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Capital

Dois meses: morte de jornalista acelera análise e Deam destrava mil inquéritos

Nesta semana, a equipe comemorou em um churrasco o encaminhamento dos registros que estavam parados

Por Lucia Morel | 12/04/2025 08:48
Dois meses: morte de jornalista acelera análise e Deam destrava mil inquéritos
Foto da jornalista Vanessa Ricarte em ato do Dia da Mulher, em Campo Grande. (Foto: Clara Farias/Arquivo)

Dois meses depois da morte da jornalista Vanessa Ricarte, o grupo de trabalho formado para tirar do limbo 5,3 mil boletins de ocorrência parados na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) chegou à marca de 1.170 inquéritos abertos após análise de 1.604 registros.

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Dois meses após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte em Campo Grande (MS), força-tarefa analisa 1.604 dos 5,3 mil boletins de ocorrência que estavam parados na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Do total analisado, 1.170 resultaram em abertura de inquéritos. A investigação dos casos parados foi iniciada após denúncias de mau funcionamento da delegacia, reveladas em áudios enviados pela própria jornalista antes de sua morte. Vanessa foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro após buscar informações sobre medida protetiva na Deam. Segundo o delegado-geral Lupersio Degerone, casos mais complexos e que demandam perícia têm prioridade na análise. Uma polêmica surgiu após delegados comemorarem em churrasco o encaminhamento de mil inquéritos, gerando críticas de colegas e do sistema de justiça.

As ocorrências, até então paradas, passaram a ser verificadas depois do assassinato porque áudios da jornalista enviados a amigos dava conta de mau funcionamento da delegacia e mesmo descaso com as vítimas. Esse fato levantou uma série de denúncias, entre elas, a de registros cujo andamento estava paralisado.

O delegado-geral da Polícia Civil, Lupersio Degerone Lucio informou que a prioridade de análise são dos boletins referentes a casos de maior complexidade ou que demandam exames, por exemplo. “Os (boletins de) crimes de maior complexidade, que exigem laudos de corpo de delito (lesão corporal), estão terminando. A tendência é de maior celeridade no restante, que não exigem laudos, como casos de injúria, vias de fato”, comentou.

Nesta semana, a equipe comemorou em um churrasco o encaminhamento de mil inquéritos com a verificação dos boletins que estavam parados. O ato foi registrado nas redes sociais de uma das integrantes do grupo, a delegada Suzimar Batistela. Reclamação sobre a comemoração chegou ao Campo Grande News.

Dois meses: morte de jornalista acelera análise e Deam destrava mil inquéritos
Deelgados da força-tarefa da Deam em comemoração. (Foto: Redes sociais)

“Eu sei que pegou muito mal tanto entre os colegas quanto entre outros integrantes do sistema de justiça”, disse uma fonte, que reforçou ainda o fato de o serviço não ser “nada além da obrigação da delegacia” e que “o clima não é de festa, né?”, lamentou. Os 1.604 boletins verificados representam 30,26% de todos os 5,3 mil registros aptos ao grupo de trabalho.

Conforme o delegado-geral, os 434 boletins já analisados, mas que não resultaram em inquérito são de fatos prescritos, arquivados ou retornaram à Deam por conexão com outros fatos e até mesmo encaminhados a outras unidades da Polícia Civil. “Às vezes foi registrado lá e o local do fato é outro. Ou seja, há vários fatores”, comentou.

Feminicídio – Vanessa Ricarte havia solicitado medida protetiva após ser ameaçada por Caio. No dia do crime, ela foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) em busca de mais informações sobre a medida e, em seguida, dirigiu-se ao imóvel onde morava com o músico para buscar seus pertences. Houve uma discussão, e Caio a esfaqueou três vezes no coração.

A jornalista chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na Santa Casa de Campo Grande. Caio Nascimento, que possui histórico de violência doméstica, foi preso em flagrante e permaneceu em silêncio durante o depoimento na delegacia.

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