Fazendeira alvo da PF por grilagem foi já condenada por desmatamento
Em 2021, Elizabeth Peron Coelho também assinou desapropriação milionária com o Estado
Elizabeth Peron Coelho, investigada pela Polícia Federal na Operação Terra Nullius por suspeita de grilagem de terras da União no Pantanal, já foi condenada pela Justiça de Mato Grosso do Sul por dano ambiental em área de preservação permanente. Em 2021 ela assinou a escritura de desapropriação amigável com o Governo do Estado, representando duas fazendas que somam mais de 42 mil hectares dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.
RESUMO
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Elizabeth Peron Coelho, investigada na Operação Terra Nullius por grilagem no Pantanal, possui condenação prévia por dano ambiental em Mato Grosso do Sul. A produtora rural foi responsabilizada pelo desmatamento ilegal de áreas protegidas, incluindo veredas, na Fazenda Capivari, em Rio Brilhante. A Justiça determinou a recuperação da área degradada. Além da condenação, Coelho é figura central na Operação Terra Nullius, que apura fraudes em regularizações fundiárias no Pantanal. A PF a acusa de participar de um esquema milionário, envolvendo servidores públicos e empresários, para apropriação de terras da União. Em 2021, ela representou duas fazendas em desapropriação amigável com o governo estadual, totalizando 42 mil hectares dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.
A condenação ocorreu em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Estadual, que responsabilizou a produtora rural pela supressão ilegal de vegetação nativa na Fazenda Capivari, em Rio Brilhante. Técnicos do MPMS comprovaram que a propriedade inclui áreas de vereda — brejos com nascentes protegidas por lei —, desmatadas sem autorização.
A Justiça reconheceu o dano e determinou a reparação da área, com base no princípio da responsabilidade objetiva ambiental. A decisão foi mantida em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Na sentença, a Justiça obrigou a apresentação de um PRADA (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) e eventual indenização financeira. “Mantém-se a sentença de procedência, a qual reconheceu o dano ambiental praticado na Fazenda Capivari e determinou a obrigação de reparação”, afirma o acórdão do TJMS, datado de setembro de 2022.
Paralelamente, Elizabeth reaparece como uma das principais investigadas da Operação Terra Nullius, que mira um esquema de fraudes em processos de regularização fundiária envolvendo terras da União dentro do Pantanal. De acordo com a Polícia Federal, o grupo forjava documentos e registros ambientais para ocultar a origem pública das terras, viabilizando sua apropriação privada. O esquema teria movimentado milhões e envolvia servidores da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e empresários da área de topografia.
Elizabeth Peron Coelho também representou legalmente as propriedades Fazenda Santo Antônio do Rio Vermelho e Fazenda Redenção / Gleba “A” no processo de desapropriação amigável firmado com o Governo de Mato Grosso do Sul. A escritura foi assinada em 2021, durante processo conduzido pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), e resultou na regularização de 42.609 hectares no interior do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, unidade de conservação criada há mais de 20 anos.
Segundo nota oficial, a regularização contou com investimento de cerca de R$ 36 milhões, por meio de acordo com a CESP e recursos de compensação ambiental. A assinatura foi feita pelo diretor-presidente do instituto, André Borges, e por Elizabeth, como representante das áreas.
A reportagem tentou contato com a defesa de Elizabeth Peron Coelho, mas não obteve retorno até a publicação. O espaço segue aberto para manifestação.