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Beba das Crônicas

Um 'zape' para o grupo da família

Por André Alvez (*) | 04/11/2024 14:29

Vladimir: Bom dia família, amo todos vocês!

Tio Humberto (envia um áudio): Quem é você?

Tia Zulmira: Oi meu filho, Deus te abençoe.

Prima Vanda: Oi primo? Como foi seu fim de semana?

Vladimir: Comendo gente e bebendo mágoas. Fizeram uma festa da família e não me convidaram. E ainda por cima me marcam nas fotos no Facebook.

Tio Humberto (envia um áudio): Que festa?

Mãe: Uai meu filho, você nunca vem.

Prima Vanda: Também não me convidaram, primo. Somos os excluídos das famílias Córdoba, Gouveia e La Mancha.

Tia Zulmira envia uma figurinha de anjo e uma oração: “que seu dia seja iluminado pela paz do senhor e...”

Vladimir: Mas na hora que ficam devendo alguma coisa, daí me chamam pedindo dinheiro emprestado.

Primo Olavo (envia um áudio): É que você é solteiro, tem o dinheiro da pensão do seu pai, todos da família se sentem um pouco donos dessa grana, seu pai era funcionário público, enfim...

Tio Humberto (envia um áudio): Quem tem dinheiro?

Prima Vanda: Eu eles só chamam quando precisam de alguma coisa do terreiro de umbanda.

Mãe: Eu nunca precisei dessas coisas.

Tia Zulmira: Em nome de Jesus, nem fale dessas coisas no grupo da família.

Prima Vanda: Tia Zulmira, foi a senhora que me levou lá na primeira vez.

Tia Zulmira: Nem me lembre disso, Jesus me perdoou, eu agora sou evangélica.

Prima Vanda: Lembro que a senhora ia lá por causa do Sebastião que tocava zabumba.

Tio Humberto (envia um áudio): O que é zabumba?

Vladimir (envia um áudio): Entrou para igreja por que deu remorso... traiu o marido com o Tião da zabumba, se arrependeu porque o Tião gostava mais de tocar zabumba que sexo, jogava cartas, não perdia jogo do Corinthians...lembro bem.

Tio Humberto (envia um áudio): Jogar cartas? Lembro vagamente...

Mãe: Gente, vamos enterrar o passado... (envia uma figurinha de um anjo desenhando um coração com as mãos).

Primo Olavo: Hoje em dia, é a Vanda que toca zabumba pro Tião.

Prima Vanda: Pronto, chegou o fiscal de #*#*... Cara, vai cuidar da sua vida. Já contou para o seu pai sobre o seu namorado?

Mãe: Nossa, o Olavinho é gay?

Tio Humberto (envia um áudio): Gay eu sei o que é.

Primo Olavo (envia um áudio): Eu acho que ninguém tem que se meter na vida do outro. E eu não sou gay, só para registro.

Tia Zulmira envia uma oração.

Vladimir: Vai se lascar lá longe, Olavo! Você sempre foi gay, não atice minha memória.

Patrícia, a mimada: Oi gente, tá rolando barraco?

Mãe: Estão falando que seu primo Olavo é gay.

Patrícia, a mimada (envia um áudio): O Olavinho? Nããããooo, nem ele é gay, nem a Vanda é prostiputa.

Tio Humberto (envia um áudio): Prostiputa...Ah, isso eu também sei o que é.

Carlinhos maconheiro:  E aê galera, tudo de boas? Acabei de acordar e tô numa fome de urso. Quem poderia convidar este humilde parente para o almoço?

Vladimir: Você ainda não sabe lidar com a larica? É só parar de fumar maconha.

Carlinhos maconheiro: E você sabe lidar com a ressaca? É só parar de beber.

Prima Vanda (envia um áudio): Meninos, não briguem, todo mundo tem um vício, alguns por coisas pequenas, outros por coisas grandes, assim caminha a humanidade.

Patrícia, a mimada: Falou a viciada em sexo.

Tio Humberto (envia um áudio): sexo? Acho que sei o que é.

Prima Vanda (envia um áudio): Patrícia, vai procurar uma rola, vai. Quanto tempo que você não dá uma? Já arrumou um trabalho ou ainda depende do cartão de crédito do seu ex-marido?

Patrícia, a mimada: Anote aí ô fofoqueira, estou trabalhando tá, sou empreendedora.

Vladimir: Empreendedora? Você é dona da casa de massagens? Aliás, que tipo de massagens vocês fazem?

Patrícia, a mimada (envia um áudio): Olha aqui seu bêbado, faz muito tempo que não mexo com isso, eu agora empreendo fazendo unhas delivery.

Tio Humberto (envia um áudio): Delivery...delivery...É na Disney?

Vladimir: Unha é?...Sei. (envia uma figurinha de casal fazendo sexo)

Carlinhos Maconheiro: Eita porra, quem é o herói que paga pra comer a Patrícia?

Prima Vanda: Algum maconheiro, com certeza.

Tio Humberto (envia áudio): Maconheiro?  Um...Isso não me é estranho...

Tia Zulmira (envia áudio): A sorte de vocês é que agora eu sou evangélica e minha religião não me permite falar da vida alheia.

Mãe: Zulmira, cala essa boca.

Tia Zulmira (envia áudio): Olha o medo dessa aí. Passado podre, tenho dó do finado Coronel. (envia uma figurinha do Chaves fazendo careta).

Vladimir: O que tem o meu pai?

Mãe (envia áudio): Nada não, meu filho, sua tia fez muita coisa ruim quando era nova, bebeu, fumou, transou com todo o quartel...Agora ficou desse jeito, inventadeira de histórias.

Patrícia, a mimada: Porra Vladimir, nunca te contaram?

Prima Vanda: Seu querido papai era corno, kkkk...Já pensou fazer DNA pra ter certeza se é filho do coronel?

Carlinhos Maconheiro: Nem saía de casa para não bater os chifres kkk.

Vladimir: Mãe, que conversa é essa?

Tio Humberto (envia áudio): Era corno, mas era meu amigo, disso eu lembro bem.

Mãe saiu do grupo

Tia Zulmira: A santinha do pau oco não aguentou o fantasma do passado.

Vladimir: Vocês são tudo uma cambada de filhos da puta!

Tia Zulmira (envia áudio): Não fala assim que eu te dei de mamar! Sua mãe era uma seca, não tinha leite.

Prima Vanda (envia áudio): O seu vício na cachaça vem daí, Vladimir. Tia Zulmira bebia mais que você e aquele seu amigo escritor juntos.

Carlinhos Maconheiro (envia áudio): E ela me deu de mamar também...Mas gente, isso me deu mais fome, não vai mesmo rolar uns bifes na casa de vocês?

Prima Vanda: Mas claro que você também tomou leite dela. Saía fumaça de maconha dos peitos dela.

Patrícia, a mimada: Mas gente, eu não sabia de nada disso.

Tia Zulmira: Porque você é adotada.

Patrícia: Oi?

Primo Olavo: Eu sempre desconfiei. Seu pai era gay.

Patrícia, a mimada: Cara, meu pai morreu faz tempo, respeita porra!

Tia Zulmira: Ele não era seu pai.

Patrícia: Como assim?  Minha mãe nunca me contou isso.

Primo Olavo: Desconfio que sua mãe na verdade era homem.

Vladimir: Tia Zulmira, manda uma oração, esse papo está ficando muito estranho.

Tia Zulmira envia uma oração.

Carlinhos Maconheiro: Alguém fez um macarrão, um ovo frito?

Patrícia, a mimada: Eu quero saber direitinho essa coisa de que sou adotada.

Prima Vanda (envia áudio): Eu só sei o que me contaram. Seu pai era tipo o Olavinho e sua mãe fazia que não via nada. Daí te acharam jogada numa lata de lixo. Por isso te deram tudo e você ficou mimada desse jeito. Pronto, falei.

Primo Olavo: O coronel, pai do Vladimir, queria te jogar na privada e dar descarga. (Manda uma figurinha de vômito e outra de riso)

Vladimir: Gente, na boa, vamos mudar de assunto. Somos família, precisamos ser unidos, porra!

Prima Vanda: Melhor mesmo. Ano novo está chegando, natal, tempo de paz para todos.

Carlinhos Maconheiro: Darei um abraço bem longo e apertado em quem me pagar o almoço.

Primo Olavo: Sim, vamos parar de brigar, nos unir, que a paz esteja com todos nós. (envia uma figurinha de presépio).

Patrícia, a mimada: Olha, eu vou ignorar toda essa história e fingir que não sei de nada. Amo vocês, essa verdade me basta.

Tia Zulmira: Own, que lindos. Também te amo, minha sobrinha querida, amo vocês todos.

Prima Vanda: Também amo vocês.

Tia Zulmira adicionou mãe.

Mãe (envia áudio, irritada): Eu não quero papo com vocês!

Vladimir: Calma mãe, estamos fazendo as pazes. Todo mundo ama todo mundo aqui, viva a nossa sagrada família!

Primo Olavo: Isso mesmo, família acima de todos!

Mãe: Ah, que bom.  Amo muito todos vocês.

Patrícia: Tia, sua linda!

Vladimir: Tão bom a família unida em torno do amor.

Tio Humberto (envia áudio): O que é amor?

Primo Olavo: Vamos marcar um churrasco para o próximo domingo?

Prima Vanda: Vamos, mas desse vez convidando todo mundo! A gente não reúne a família toda faz tempo, né?

Patrícia, a mimada: Verdade, desde a eleição para presidente.

Carlinhos Maconheiro: É...Vocês votaram naquele filho da puta do Bolsonaro.

Primo Olavo: Fascistas!

Vladimir (envia áudio): Porra, vão começar? O ex-presidiário dos nove dedos fazendo merda na presidência vocês não querem falar.   Churrasco, só se for sem picanha.

Prima Vanda: Êpa, êpa, falou mal do Lula mexeu comigo. Vão se lascar vocês todos!

Patrícia, a mimada (envia áudio): Ao invés de ajudar o capitão a governar, ficaram malhando para tudo dar errado e ainda por cima elegeram o ladrão. Não perdoo isso não, mas Pablo Marçal vem aí, será o próximo presidente!

Tia Zulmira: Eu nem votei, são tudo ladrão.

Mãe: Bolsonaro é o único que não é corrupto. Se vocês não gostam dele, não gostam de mim.

Vladimir: Isso aí, mãe. Bandido bom é bandido morto.

Primo Olavo (envia áudio): Quem é bandido?

Carlinhos Maconheiro: Vou fazer um miojo. Não quero ver mais a cara de vocês.

Patrícia, a mimada: Nem eu quero ver a sua.

Carlinhos Maconheiro saiu do grupo.

Prima Vanda: Nojo de vocês, bando de pobres de direita!

Primo Olavo saiu do grupo.

Patrícia, a mimada: Vai te lascar, comunista fdp, vai pra Cuba, pra Venezuela, pro raio que os parta.

Prima Vanda saiu do grupo.

Vladimir (envia um áudio, aos berros): Por isso vocês não gostam de mim, eu não empresto dinheiro para petralhas, nem adianta pedir, adoradores de Satanás!

Patrícia: Isso ai primo, conhecei a verdade e a verdade o libertará, Deus, pátria e família, Michele para presidente!

Vladimir saiu do grupo.

Tia Zulmira (envia áudio): Ô Patrícia, sua retardada, seu pai verdadeiro era comunista! Por isso o Coronel La Mancha queria dar descarga em você.

Patrícia, a mimada, saiu do grupo.

Mãe: Zulmira, você está acabando com a família.   Pra quê falar essas coisas?

Tia Zulmira: Foi mal, nunca gostei dessa garota...Vou orar.

Tia Zulmira envia uma oração.

Mãe saiu do grupo.

Tia Zulmira enviou um áudio do gemidão.

Tia Zulmira saiu do grupo.

Tio Humberto clica no áudio do gemidão.

Tio Humberto (envia um áudio): Minha nossa senhora, como desliga isso? Estou na fila do banco e a moça não para de gemer...Patrícia, Vanda? Tem alguém aí, alô, alô família, alô, alÔ?...

André Alvez

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