomada de preços e divulgar onde se acham os produtos mais baratos.
Se defender daquilo que não se tem culpa. O setor de produção alimentar deve ter a justificativa para a elevação do preço e sabemos das mudanças climáticas: ora seca, ora chuva.
Vamos abrir os olhos! É uma dura missão! A população precisa saber o que está por trás dos bastidores e compreender que o Governo Federal precisa ter o apoio dos representantes eleitos e sobretudo, do povo, para enfrentar o mercado. Informação segura, reconhecer as fake news, faz parte deste processo. Não sejamos ingênuos.
“Sucesso na exportação de alimentos é uma das causas de alta no custo da comida no Brasil”, disse o engenheiro agrônomo e economista José Giacomo Baccarin.
Vamos às explicações do pesquisador. Há na verdade outros fatores igualmente importantes atuando dentro do Brasil para inflacionar os preços. Baccarin é professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, campus de Jaboticabal, está à frente de um projeto de pesquisa, com apoio do Ministério da Saúde, via CNPq, para acompanhar os efeitos da internacionalização da agricultura brasileira sobre os preços dos alimentos ao consumidor.
Finalizo com este trecho de Baccarin ao Jornal da UNESP. "Mas o Brasil é um dos principais exportadores de alimentos. Como é possível que o impacto aqui esteja sendo tão forte?
Baccarin: "Acho que é justamente por isso. Eu digo aos meus alunos que o problema do preço dos alimentos no Brasil não se deve à falta de produção, mas sim ao fato de que o Brasil tem uma alta produção em muitas cadeias. Exportamos carnes, soja e derivados, açúcar, milho… De maneira geral, nós temos uma produção acima do consumo nacional. Seria possível pensar, então, que isso é garantia de que sempre vai sobrar produto para o mercado interno".
Vamos imaginar um produtor brasileiro com uma tonelada de açúcar em estoque. Naquele momento, o preço no mercado internacional seria mil dólares a tonelada. Esse produtor vai cobrar, no mercado interno, o correspondente a mil dólares. Se o câmbio estiver quatro por um, ele vai cobrar R$ 4 mil. Se o câmbio se valorizar, e passar a cinco por um, ele vai cobrar R$ 5 mil. Então, o que ele receber lá fora, repassa aqui dentro. Se o preço lá fora subir, passar de mil dólares para mil e quinhentos dólares, o produtor vai repassar o aumento de preço lá fora aqui dentro.
Esse é o problema geral do consumidor brasileiro: nossa grande vinculação aos preços internacionais pelo lado das exportações. Segundo a racionalidade do empresário, não há por que vender aqui dentro mais barato do que vende lá fora.
Para ilustrar a situação, em 2024 foi amplamente vinculado às enchentes no Rio Grande do Sul o receio que faltasse arroz e o governo federal acenou com a possibilidade de importação. Dessa feita os produtores do Rio Grande do Sul, em especial, surpreenderam com os estoques e foi cancelada a importação.
De alguma forma o arroz foi para o prato da população brasileira, muito bem obrigada.
Cabe ainda salientar que nos próximos dias uma Medida Provisória, já anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o valor de R$ 4 bilhões ao Plano Safra, o crédito rural com taxas mais baixas até que o orçamento (LDO) seja aprovado. E ainda, o governo federal criou o Programa Desenrola Rural para renegociar divida do pequeno produtor agricultor, assentado, quilombola, indígena, ribeirinho.
Dessa forma, a alta de preço com justificativa para responsabilizar o governo federal cai por terra uma vez que todos os mecanismos financeiros estão à disposição dos grandes e pequenos agricultores do nosso País.
Vamos aqui finalizar esse artigo, que demorou o tempo certo para essa notícia: Governo anuncia medidas para baratear preço dos alimentos.
Foi anunciado nesta quinta-feira (6) que o governo vai zerar a alíquota de importação da carne, que era de 10%. A medida faz parte de um pacote de seis ações para reduzir o preço dos alimentos.
Outros produtos também terão a alíquota de importação zerada, caso do café (atualmente em 9%), do açúcar (14%), milho (7,2%), óleo de girassol (9%), azeite de oliva (9%), sardinha (32%), biscoitos (16,2%) e massas alimentícias (14,4%).
O governo anunciou ainda que irá zerar os impostos federais que incidem sobre a cesta básica!
Agora, caberá aos governadores demonstrarem a preocupação com a população pagadora de impostos e que carrega nosso País para que seja realmente do povo brasileiro. Eles terão que arregaçar as mangas e ter a coragem de zerar o ICMS, como apela o governo federal do presidente Lula.
Silvana Melo Tude é escritora nos tempos do ócio criativo
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