Foragida de MS é presa em operação que descobriu fortalezas do tráfico no RJ
Mulher responde a processo em Eldorado pelo transporte de 76 tabletes de maconha em um táxi
Das 11 prisões realizadas durante a Operação Torniquete, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, uma delas foi feita em flagrante, de foragida da Justiça de Mato Grosso do Sul: Isabel Azevedo Silva, 40 anos, era procurada desde junho de 2024, por tráfico de drogas ocorrido em Iguatemi, a 412 quilômetros de Campo Grande.
RESUMO
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A Operação Torniquete, realizada no Complexo do Alemão, resultou em 11 prisões, incluindo a de Isabel Azevedo Silva, foragida da justiça de Mato Grosso do Sul desde junho de 2024 por tráfico de drogas. A operação investigou a lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, encontrando seis casas de luxo pertencentes a membros da organização. Isabel, presa em flagrante, havia sido beneficiada com prisão domiciliar após ser acusada de transporte de drogas em Mato Grosso do Sul, mas não comparecia ao processo. A operação também apreendeu provas da milionária "Caixinha do CV", utilizada para financiar o luxo dos chefes do tráfico e o funcionamento das bocas de fumo.
Isabel “caiu” durante a operação que investigava a milionária lavagem de dinheiro promovida pelo Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. A chamada “Caixinha do CV” é usada pelos criminosos para várias destinações, desde o suporte da boca de fumo até para bancar a vida de luxo dos patrões do tráfico.
No Complexo do Alemão, os policiais encontraram seis casas de luxo, com jacuzzi, piscina aquário, sala de cinema, academia e churrasqueira.
A operação foi realizada pelas polícias Miliar, Civil, MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), com apoio da Secretaria Estadual de Segurança Pública do RJ. Dos 13 mandados de prisão, 8 foram cumpridos pelas equipes. Outras três prisões foram em flagrante, uma delas, da foragida de MS. Os outros dois eram procurados pela Justiça do Ceará.
A polícia não divulgou o endereço onde Isabel foi presa, apenas que foi prisão em flagrante, realizada dentro do Complexo do Alemão.
Isabel Azevedo Silva é nascida no Rio de Janeiro e não tem qualquer vínculo familiar com Mato Grosso do Sul. Mas foi no Estado que foi presa e acusada por tráfico de drogas.
O caso ocorreu no dia 1º de junho de 2024. Segundo a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Isabel e outra mulher, identificada como Alessandra de Lima Messias, 46 anos, eram passageiras de táxi com placas de Iguatemi. O veículo foi interceptado por policiais militares que faziam fiscalização de rotina, na saída de Eldorado, a 442 quilômetros de Campo Grande.
Conforme boletim de ocorrência, as mulheres aparentavam nervosismo e não souberam dizer de onde vinham. As mochilas delas foram revistadas e foram encontrados 76 tabletes, que totalizaram 49,950 quilos de maconha.
As mulheres confessaram o tráfico, dizendo que foram contratadas, cada uma, por R$ 5 mil para o transporte da droga. Com elas, foram encontradas duas passagens de ônibus, de Paranhos a Ponta Porã.
O taxista disse que foi contratado por homem que se identificou como Jorge. Recebeu R$ 330,00 para transportar as mulheres da rodoviária de Iguatemi até Naviraí. Na conversa de WhatsApp, o profissional ainda pergunta para o contratante: “Elas estão carregando algo ilícito?”. O outro responde “não, não”.
A prisão em flagrante das duas mulheres foi convertida em prisão preventiva. Porém, durante o andamento do processo na Vara Única de Eldorado, entre julho e setembro, em data não especificada, Isabel foi beneficiada com prisão domiciliar. Residente no Complexo do Alemão, ela é mãe de rapaz de 19 anos, com deficiência, e ainda outro filho, de 9 anos. O marido, vendedor ambulante, precisaria se ausentar da casa para garantir a renda familiar, de R$ 1 mil, além do Loas recebido por conta da condição do filho.
A outra mulher, também residente no Rio de Janeiro, permaneceu presa em MS.
Em 9 de setembro, o oficial de Justiça da 21ª Vara Criminal do Rio de Janeiro tentou intimar Isabel para que apresentasse defesa, por carta precatória, no processo em tramitação em MS. Mas, sem sucesso.
“Certifico, ainda, que o endereço indicado no presente mandado se localiza no Complexo do Alemão, área de alto risco, sendo que os marginais passaram a ocupar as partes mais baixas da via, dominada por facção criminosa, onde os conflitos armados com a polícia são frequentes (...)”.
O oficial informou que prestação de auxílio para cumprir a notificação não foi negada pela Polícia Militar. "(...)mas foi informado que seria necessária uma operação especial e que mesmo assim não seria possível garantir a minha integridade física e nem a de moradores, com a incursão de viatura policial no local”. Optou-se em enviar correspondência para o endereço indicado, com e-mail e telefone funcional, para que ela entrasse em contato, mas isso não ocorreu.
No dia 3 de dezembro de 2024, a juíza Raissa Silva Araújo, da Vara Única de Eldorado, decretou a prisão preventiva de Isabel, “já que a instrução do processo está prejudicada pela ausência da acusada”. O processo já havia sido desmembrado para que pudesse tramitar em relação a outra ré, sendo suspenso para Isabel, que não era localizada.
“(...) a ré vem descumprindo condições impostas quando da concessão de prisão domiciliar, qual seja o comparecimento mensal em juízo para justificar suas atividades, a manutenção de atualização do endereço. Diante desse cenário, tem-se que a manutenção da prisão domiciliar será insuficiente para garantir a aplicação da lei penal, ante o notório desrespeito da acusada em relação às imposições.” O mandado foi expedido no dia 6 de dezembro, e tinha vigência de 20 anos.
Operação – A reportagem pediu informação ao Gaeco (Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) e para a Polícia Civil sobre onde ocorreu a prisão de Isabel no Alemão e qual a ligação dela com os outros alvos da Operação Torniquete, mas ainda não obteve retorno.
A defesa de Isabel não foi localizada para falar da ausência em responder o processo em MS e da prisão no Rio de Janeiro.
De acordo com a investigação da PC e do MPRJ, a “Caixinha do CV” era alimentado pelo tráfico de drogas, roubo de cargas e extorsão.
Quem operava a “Caixinha do CV” eram mães, irmãs, mulheres e sogras dos traficantes. Os agentes identificaram 4.888 mil movimentações financeiras de valores até R$ 10 mil, para não chamar atenção, total de R$ 21,5 milhões.
As transferências eram feitas em valores fracionados. Parentes dos faccionados recebiam mesadas com valores entre R$ 200 e R$ 7 mil.
O dinheiro também era usado para manutenção dos luxos da cúpula da facção. Uma das casas pertence ao chefe do tráfico do Alemão, Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, foragido desde 2009.
A casa é equipada com piscina, com deck de madeira, espaço gourmet, mesa ampla, bancada em mármore e uma grande churrasqueira. No mesmo andar da casa, também havia cômodo destinado à área de cinema.
Outra casa é do traficante identificado apenas como Professor, conforme informações do G1RJ, que morava em um imóvel todo reformado, com academia, piscina, área aberta para pegar sol e espaço gourmet.
Os PMs também entraram na casa do traficante identificado como Panda. O imóvel conta com um grafite na parede, com a imagem de um urso panda estilizado, com um cordão de ouro e uma favela ao fundo.
A casa de Panda também tem piscina de luxo, amplo espaço para banho de sol, móveis novos e churrasqueira.
Já o criminoso identificado pela polícia como DVD tem em sua casa uma jacuzzi na parte interna, além de piscina e churrasqueira.
Outras duas casas que não tiveram seus donos identificados pelas forças de segurança também chamaram a atenção dos policiais. Em uma delas, o criminoso montou uma piscina do tipo aquário, com vidros que permitem quem está do lado de fora ver quem está no fundo da piscina.
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