Em posse, novo presidente do TRE-MS criticou "lavagem cerebral" em eleitores
Governador endossou preocupação do desembargador Carlos Eduardo Contar com ambiente hostil
O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) realizou, na tarde desta segunda-feira (3), a posse dos desembargadores Carlos Eduardo Contar e Sérgio Fernandes Martins como presidente e vice-presidente/corregedor, respectivamente, para o biênio 2025-2026. A cerimônia foi marcada por um discurso contundente do novo presidente, que fez referência ao que chamou de "lavagem cerebral" no contexto político e social do país.
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Contar destacou que o cenário atual é permeado por uma transformação intensa, em que ações de manipulação ideológica, antes subliminares, tornaram-se explícitas e agressivas. Segundo ele, essas práticas vêm sendo combatidas de forma ferrenha pelos detentores do poder, o que, para alguns, exige cautela e discrição.
"A lavagem cerebral, que por décadas atuou de forma subliminar e, mais recentemente, de forma agressiva, explícita e raivosa, só agora trouxe a reação de alguns no que está sendo violentamente combatida pelos detentores de poder, recomendando aos mais cautelosos a não exposição desnecessária", afirmou o desembargador.
Além dessa reflexão, Contar também aproveitou o momento para criticar a escassez de recursos e o déficit de servidores enfrentado pelo TRE-MS, especialmente nas zonas eleitorais do interior do estado. Ele ressaltou que a estrutura da Justiça Eleitoral brasileira, diferente de outros países, é altamente centralizada e judicializada, o que impõe desafios ainda maiores diante do orçamento limitado.
"Os recursos orçamentários são limitadíssimos, proporcionais ao eleitorado, que bem pouco representa o Estado no universo brasileiro. O número de servidores está totalmente defasado, principalmente nas zonas eleitorais do interior, onde só mesmo a parceria com o governo do Estado, prefeituras e outros órgãos conseguimos precariamente suprir parte dessas lacunas", declarou.
A posse ocorreu em virtude do término antecipado dos mandatos dos desembargadores Julizar Barbosa Trindade e Paschoal Carmello Leandro, que se aposentaram antes do encerramento do biênio.
O governador Eduardo Riedel (PSDB) também discursou durante a cerimônia e enfatizou a importância do amadurecimento das instituições em tempos de profundas divergências ideológicas. Ele alertou para a necessidade de promover o debate público de forma saudável, sem transformar a arena política em um campo de confrontação e ódio. "Poucas vezes fomos lançados a um trecho de história tão controverso e delicado, considerando as agudas diferenças de pensamento e visão entre os cidadãos. Muitas vezes, a paixão tem ultrapassado a fronteira do bom senso", afirmou.
O governador ainda ressaltou a atuação da Justiça Eleitoral no combate à desinformação e às fake news, reforçando o papel fundamental da instituição na garantia de eleições seguras e transparentes. "Somente com um tribunal independente e imparcial conseguimos conquistar eleições pacíficas, que expressam a livre vontade da nossa população. O combate às fake news representa bem o rigor processual dessa Corte, impedindo ou corrigindo manipulações que poderiam comprometer a integridade do pleito", pontuou Riedel.
A eleição dos novos dirigentes ocorreu por indicação unânime do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), conforme determina a Constituição Federal de 1988. Também tomaram posse nesta segunda-feira, os desembargadores Luiz Tadeu Barbosa Silva e Marco André Nogueira Hanson como membros substitutos do TRE-MS.
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