ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, TERÇA  24    CAMPO GRANDE 24º

Cidades

Facções disputam território e população vira alvo dos crimes que as financiam

O que a facção dominante em MS quer é eliminar qualquer um que possa ser considerada um perigo a esse domínio

Por Lucia Morel | 24/12/2024 07:32
Policial civil durante operação em Bela Vista na segunda-feira, 23, de manhã. (Foto: Divulgação Polícia Civil)
Policial civil durante operação em Bela Vista na segunda-feira, 23, de manhã. (Foto: Divulgação Polícia Civil)

A disputa pelo domínio das cidades de fronteira de Mato Grosso do Sul são a fonte da guerra entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho). Para não perder o território já adquirido, a facção que teve origem em São Paulo (SP) decreta mortes, que são cumpridas com violência e muitos tiros.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

```html

A disputa territorial entre o PCC e o CV em cidades de fronteira do Mato Grosso do Sul resulta em alta violência e criminalidade. O PCC, buscando manter seu domínio, principalmente em Ponta Porã, realiza execuções para eliminar ameaças do crescente CV. Essa guerra gera um aumento de roubos e furtos, usados para financiar as ações das facções, colocando a população em risco com balas perdidas e violência desmedida. A disputa envolve não apenas o tráfico de drogas, mas também armas, pessoas, pedras preciosas e contrabando, com as facções buscando controlar empresas e serviços para lavagem de dinheiro. A Polícia Civil realiza operações para combater essa guerra.

```

Para a doutora em psicologia e pesquisadora na área de crime organizado, Mônica Leimgruber, o que a facção dominante em MS quer é eliminar qualquer pessoa que possa ser considerada um perigo ao seu domínio. “Mesmo sendo predominante no Estado, o Comando Vermelho vem crescendo e ganhando domínio territorial. O PCC então faz o extermínio, pra não haver qualquer possibilidade de perda”, afirma.

Atualmente, segundo ela, a cidade de Ponta Porã, a 313 Km da Capital, ainda é a área de maior interesse das duas facções, que em 2016 se juntaram para assassinar o “Rei da Fronteira”, Jorge Rafaat Toumani, que dominava o comércio de drogas na região. Hoje é o PCC o responsável pela compra e venda de entorpecentes na área e sua posterior distribuição ao Brasil e ao mundo.

A especialista ainda explica que essa guerra aumenta a criminalidade porque para cometer os crimes e assassinatos, é preciso haver furtos e roubos. “Eles furtam as motocicletas para usarem nos extermínios, no cumprimento dos decretos”, analisa.

O delegado Eudenir Soares de Souza, que substitui Renato Fazza à frente da Delegacia de Bela Vista durante as férias, explica que no caso específico do latrocínio no município, cometido por integrantes do PCC na semana passada, diz que as investigações indicam que além de uso nas execuções de rivais, as motos são roubadas para serem usadas no roubo de caminhonetes.

Assim, os furtos aumentam para que outras ações da facção tenham êxito, seja nas mortes ou seja em atos que vão garantir recursos financeiros, como o roubo de caminhonetes para a revenda na fronteira.

Esse cenário, forma uma cadeia de problemas, já que a população comum acaba sendo alvo dos roubos e furtos e ainda correm risco de balas perdidas durante as execuções. “É uma bala perdida, é um roubo que sai do controle”, enfatiza o delegado, reforçando que o adolescente morto no latrocínio em 17 de dezembro em Bela Vista, foi vítima apenas porque estava na festa durante o roubo da caminhonete.

“Eles empregaram uma violência acima do normal para a situação”, destacou Soares de Souza. “Pelo modus operandi, eles poderiam ter atirado em outras pessoas”.

Para Leimgruber, “toda pessoa que mora em faixa de fronteira precisa de cuidados maiores ao lidar com as outras pessoas e nos lugares que frequenta. Pode a qualquer momento ela ser a pessoa errada no lugar errado”, lamenta.

Escalada - Sobre a disputa territorial entre PCC e CV, a pesquisadora define que a preferência pela região sul de MS é mais forte, entretanto, como o Comando Vermelho domina o estado vizinho, Mato Grosso, as cidades da região norte, como Sonora, por exemplo, ficam na mira também e os faccionados guerreiam pelo controle.

“Faz sentido essa disputa porque o PCC não quer perder domínio e o CV tem expertise em domínio de area, porque é como eles sempre fizeram nos morros do Rio de Janeiro, então o PCC passou a lutar contra isso”, comenta.

Por fim, ela comenta que o que está em jogo nessa guerra não é apenas o tráfico de drogas, mas de armamento, de pessoas, de pedras preciosas e contrabando e cigarros. Para isso, as facções se apoderam de empresas e serviços. “Buscando cada vez mais formas de lavar dinheiro, elas vão se apoderando de ambientes e estruturas lícitas”, diz.

Operação - Contra guerra de facções criminosas, a Polícia Civil saiu às ruas nesta segunda-feira (23) para cumprir 20 ordens judiciais em Campo Grande e no município de Bela Vista. Durante a investigação, a polícia pediu a prisão de 10 pessoas e também para fazer buscas em 10 endereços, o que foi aceito pelo Poder Judiciário. Os dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos, mas das dez prisões, ainda faltavam três até a publicação deste material.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias