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Procurado pela Interpol, advogado suspeito de golpes é preso na Itália

Também engenheiro, ele se escondia da justiça na cidade de Selvazzano desde janeiro de 2024

Por Ana Paula Chuva | 11/04/2025 12:40
Procurado pela Interpol, advogado suspeito de golpes é preso na Itália
Foto de Luiz Bottura reproduzida de suas redes sociais em 2021, segundo sites nacionais. (Foto: Reprodução)

O advogado e engenheiro Luiz Eduardo Auricchio Bottura, 48 anos, foi preso em Selvazzano, na Itália. Ele é conhecido como "litigante profissional", por abusar do sistema judicial, apresentando ações de forma repetitiva, com o objetivo de obter vantagens ou prejudicar outras partes. No currículo, aparece como parte em mais de três mil processos e também é suspeito de, pelo menos, 500 golpes.

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O advogado e engenheiro Luiz Eduardo Auricchio Bottura, de 48 anos, foi preso na Itália. Conhecido por litigar em excesso, Bottura tinha um mandado de prisão em aberto pela Justiça de São Paulo e estava na lista da Interpol. Ele é acusado de falsificação de documentos e associação criminosa, envolvendo até sua família. Bottura foi encontrado após usar cartões de crédito em seu nome e comprar um carro de luxo. Ele aguarda extradição para o Brasil. O caso envolve golpes em cerca de 500 pessoas e empresas, com manipulação de decisões judiciais.

Bottura estava com mandado de prisão em aberto pela Justiça de São Paulo e integrava lista de difusão vermelha da Interpol. Ele foi figura notória em Mato Grosso do Sul na primeira década de 2000, quando acionou a Justiça contra diversos desafetos, além de juízes e desembargadores e chegou a ser preso por falsificação de documentos, mas acabou inocentado.

Em dezembro do ano passado, a esposa de Bottura foi presa em Anaurilândia, cidade a 379 quilômetros de Campo Grande. Raquel Fernanda de Oliveira Merqueades Bottura, foi encontrada no dia 4 daquele mês, na casa de seus pais, por equipe da Polícia Federal e levada para o Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi na Capital.

Segundo a imprensa italiana, Eduardo foi encontrado no dia 4 de abril deste ano. Ele estava na cidade que fica na região do Vêneto, na Itália, desde janeiro do ano passado. A polícia chegou até ele porque o advogado começou a usar cartões de crédito registrados em seu próprio nome para pagar mensalidades de academia de ginástica, comprou um Maserati Gran Cabrio que usava para andar pelas ruas de Selvazzano.

Após ser preso, Bottura foi levado para uma pequena cadeia na cidade e aguarda mandado de extradição para o Brasil.

Mandado – A ordem de prisão foi expedida em novembro do ano passado pela juíza   Juliana Trajano de Freitas Barão, da 1ª Vara Criminal do Foro Central da Barra Funda, em São Paulo. Além de Eduardo e Raquel, os pais de Bottura - Luiz Célio Bottura e Maria Alice Auricchio Bottura - são acusados pelo Ministério Público de São Paulo por associação criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações, falsificação de documento público, usurpação de função pública, prevaricação e violação de sigilo funcional.

São investigados golpes em ao menos 500 pessoas e empresas, e até uma associação foi formada por suas vítimas. A família formaria, com ajuda de servidores de órgãos do Estado de São Paulo, quadrilha de golpistas que falsificavam documentos, como escrituras de imóveis e procurações, a fim de manipularem decisões judiciais, induzindo magistrados ao erro.

 Histórico - Entre 2007 e 2009, Eduardo Bottura impetrou ao menos 200 ações na Vara de Anaurilândia contra sua ex-esposa e o pai dela, tendo conseguido decisão favorável para que o ex-sogro lhe pagasse pensão no valor de R$ 100 mil. Por falsificação de documentos, ele foi preso em 15 de janeiro de 2009.

Na ocasião, conforme os advogados da ex-mulher, Bottura teria apresentado uma petição passando-se por advogado dela, forjando um pedido para que o processo de separação e arrolamento de bens fosse encaminhado à comarca de Anaurilândia. A situação motivou uma denúncia do Ministério Público Estadual. Entre as acusações, estariam também a do uso de uma mesma guia de recolhimento de custas judiciais em diversos processos ajuizados pelo empresário.

As ações do empresário contra os ex-familiares e diversas outras pessoas de qualquer forma envolvidas no caso foram surgindo em abundância. Apenas contra 13 dos advogados de seus desafetos, o empresário propôs 170 ações. São queixas-crime e ações de indenização por danos morais baseadas em alegações feitas pelos profissionais nas peças escritas que acompanham os processos, todas aceitas em Anaurilândia, na época.

A história dele em MS não parou por aí, e depois de ter sido inocentado e tido direito de resposta com consequente retirada de reportagens sobre ele do ar, ele tentou arregimentar sua candidatura ao Governo do Estado. Não tendo sucesso, tentaria uma cadeira como deputado estadual, o que também não foi para frente.

O nome de Bottura então desapareceu do cenário sul-mato-grossense após 2013 e, em 2022, Bottura foi alvo de uma investigação da Polícia Civil de São Paulo, ocasião que foram apreendidos veículos, celulares e documentos. Também havia sido expedido um mandado de prisão, mas o litigante não foi encontrado.

Na ocasião, a investigação policial narrava que o procurado deu causa a aproximadamente três mil ações infundadas, com a utilização de documentos falsos e chancelados por agentes públicos dotados de fé pública, alguns induzidos a erro e outros cooptados, utilizando-se do Poder Judiciário de maneira indevida para obter vantagem econômica.

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