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Cidades

Centro-Oeste tem 82% de ancestralidade europeia, aponta estudo da USP

Levantamento analisou o material genético de mais de 2 mil pessoas para traçar o mapa genético do Brasil

Por Jéssica Fernandes | 15/05/2025 17:32
Centro-Oeste tem 82% de ancestralidade europeia, aponta estudo da USP
Estudo da USP mostra ancestralidade em diferentes regiões do Brasil. (Fonte: USP)

Estudo realizado pela USP (Universidade de São Paulo) identificou quase nove milhões de variantes genéticas inéditas que compõem a população brasileira. Os pesquisadores sequenciaram genomas completos de 2.723 indivíduos das cinco regiões do País, incluindo o Centro-Oeste. A pesquisa revelou um alto grau de miscigenação envolvendo ancestralidades europeias, africanas e indígenas americanas.

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Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) identificou quase nove milhões de variantes genéticas inéditas na população brasileira, analisando genomas de 2.723 indivíduos de diversas regiões. A pesquisa, parte do projeto DNA do Brasil, destacou a miscigenação entre ancestrais europeus, africanos e indígenas, com predominância europeia de 82,49%. Os resultados revelaram que a ancestralidade africana é mais forte no Nordeste, enquanto a indígena é mais expressiva no Norte. A pesquisa também indicou que a mistura genética começou há cerca de 16 gerações, intensificando-se em períodos de agitação social e migrações significativas no Brasil, especialmente nos séculos XVIII e XIX.

Não foram coletados materiais genéticos de moradores de Mato Grosso do Sul, mas, para representar o Centro-Oeste, participaram indivíduos de Goiás, o mais próximo que se chegou da população sul-mato-grossense.

Como parte do projeto DNA do Brasil, o trabalho intitulado “Impacto da mistura na evolução da população brasileira e na saúde” revelou que a ancestralidade genética do Centro-Oeste tem influência africana, europeia e nativa americana. Em porcentagem, a origem europeia apresentou forte presença, com 82,49%. Já as ancestrais nativa americana e africana ficaram próximas, com 8,76% e 8,75%, respectivamente.

Centro-Oeste tem 82% de ancestralidade europeia, aponta estudo da USP
Padrões de variação genética e proporções de ancestralidade em nível continental.

Em nível nacional, as análises também constataram que a maior contribuição de ancestralidade europeia veio de populações do sul da Europa. Já nos indivíduos do sul do Brasil, a origem genética está mais relacionada a populações do norte da Europa.

“Esses resultados são consistentes com registros históricos que sugerem que a imigração para o Brasil se originou predominantemente de Portugal e Itália e também com o fato de que os estados do sul do Brasil receberam imigrantes da Alemanha e do norte da Itália durante o final do século XIX e início do século XX”, diz trecho do estudo.

Por outro lado, as ascendências africanas são predominantes na região Nordeste, enquanto as maiores proporções de ancestralidade indígena americana foram observadas na região Norte.

Outra curiosidade apontada é que as porções africanas dos genomas brasileiros são altamente diversas e compartilham ancestrais mais recentes com grupos de diferentes regiões subcontinentais, especialmente da África Ocidental e Oriental, mas também do Sul e Norte do continente.

“Isso sugere que grupos de diferentes regiões subcontinentais que podem nunca ter entrado em contato uns com os outros dentro da África teriam se misturado no Brasil, levando ao surgimento de indivíduos brasileiros que são um mosaico de diferentes populações africanas”, revela outro trecho da pesquisa.

A miscigenação entre os indivíduos no Brasil teve início com um evento entre populações indígenas americanas e europeias há cerca de 16 gerações. Esse processo foi seguido por um fluxo migratório africano há aproximadamente oito gerações e por uma nova onda migratória europeia há cinco gerações.

Esse movimento começou primeiro nas regiões Nordeste e Sudeste. No Sul, iniciou-se há cerca de dez gerações, intensificando-se entre oito e cinco gerações atrás. Já no Norte, as migrações intercontinentais ocorreram principalmente entre dez e oito gerações. Para o Centro-Oeste, não há informações detalhadas sobre esse recorte.

A pesquisa explica ainda que os processos de mistura entre as ancestralidades indígenas americanas, africanas e europeias atingiram o auge nos séculos XVIII e XIX, influenciados por eventos demográficos importantes no Brasil, como o Ciclo do Ouro e a imigração em massa promovida durante o período imperial.

“O pico da mistura também coincide com um período de crescente agitação social, incluindo muitas disputas políticas e de terras, como a Guerra dos Farrapos (1835-1845) e a Guerra do Paraguai (1864-1870), além de conflitos internos como a Guerra Guarani (1756) e a Revolta dos Malês (1835), juntamente com desastres climáticos severos como a Grande Seca de 1877-1878”, conclui o estudo.

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