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Cidades

Casos de covid-19 em MS podem aumentar mais de 160% em 1 semana, aponta Fiocruz

Monitoramento da Fiocruz revela que de 113, número de confirmações deve saltar para 295 na semana que vem em MS

Lucia Morel | 13/04/2020 16:05
Quanto menos contato entre as pessoas houver, menores são as chances de infecção em massa. (Foto: Paulo Francis)
Quanto menos contato entre as pessoas houver, menores são as chances de infecção em massa. (Foto: Paulo Francis)


Com 113 casos confirmados do novo coronavírus em Mato Grosso do Sul desde 14 de março,  a estimativa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) é de que em uma semana o número mais que dobre e chegue a 295, um aumento de 161%. A análise faz parte do Observatório Covid-19, criado pela fundação.

Pelos dados, é possível prever os aumentos diários até o limite de sete dias. De acordo com a Fiocruz, a plataforma permite visualizar os índices atuais, a evolução dos casos e óbitos por Covid-19, em forma de gráfico e mapa por estados e municípios.

O pesquisador da instituição em Mato Grosso do Sul, Júlio Croda, que é infectologista e professor da Universidade Federal, afirma que o dado da fundação é “possível” de ocorrer, mas enfatiza que há muitas variáveis para definir se tais números se realizarão.

Tudo depende, segundo ele, da taxa de isolamento social praticado no Estado e nos municípios. “Se você diminui o isolamento, aumenta o contato entre as pessoas e por consequência, aumenta a transmissão da doença”, explica.

É  por isso que os dados sempre variam, inclusive as estimativas de pico da pandemia. O médico explica que as previsões indicam que o número de casos dupliquem entre três e sete dias, mas sempre levando-se em conta o índice de isolamento.

“Trabalhamos com modelos matemáticos, que dependem das atitudes tomadas daqui pra frente. Por isso não dá pra dizer 100% que isso vai se confirmar no futuro”, avalia.

Ele cita, por exemplo, a reabertura do comércio em Campo Grande e Dourados. “Podemos fazer uma previsão agora, mas ser maior na semana que bem dependendo do contato entre as pessoas. Por isso, cada medida tomada pode alterar os dados”, afirma.

Para se ter uma ideia, a taxa de isolamento em Mato Grosso do Sul no último fim de semana de feriado prolongado, foi de 43,4%, ou seja, de cada grupo de 10 pessoas, quatro não ficaram em casa.

Entre os municípios, Sete Quedas, Tacuru e Iguatemi ficaram nas últimas posições do Estado, em relação ao índice de isolamento social e vão manter as restrições impostas durante a pandemia, além de ampliar a orientação aos moradores.

Dados do Observatório Covi-19 da Fiocruz indicam que em Campo Grande, dentro de uma semana, haverá 130 casos confirmados da doença na próxima segunda-feira, 20 de abril.

INCERTEZAS – Segundo o especialista, o que faz as ações de enfrentamento ao novo coronavírus serem guiadas quase que às cegas, é a falta de testes em massa na população.

“Ainda não sabemos como o vírus está circulando na população e pra isso, precisa aumentar a testagem”, explica.

A proposta de testes no modelo drive trhu, por exemplo, é vista com bons olhos, porque oportuniza testes a mais pessoas. “Vamos observar como vai ser essa semana, com esses novos testes. Porque até então, estávamos testando apenas os casos graves, mas com o drive thru, os casos mais leves passam a ser testados também”.

Além disso, o fato de haver mais testes, oportuniza inclusive planejamento para que os governos possa determinar o afrouxamento ou não do isolamento social.

Assim, ele avalia que quando os testes rápidos prometidos pelo Ministério da Saúde chegarem a Mato Grosso do Sul, será possível estimar quanto da população do Estado já foi infectada, o que vai facilitar tanto as projeções quanto o planejamento de ações de combate e controle.

“Para você alcançar a imunidade de rebanho”, que é quando as pessoas ficam imunes à uma determinada doença por já terem sido infectadas por ela, “tem que haver uma infecção de pelo menos 50% da população, daí começa a cair a circulação do vírus”, informa.

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